Mistério político mineiro está em cena no centro do xadrez político nacional no segundo turno; depois de cristianizar o presidente Bolsonaro, no primeiro turno, o que favoreceu vitória lulista no estado, politicamente, chave da Federação, o governador Zema-Novo volta a abraçar o presidente, mas sem combinar com os mineiros, que fizeram sua opção divergente, no primeiro turno. Lula ganhou em Minas, como, também, Zema faturou, na primeira volta, de forma espetacular: 56,18% contra 35,08% de Kalil-PSC. Na segunda, porém, o buraco é mais embaixo.
Sabido, para chegar aos 56%, o governador mineiro adotou distanciamento crítico de Bolsonaro, condenado pela sua política econômica estaguinflacionista. Viu, claramente, que o presidente Bolsonaro não estava bem, de acordo com as pesquisas; se embarcasse no capitão presidente, de cara, melindraria os mineiros, que, pragmaticamente, jogariam com vara de dois bicos; deram vitória a Lula para presidente, no primeiro turno, e não a Bolsonaro; em contrapartida, optaram por ele, Zema, para continuar no Palácio da Liberdade, e não por Kalil.
Os mineiros saíram fora do que os petistas desejariam, com exclusividade, ou seja, fazer barba, cabelo e bigode, nas Gerais; preferiram misturar Lula-Zema e não Lula-Kalil, que configuraria derrota estrondosa do governador; para fugir dela, Zema deixou Bolsonaro de lado, jogando-o na geladeira, enquanto limpou a área para Lula trabalhar, solto, sem levar, no entanto, na garupa, o prefeito de BH; praticaram a velha malandragem: apostar nos contrastes, manter os pés em duas canoas, até quando der para ver como é que fica.
Zema entendeu o jogo e esfriou o relativo entusiasmo mineiro por Bolsonaro, pois sentiu o barco bolsonarista afundar, diante das pesquisas que davam Lula no primeiro turno, enquanto ele, gestor das Minas Gerais, ia navegando bem nos números dos institutos DataFolha e IPEC; deu certo a estratégia do governador de assistir vitória de Lula, seu adversário, enquanto garantiu, para si, uma vitória maiúscula; assim, o PT ganhou, relativamente – pois, ainda, haverá segundo turno – com Lula, para o Palácio do Planalto, mas perdeu com Kalil, para o Palácio da Liberdade. Neste Zema reinará por mais quatro anos, depois dos quais, quem sabe, deverá se cacifar para Presidência da República, em 2026; assim, na terra de Tiradentes, no primeiro turno, Bolsonaro foi sacrificado(cristianizado) e Lula, consagrado.
No segundo o turno é outra história; depois da vitória espetacular, no primeiro, quando despachou Kalil para as calendas, Zema bate a poeira dos pés e tenta fazer outra jogada, porque as circunstâncias mudaram; as pesquisas se equivocaram(?) em dar Lula como barbada no primeiro turno, tanto em Minas como em São Paulo, dois principais colégios eleitorais, enquanto subestimaram Bolsonaro; graças a esse equívoco – cujas razões escondem mistérios que mais cedo ou mais tarde serão desvendados pelos estudiosos –, Lula chegaria aos 51%, enquanto Bolsonaro tomaria poeira com 36%, 15% de diferença, por aí; essa consagração lulista, com excesso de euforia, não aconteceria.
Frente a esse novo contexto, Zema mudou, seguindo ensinamento de Hegel de que “tudo muda, só não muda a lei do movimento segundo a qual tudo muda”; galopando em vitória surpreendente, muda o rumo do jogo, em termos táticos: volta a se aproximar de Bolsonaro, colocando-se como aliado dele de primeira hora, esquecendo a facada abstrata nas costas, expressa no distanciamento que manteve dele no primeiro turno, porque a diferença de Lula para o titular do Planalto caiu de 15% para 6%.
Afinal, mudou porque, com a sua vitória garantida para segundo mandato em Minas, não terá nada a perder, como tinha no primeiro turno, quando tudo, ainda, era incógnita; se desse passo falso, poderia se lascar; como se trata de nova realidade a ser enfrentada, porém, sem nenhum risco de se machucar, politicamente, Zema, agora, vai com tudo, sem medo de ser feliz; se Bolsonaro ganhar, para Zema, será a glória, como, também, para o presidente; se, ao contrário, Lula faturar, Zema, necessariamente, estará ao lado de Lula, visto que presidente da República não briga com governador de Minas, nem governador de Minas briga com presidente da República. Mas uma coisa deve estar incomodando o governador: sua opção, agora, por Bolsonaro, está sendo feita sem consultar os mineiros que deram vitória a Lula nas Gerais.
Lula já disse que, se eleito, na primeira semana de governo, convocará os governadores para novo pacto, em favor da retomada dos investimentos; cada governador será convocado a apresentar seus projetos prioritários, para se irmanar com o presidente nessa retomada, quiçá, desenvolvimentista; mas o que, certamente, acontecerá, num primeiro momento, será levantamento de dívidas a pagar; os estados estão financeiramente em petição de miséria, graças, principalmente, a Lei Kandir, da Era FHC neoliberal; estados e municípios, segundo essa legislação imperialista, isenta de ICMS exportações de produtos primários semielaborados, sagrando as finanças estaduais; desde 1996, o governo federal promete ressarcir aos agentes federativos o prejuízo que se acumula na casa dos R$ 800 bilhões; sem esse dinheiro, os governadores dos estados exportadores de produtos primários, entre os quais Minas, com destaque, grande produtor de minérios, não tem recursos para promover industrialização regional.
Portanto, Lula, se eleito, se prepare, porque a pressão sobre ele, logo no início do seu suposto governo, será descomunal. Nesse previsível cenário sombrio, Lula, se chegar lá, brigaria com Zema, que vai querer de volta o dinheiro de Minas sequestrado pelo governo federal por meio da Lei Kandir, que só favorece os grandes exportadores, em prejuízo da industrialização nacional?
A sabedoria mineira talvez esteja aí, nessa eleição: colocaria um governo estadual de oposição em confronto com suposto governo federal de situação oposta, onde ambos, embora, politicamente, adversários, sejam obrigados a negociar em nome da governabilidade.
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