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O narcotráfico vai se apoderando da América Latina

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O lucrativo negócio da cocaína está em franco crescimento em nível mundial, depois de uma contração por causa da pandemia da Covid-19. Mais além das interessantes posições de alguns dos países da região, a América Latina ainda deve discutir seriamente sua política de combate às drogas e abandonar de uma vez por todas as receitas proibicionistas e militaristas dos Estados Unidos, o principal consumidor.

 

 

O que gerou este fenômeno tão grave em nosso continente foi a desigualdade social, que é escandalosa. Por exemplo, as periferias estão superpovoadas por pessoas que não têm a menor oportunidade de conseguir emprego no mercado legal e que veem uma saída no tráfico. Negócio? Grande negócio: uma tonelada de cocaína se obtém a mil dólares estadunidenses na Bolívia e se vende a 35 mil nos portos europeus. Confira o artigo na íntegra a seguir:

 

 


 

O narcotráfico vai se apoderando da América Latina

 

 

Por Aram Aharonian | 26/9/2023 | América Latina e Caribe

 

Fontes: CLAE

 

 

O lucrativo negócio da cocaína está em franco crescimento em nível mundial, depois de uma contração por causa da pandemia da Covid-19. Mais além das interessantes posições de alguns dos países da região, a América Latina ainda deve discutir seriamente sua política de combate às drogas e abandonar de uma vez por todas as receitas proibicionistas e militaristas dos Estados Unidos, o principal consumidor.

 

 

O que gerou este fenômeno tão grave em nosso continente foi a desigualdade social, que é escandalosa. Por exemplo, as periferias estão superpovoadas por pessoas que não têm a menor oportunidade de conseguir emprego no mercado legal e que veem uma saída no tráfico. Negócio? Grande negócio: uma tonelada de cocaína se obtém a mil dólares estadunidenses na Bolívia e se vende a 35 mil nos portos europeus.

 

 

Os problemas associados à produção, o tráfico e consumo de drogas na América Latina afetam a qualidade de vida da população, estão ligados a formas de exclusão social e fragilidade institucional, geram maior insegurança e violência, e corroem a governabilidade em alguns países, assinala um recente informe da Comissão Econômica para América Latina e Caribe [Cepal] das Nações Unidas.

 

 

Em relação à produção, a América Latina concentra a totalidade da produção global de folha de coca, pasta base de cocaína e cloridrato de cocaína do mundo. Possui, ademais, uma produção de maconha que se estende para diferentes países e zonas, destinada tanto ao consumo interno como à exportação. E crescentemente, produz Amapola e elabora ópio e heroína.

 

 

Em relação ao tráfico, a zona do Caribe continua sendo a rota mais frequente para o tráfico de drogas para os Estados Unidos; porém a rota do Pacífico, passando pela América Central, ganhou importância relativa. Recentemente, adquiriu importância o transporte fluvial desde os países produtores de coca-cocaína através do Brasil.

 

 

O problema do consumo afeta principalmente a população juvenil e aos homens mais que às mulheres. A maconha, seguida da pasta base de cocaína, do crack e do cloridrato de cocaína são as drogas ilícitas de maior consumo na região, gerando maiores problemas em jovens de alta vulnerabilidade social, acrescenta a Cepal.

 

 

O proibicionismo surgiu desde há mais de 100 anos como forma de controlar substâncias perigosas, que muitas vezes costuma ser através da militarização, da Polícia, da repressão e dos cárceres. Visto em macro, o perigo das substâncias termina sendo a resposta militarizada a elas e nem tanto elas mesmas.

 

 

Esta guerra sob a visão estadunidense do problema não é a saída para a região, que insiste por pelo menos quatro décadas nesta guerra e não chegou a nada; porém se gasta [não se investe] muito dinheiro. Os beneficiários dessas políticas são as indústrias armamentistas e os «batalhões» de operários do narcotráfico que veem nele sua forma de assegurar sua sobrevivência.

 

 

Hoje, os criminosos estão muito mais articulados, transitam pela alta sociedade e, ao mesmo tempo, atraem as pessoas pobres para que façam o trabalho sujo por sua falta de perspectiva econômica.

 

 

Na América do Sul há duas grandes rotas para o narcotráfico. Uma, a do sul –Paraguai, centro-sul de Brasil, Argentina e Uruguai-, importante porque conta com centros urbanos maiores e uma estrutura aeroportuária e portuária maior também, um desenvolvimento logístico que facilita transportar a droga, que inclui uma rede de rodovias bem estruturada, o que facilita a exportação de cocaína para a Europa, que é o grande negócio atualmente.

 

 

A segunda é a rota amazônica, que sai de Peru e Colômbia, vai para o Pacífico, seguindo caminhos como o que ia do Equador a Costa Rica e dali ao Caribe. É uma via orientada bem mais para os Estados Unidos.

 

 

O Uruguai, que tem algumas boas leis para combater o tráfico e a lavagem de ativos, faz água na hora de aplicar controles. Aos tradicionais serviços nacionais de lavagem de capitais e trânsito de drogas, se somou um crescimento interno e o refúgio que fugitivos de outras latitudes têm sabido encontrar no país, muitas vezes amparados por governantes corruptos.

 

 

O Uruguai passou a ocupar uma posição cada vez mais relevante na distribuição internacional do mercado de drogas. Não é um país produtor nem abriga uma grande demanda ainda que seja dos melhores em consumo por habitante: está incrustado num lugar estratégico para colocar grandes carregamentos na Europa. E existem grandes falências nos sistemas de controle e detecção de carregamentos ilícitos.

 

 

No consumo em grande escala de informação sobre o mundo das drogas, muitas coisas se dão por garantidas: os grupos criminais combatem, corrompem ou enganam desde a ilegalidade a Estados que sempre têm a vontade de enfrentá-los. No entanto, fora das grandes hegemonias discursivas, até o nome com o que se conhece o fenômeno está em discussão.

 

 

O termo narcotráfico deriva somente de dois componentes da atividade: os narcóticos [que são uma família de drogas, entre outras e o tráfico ou trânsito [um elo de uma cadeia produtiva que inclui também produção, armazenamento, comercialização et cetera]. Ainda que em termos de linguagem ali não há mais que um exemplo de metonímia no qual se toma a parte [neste caso, duas partes] pelo todo, essa composição é sem…

 

 

Allan de Abreu, jornalista brasileiro da revista Piauí, que vem há duas décadas investigando o crime organizado, assinala que a rota caipira começou a ser transitada nos anos setenta com contrabando de café. Nessa época o Brasil cobrava impostos muito altos à exportação de café e os do Paraguai eram insignificantes e por isso os cafeicultores o contrabandeavam para o Paraguai para exportá-lo desde lá.

 

 

E nos anos noventa, quando este negócio deixa de ser interessante porque muda a tributação, a direção do caminho se inverte e pela mesma rota se leva ao Brasil, desde o Paraguai, a cocaína, tráfico com eixo nas cidades de Ponta Porã, do lado brasileiro, e Pedro Juan Caballero, do paraguaio, praticamente uma só cidade. Por ali passa para o Brasil boa parte da cocaína que o Paraguai recebe de Bolívia e Peru.

 

 

Dominar essa região é dominar a rota. E o cartel brasileiro Primeiro Comando da Capital intentou controlá-la, o que levou a um conflito com Pedro Jorge Rafaat, que era o capo dessa fronteira, história que culminou com o assassinato de Rafaat em 2016. Também está muito estabelecida e tem tido muitos usos a rota do rio Paraguai, que baixa pelo Paraná e chega ao Rio da Prata, envolvendo ao Uruguai. Sebastián Marset está operando por essa via, que culmina no porto de Montevidéu, desde onde a cocaína sai para a Europa.

 

 

O Comando Vermelho –a organização criminosa mais antiga do Brasil- desalojou as máfias locais da tríplice fronteira amazônica e tomou o controle da produção de cocaína no lado peruano. A tríplice fronteira amazônica se converteu num território em disputa por vários grupos armados procedentes do Brasil, que se impuseram com violência sobre as máfias locais peruanas e colombianas.

 

 

Uma investigação de Ojo Público revela como esse bando opera a rota fluvial do Amazonas, em aliança com grupos criminais da Colômbia, e o recrutamento de ribeirinhos e indígenas peruanos para a produção de droga. Isto se produziu em meio a uma guerra com Los Crías, uma facção local de Tabatinga, que se aliou com o poderoso Primeiro Comando da Capital brasileiro para disputar o controle territorial.

 

 

Porém é o Comando Vermelho o que conseguiu dominar –assim como o fez mais ao sul, na fronteira de Ucayali [Peru] com Acre [Brasil]- grande parte das rotas neste território amazônico onde não só predomina o tráfico de drogas como também o abate e a pesca ilegal.

 

 

Enquanto isso, o sulino porto de Montevidéu, a capital uruguaia sobre o Rio da Prata, oferece ao narcotráfico a vantagem de ser um ponto de saída «contraintuitivo», por sua maior distância dos portos de chegada e pela falta de fiscalização, como ocorre no Paraguai, que não tem nenhum controle sobre o que passa pelo rio.

 

 

Mudanças no negócio

 

 

Neste narconegócio têm tido mudanças e a mais notória é que o chefe da quadrilha tem que se distanciar da droga e que é necessário o compartimento. Os primeiros narcotraficantes intervinham pessoalmente no transporte e assim sempre corriam o risco de serem presos.

 

 

Com o compartimento, os níveis inferiores do bando desconhecem para quem trabalham e isso protege a cabeça do esquema.

 

 

Segundo os expertos, a terceira mudança [ou lição aprendida ao longo dos anos] é alertar acerca do risco da verticalização. Como exemplo, no Cartel de Medellín tudo dependia de Pablo Escobar e quando este cai tudo se desarma.

 

 

O PCC brasileiro aprendeu estas lições da história e hoje goza de uma estrutura horizontalizada, organizada em sintonias: a sintonia das gravatas [os advogados], a do transporte, a financeira, a sintonia comunicacional [criptografia ds mensagens, o que deixa no passado as escutas]. No CCC a cabeça é uma sintonia, não o «capo» Marcos Willians Herbas Camacho [mais conhecido por Marcola], apesar de que ninguém duvide que é o grande chefe. Porém, se ele morre ou cai preso, a estrutura continua.

 

 

No Brasil, o PCC domina e regulamenta o crime em São Paulo e se abstém de atrair a atenção da mídia e da polícia, enquanto que no Rio se o disputavam as milícias, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro. O certo é que o PCC nasceu como uma espécie de sindicato dos presos, após o massacre do cárcere paulista de Carandiru, com um saldo de 111 presos mortos. Então, os presos perceberam que tinham que se unir contra um Estado corrupto e uma Polícia assassina.

 

 

O PCC nasce nas prisões e desde ali se estende: é fruto do encarceramento massivo; o resultado disso, das prisões abarrotadas de pequenos traficantes, das condições de saúde absolutamente inumanas. Tem sentido deter a um microtraficante e prendê-lo para que saia com uma pós-graduação no crime?

 

 

Com o novo século, o CCC se dirige ao oeste para se estabelecer nas fronteiras de Paraguai e Bolívia, buscando fornecedores de cocaína para alimentar seus pontos de venda em São Paulo. Após a morte de Rafaat, penetram no Paraguai e na Bolívia e hoje dominam toda a cadeia, desde a produção na selva boliviana até a exportação.

 

 

Para se converter numa máfia, só lhes falta conseguir uma infiltração consistente no Estado. Porém, diferentemente de Pablo Escobar, o CCC não tem ambições políticas…, pelo menos por enquanto, ainda que, sim, [tenha] rituais tipo máfia italiana.

 

 

O que chama a atenção é que os brasileiros presos nos cárceres uruguaios que integram o PCC expandem ali sua ideologia, que é um conjunto estrito de regras. Para entrar no PCC há que ser batizado e para isso há que ter um padrinho, isto é, que um membro do PCC tem que propor o candidato e se tornar responsável por seus atos. Permite que seus integrantes tenham negócios ilícitos próprios, porém nunca podem deixar de cumprir as missões que se lhes encomenda, nem desviar dinheiro ou armamentos da organização. Têm tribunais do crime.

 

 

Porém também há um modelo diferente, empresarial, o de Cabeça Branca, grande atacadista de cocaína que estava acima dessas organizações. Construiu um esquema logístico importante em países de trânsito, como Brasil e Uruguai. O atacadista compra a cocaína e a transfere para seu ponto de saída: seu poder será maior de acordo com quantas rotas tenha para fazê-lo.

 

 

Cabeça Branca, que se manteve 30 anos impune [a Polícia Federal nem sequer tinha uma foto dele], tinha uma frota de aviões, outra de caminhões, funcionários em quase todos os portos brasileiros, estâncias no Mato Grosso que serviam de depósito para a cocaína que chegava em avião e dali continuava de caminhão para os grandes centros.

 

 

A operação que o levou a prisão se orientou para uma política que não se enfocava nas apreensões de droga, mas sim investigar a lavagem de dinheiro e em seguida sequestrar os bens do criminoso.

 

 

O Equador se converteu num dos maiores exportadores de drogas. O assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio é uma das consequências previsíveis do novo estado de coisas.

 

 

O país possui quatro regiões geográficas: costa, serra, Amazônia e Ilhas Galápagos. A costa se encontra sob o domínio dos bandos criminais associados ao narcotráfico. Esses bandos se deslocaram para a serra e a Amazônia, porém não alcançaram ainda o controle que exercem  na faixa costeira. Transportam desde as fronteiras a droga que levam em seguida a alto mar ou tiram do país em avionetas. Seus sócios mexicanos e europeus recebem a droga no mar, em pistas de Central e Norte das Américas ou nos portos da Europa. Quer dizer, Equador é uma engrenagem na maquinaria de produção, transporte e venda de droga que se faz em escala mundial.

 

 

Antes de se converter num dos elos do tráfico, o Equador já era um território no qual se lavava o dinheiro do narcotráfico. O pais usa dólares estadunidenses como moeda de circulação nacional, o que tornava muito mais fácil a introdução de dólares no sistema financeiro e em todo tipo de inversões. O Equador lavava dólares antes de se converter em principal canal de saída de cocaína.

 

 

Durante estes últimos anos a modernização do país foi vertiginosa. Inclusive se chegou a dar o caso de que construtores privados financiam eles mesmos as obras que se fazem para os governos, como municípios e prefeituras. Tinha dinheiro, que circulava discretamente, para financiar todo tipo de empresas, em condições incompreensíveis se não fora porque não se buscava obter um benefício com o dinheiro, senão que simplesmente fazê-lo circular. No entanto, quando uma pessoa recebia dinheiro uma vez, já não podia se negar a receber uma segunda vez.

 

 

Equador é geograficamente pequeno, comparado com seus vizinhos: tem um quarto do território do Peru ou da Colômbia. Durante os últimos vinte anos os governos centrais e regionais construíram e melhoraram as autopistas, rodovias, aeroportos e portos, fazendo com que o país seja muito mais transitável que antes. De toda essa infraestrutura os bandos criminais têm se aproveitado.

 

 

Os casos de narcotráfico não eram alheios à história criminal da República. Durante os anos 90 do século passado e em princípios deste milênio se deteve e se processou a narcotraficantes locais que, no entanto, eram ainda pequenos exemplos do que significava o narcotráfico. Ainda assim, o assassinato do deputado Jaime Hurtado, em fins dos anos noventa, se vinculou com suas investigações em torno da lavagem de dinheiro no sistema financeiro daqueles anos.

 

 

O atual sistema de coisas, o poder inaudito que os bandos criminosos chegaram a ter se estabeleceu durante os últimos vinte anos. Se tornaram cada vez mais comuns as denúncias de cumplicidade entre políticos e narcotraficantes no Equador. Se instalaram pistas e docas clandestinas, em colaboração com os políticos da região litoral. Um incidente nos pode dar uma ideia da penetração do narco no aparelho estatal: no ano de 2013 se enviou uma valise diplomática cheia de droga para a Itália. O escândalo terminou por afetar a chancelaria e por mostrar que classe de relações se tinha estabelecido entre os narcos e os políticos.

 

 

A coexistência pacífica entre o narco e a política se acabou com a chegada de Lenin Moreno ao poder em 2017, quando rompeu totalmente com seu passado revolucionário e se dedicou a perseguir a corrupção de seus antigos correligionários: Jorge Glas, seu vice-presidente, foi investigado, julgado e condenado por corrupção. Entre outras causas, Glas foi acusado de receber propinas da empresa brasileira Odebrecht. Agora mesmo, a justiça brasileira acaba de retirar as causas contra Glas.

 

 

Moreno e seu continuador, Guillermo Lasso, romperam as alianças com a Rússia e esfriaram sua relação com a China. Moreno entregou Julian Assange e em muito pouco tempo os Estados Unidos reiniciaram as relações com um antigo aliado na região. De tal sorte que o terreno estava preparado para iniciar a guerra contra o narco, onde os Estados Unidos são o principal aliado do país. A guerra contra o narco se iniciou com Moreno e continuou com Lasso. Esta guerra significa o ingresso de milhões de dólares de dólares e enormes quantidades de armas destinadas à polícia e ao exército.

 

 

Como todos sabem, a guerra contra o narco com «tecnologia» e «inteligência» estadunidense não funcionou em Colômbia e México. Por que ia funcionar no Equador?

 

 

Há poucos meses o embaixador dos Estados Unidos em Quito acusou a vários generais da polícia de colaborarem com o narcotráfico. A embaixada estadunidense retirou o visto aos generais, porém o governo de Guillermo Lasso não os reformou, nem os investigou nem os julgou. Não fez nada: por que ninguém pode afrontar a polícia? É uma pergunta que se desdobra em outra: por que ninguém pode afrontar aos narcos?

 

 

A acusação de que o Equador é governado por um narcoestado demonstra total validade frente ao assassinato de Fernando Villavicencio. Resulta que aqueles que devem controlar o crime, na realidade, colaboram com ele. Os bandos criminais não só já controlam totalmente cidades como Daule, onde tentaram assassinar ao prefeito, e outras como Manta, onde efetivamente o mataram em julho último. Duas cidades da costa.

 

 

Não existe ainda uma razão evidente de qual foi a causa do assassinato de Fernando Villavicencio. O jornalista e político se empenhou em denunciar os casos de corrupção durante os anos da Revolução. E durante as últimas semanas se enfrentou com os bandos criminosos: inclusive chegou a fazer um comício político numa das cidades que são berço desses bandos. Familiares e militantes de Villavicencio assinalam que a polícia foi negligente em relação a proteção que lhe deveria proporcionar.

 

 

No momento em que foi assassinado era incerto que poderia chegar ao segundo turno. Seu assassinato semeou o terror na capital e aprofundou o sentimento de que não existe uma forma de parar a violência do narco contra o Estado e a sociedade.

 

 

Pablo Cuvi, editorialista do portal Primicias, fala já abertamente de legalizar algumas drogas. O problema de fundo é que as máfias não querem passar à legalidade, porque teriam que pagar pelos crimes conexos ao narcotráfico e porque lhes torna mais rentável que o negócio continue sendo clandestino. Como dizia Clausewitz, a guerra é uma continuação da política: é preferível, para muitos atores, manter a guerra, assim ganham um poder que não poderiam conquistar com a política.

 

 

Quais são, então, os responsáveis e culpados do assassinato de Fernando Villavicencio? Cabe levar em conta que os bandos criminosos têm nexos com o correísmo e inclusive com o atual governo: é recente o descobrimento das relações de narcotraficantes albaneses e altos funcionários do governo encarregados das compras públicas. O assassinato de Rubén Chérrez, amigo e assessor do cunhado de Lasso, aponta nessa direção.

 

 

Verónica Sarauz, viúva de Fernando Villavicencio, acusou ao correísmo e ao Governo como responsáveis, ainda que careça de provas para fazer semelhante acusação. Lasso saiu praticamente ileso da investigação que fizeram contra ele por ser um dos protagonistas do feriado bancário, isto é, pela quebra do sistema financeiro que significou a perda das poupanças de centenas de milhares de clientes dos bancos.

 

 

A polícia não protegeu como devia a Villavicencio e  morreu em mãos da mesma um dos pistoleiros que devia levar ao hospital: em lugar disso, o levou para uma dependência policial. Quer dizer, políticos e assassinos atuaram a olhos vistos das forças da ordem, que lhes deixaram atuar. É como o que sucede no filme Z, de Costa Gavras.

 

 

Finalmente, cabe se perguntar se Fernando Villavicencio era agente da CIA, como dizia o ex-presidente Rafael Correa, e como revelou Telesur. Se tal coisa chegar a se demonstrar algum dia, atrás de seu assassinato não só estariam os políticos locais como também os governos da região e inclusive essa potência que trava uma guerra na Europa.

 

 

 

(*) Por Aram Aharonian | 26/9/2023 | América Latina e Caribe, jornalista e comunicólogo uruguaio. Master em Integração. Criador e fundador de Telesur. Preside a Fundacção para a Integração Latino-Americana (FILA) e dirige o Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE). Publicado em meer.com. Tradução > Joaquim Lisboa Neto. Biblioteca Campesina, Santa Maria/BA, 2outubro23.
Fontes: CLAE

 

 

Fonte: https://estrategia.la/2023/09/19/el-narcotrafico-se-va-aduenando-de-latinoamerica/

 

 

Rebelión publicou este artigo com a permissão do autor mediante uma licença de Creative Commons, respeitando sua liberdade para publicá-lo em outras fontes.

 

Enlace > https://rebelion.org/el-narcotrafico-se-va-aduenando-de-latinoamerica/

 

 

(*) Joaquim Lisboa Neto, coordenador na Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória, Bahia; ativista político de esquerda, militante em prol da soberania nacional. 




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