Com a substituição do Almirante Bento Albuquerque pelo tecnocrata Adolfo Sachsida no Ministério das Minas e Energia, a máquina do governo passou a agir com grande velocidade e agilidade para promover a privatização da Petrobrás e assim livrar Bolsonaro da culpa pelos preços da gasolina e do diesel e da escalada inflacionária decorrente dos sucessivos aumentos desses preços.
Ainda mais desvairado do que em suas reclamações anteriores, como se não fosse de sua própria escolha a direção da Petrobrás e de sua responsabilidade a dolarização desses preços, Bolsonaro passou a discutir com os conselheiros mais próximos medidas como a decretação do estado de calamidade pública em todo o país. Assim o governo poderia autorizar, bancados pelo dinheiro dos impostos, subsídios à Petrobrás para manter preços estáveis até a eleição presidencial de outubro.
É claro que continuava impensável a solução mais sensata e mais simples – a desdolarização dos preços e sua fixação a partir dos custos de produção dos derivados, mais um lucro razoável. Impensável porque a dolarização, adotada pelo governo Temer, depois do impeachment da Presidente Dilma, foi o mecanismo adequado para remunerar regiamente, vampirescamente, os acionistas privados que a Petrobrás passou a ter depois do lançamento de seus papéis na Bolsa de Nova York, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
O pretexto era “atrair” esses acionistas privados, nativos e estrangeiros, individuais ou agrupados em fundos milionários de investimento, mas na verdade o Brasil oferecia a eles aplicações financeiras com remuneração superior à das ações mais rentáveis no mercado de capitais americano.
Em favor desses acionistas, Bolsonaro se dispõe até a pagar o preço eleitoral de ficar cada vez mais inferiorizado nas pesquisas e ser candidato a uma derrota quase certa e já no primeiro turno da eleição presidencial. Em desespero ele se torna cada vez mais ridículo, com ameaças em que ninguém mais acredita e com declarações que correm o risco de tornar cada vez pior sua situação eleitoral.
Lula tem mais preferências e menos rejeição no eleitorado feminino – disse ele – porque é bonito. Com isso, Bolsonaro se autoqualificou de feio – fisionomicamente, pelo menos. Mas será que no contingente majoritário de mulheres que compõe o eleitorado brasileiro existirá um só caso de escolha por esse motivo?
É claro que pesa na avaliação de todos os eleitores, mulheres e homens, o cotejo entre a expressão fisionômica de Bolsonaro e a de Lula.
Bolsonaro é a expressão carrancuda, do contra, do discurso do ódio e de um mau humor que raramente abre exceção para o riso ou sorriso e, quando o faz, é para o riso ou sorriso canalha diante de uma frase ou piada de gosto execrável e quase sempre racista, misógina ou homofóbica.
Lula, ao contrário, conseguiu sair com um aceno de esperança do horror que foi sua prisão por 580 dias, ilegal e injusta e em regime fechado, depois de anos de perseguição midiática e judicial implacável. O que a eleitora e o eleitor veem em Lula é muito mais a expectativa de um futuro que a lembrança do pior desse passado. Desse passado o que mais se lembra é que, como recentemente reconheceu Bolsonaro, “no tempo de Lula o brasileiro vivia melhor”.
Bolsonaro culpa a Covid pela diferença entre os dias de sofrimento e privação de seu governo e o passado sob Lula, em que o brasileiro vivia melhor. Esquece-se, porém, de que outros governantes recebem aplausos e votos pela maneira como se comportaram diante do desafio da pandemia – não necessariamente pelos resultados alcançados, mas pela solidariedade que a cada momento souberam demonstrar a seus concidadãos e pelo cuidado com a situação de cada um deles.
É o caso, por exemplo, de Jacinda Arden, a jovem Primeira-Ministra da Nova Zelândia, e é o caso também de Antonio da Costa, o Primeiro-Ministro socialista de Portugal, que presidia um governo de coalizão e nas últimas eleições conquistou maioria absoluta para seu partido.
Bolsonaro, ao contrário, só soube dizer que um dia todo mundo tem de morrer. Quando as enchentes começaram a acrescentar mais morte e sofrimento ao que a Covid já produzia, Bolsonaro foi passear de jet ski no Guarujá. E ainda agora, falando sobre o sergipano Genivaldo, morto na câmara de gás num camburão da Polícia Rodoviária, Bolsonaro disse apenas, friamente: não é a primeira vez que alguém morre por gás lacrimonêneo.
Um Presidente nessas condições nem deveria cogitar de reeleição, até porque o clima lavajatista de 2018 não existe mais.
Mas ele insiste a agora fica entre a decretação do estado de emergência e a tentativa criminosa de privatizar a Petrobrás, para renovar esperanças de vitória nas quais nem ele mesmo pode acreditar. Enquanto isso, mobiliza sua turma para tumultuar a eleição, como fez Trump nos Estados Unidos.
(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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