Uma novidade na disputa eleitoral em Salvador é a possibilidade de que a capital baiana tenha a primeira prefeita negra de sua história. Trata-se da Major Denice, candidata do PT. Ela é graduada em Psicologia pela Faculdade da Cidade do Salvador e em Segurança Pública na Academia de Polícia pela Uneb (Universidade do Estado da Bahia). É pós-graduada em Gestão de Direitos Humanos e em Segurança Pública também pela Uneb. Possui o título de mestra em Desenvolvimento e Gestão Social pela Faculdade de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e é doutoranda no Núcleo de Estudos Interdisciplinares Sobre a Mulher (NEIM), também na UFBA.
Denice Santiago é também idealizadora e cofundadora da Ronda Maria da Penha, patrulha da Polícia Militar do Estado da Bahia (PM-BA) responsável pelo combate à violência doméstica contra mulheres. Major desde 2016, ela integra a primeira turma de sargentas mulheres da Polícia Militar da Bahia, ingressada em 1990, quando tinha 19 anos de idade. Também foi admitida na primeira turma para Oficialato para Mulheres na corporação, dois anos depois, aos 20 de vida.
Coordenadora e cofundadora do Núcleo de Gênero Maria Felipe, da PM-BA, trabalhou no Departamento Estadual de Trânsito do Estado da Bahia (Detran), implementando e coordenando o projeto de Educação para o Trânsito ‘AME Trânsito’, quando trabalhou cuidando de crianças e adolescentes que atuavam em sinaleiras de Salvador.
Em entrevista ao Jornal Brasil Popular, ela falou sobre as eleições e suas principais propostas para Salvador.
Major Denice, candidata à prefeitura de Salvador pelo PT (Foto: Reprodução/YouTube Correio24horas)
JBP – Qual sua análise sobre o atual governo municipal?
Denice – Prefiro deixar essa avaliação para a população, ou que ele, o próprio prefeito, faça isso, já que ele não será mais candidato. Porém, penso que a administração precisa de maior investimento no social, de mais cuidado com as pessoas. Precisa ouvir mais, dialogar sempre, trabalhar para toda a cidade e não apenas para uma pequena fatia dos soteropolitanos. A nossa cidade é muito rica, em vários aspectos, mas precisa ser ajudada, cuidada e despertada. As pessoas da cidade precisam ser cuidadas. Uma cidade não é só sua estrutura, mas principalmente seus moradores. São as pessoas que transformam a cidade em um lar.
JBP – E sobre o quadro das eleições, o que você tem a dizer?
Denice – O quadro das eleições 2020 está bastante indefinido em várias capitais e cidades importantes, inclusive em Salvador. Trata-se de uma eleição na qual as pessoas esperam ter a oportunidade de voltar a sonhar. Precisamos dar esperança às pessoas. Precisamos propor a reconstrução das nossas cidades, para podermos, a partir daí, reconstruir o Brasil, que está devastado pela perda de tantas pessoas para a Covid-19, para a irresponsabilidade do governo federal. O quadro das eleições é esse, de uma eleição incomum porque nunca antes fomos às urnas escolher nossos representantes em meio a tantos elementos negativos.
JBP – Quais são suas principais propostas para administrar Salvador?
Denice – Acredito que estamos vivendo uma transição e a crise sanitária provocada pela pandemia do Novo Coronavírus nos apresentou uma cidade que vai precisar ser reconstruída, não apenas em hábitos novos, mas nos desafios que ela, a crise, nos apresentou, cabendo ao poder público responder a essas demandas, fazendo escolhas. O setor do diálogo, da construção coletiva, da cidade para todas as pessoas, uma cidade que cuida e que se preocupa e entende que cada um pode e deve fazer um pouco mais é nosso ponto de partida para começarmos a construir uma Salvador cada vez melhor e cada vez mais inclusiva. Não tenho dúvida que a saúde e a geração de emprego e renda são os nossos alvos principais e por isso vamos focar na construção de políticas públicas articuladas em todas as áreas. Principalmente depois dessa pandemia, que vai nos exigir muito cuidado, acompanhamento, monitoramento e busca de diálogo com o Governo do Estado e com o Governo Federal e com a nossa bancada de deputados e deputadas para viabilizar Emendas de Bancada para assegurar uma virada positiva na nossa cobertura e ampliação de atendimento.
Precisamos gerar e transferir renda para população e buscar novos postos de trabalho, acelerar o desenvolvimento e, assim, fazer o nosso povo sorrir mais. Vou convidar todos para conversar, vou convidar os segmentos que empregam na cidade: os lojistas, o setor da construção civil, os comerciantes, o setor imobiliário, a rede particular de ensino, a rede de saúde privada, transportes coletivos, mercado de informática, entre outros.
Quero dialogar na construção de um amplo processo de retomada do nosso desenvolvimento, procurando respeitar todos que também estão vivendo momentos de crise e que tem mantido os empregos e possibilitando a sobrevivência da parte formal da cidade. Sentaremos com a sociedade, com os movimentos sociais, centrais sindicais, associação e faremos um grande pacto social para fazer a nossa cidade crescer e se desenvolver.