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Um modus vivendi inevitável com a Rússia e agora com a China

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O filho 03, Eduardo Bolsonaro, que andava sumido, ressurgiu dias atrás para dizer que é uma pena a Ucrânia não ter armas nucleares. Se as tivesse, acrescentou, poderia defender-se melhor e isso comprovaria a necessidade de todos terem armas a seu alcance.

 

Essa manifestação de estupidez, feita em cima de uma sombria afirmação do Ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, segundo a qual a terceira guerra mundial, se acontecer, será uma guerra nuclear,  serviu  apenas para mostrar como o Brasil oficial, do governo Bolsonaro, está longe do mundo real.

 

Lavrov, naturalmente, desenvolvia a lógica da posição de seu governo na guerra deste contra a Ucrânia e depois afirmou acreditar que as potências ocidentais preparam uma guerra contra a Rússia, mas que o governo Putin vai continuar “até o fim” sua atual operação na Ucrânia.

 

— Todo o mundo – acrescentou – sabe que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas eu gostaria de chamar a atenção [para o fato de que] está na cabeça dos políticos ocidentais a ideia de uma guerra nuclear, não na cabeça dos russos. 

 

O contraste entre a leviandade do filho 03 e a gravidade da situação implícita nas afirmações de Lavrov mostra a que medida de irresponsabilidade o governo Bolsonaro submete o Brasil numa crise internacional como esta, a mais ameaçadora pelo menos desde o fim da Guerra Fria e provavelmente desde o pior momento dela, o confronto pelos mísseis da União Soviética instalados em Cuba em 1962, há sessenta anos.

 

De quinta para sexta-feira o incêndio num prédio anexo à usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, esfriou a discussão que se iniciava sobre a possibilidade de uma terceira guerra mundial, mas esquentou as preocupações em todo mundo com as sequelas de qualquer explosão nuclear, causada por alguma bomba ou em decorrência de incêndio numa usina.

 

Eram as mesmas preocupações, a mesma angústia que o mundo vivera sessenta anos atrás, na crise de 1962, agora uma angústia à qual se acrescentavam as expectativas e as consequências dos desastres nucleares de Chernobyl e de Fukushima.

 

Hoje qualquer guerra, por mais convencionais e obsoletas que sejam suas armas, precisa levar em conta a eventual existência de instalações nucleares em seu teatro de operações. No caso de Zaporizhzhia, o governo ucraniano acusou as tropas russas de terem provocado o incêndio, ou intencionalmente ou por fazerem fogo contra a área da usina. O governo russo, por sua vez, atribuiu o incêndio a sabotadores ucranianos, com a intenção de culpar os russos.

 

Segundo o New York Times, o edifício incendiado fica a apenas 50 metros de um dos reatores da usina, o que significa que o míssil, o foguete ou o canhão que atingiram o prédio errou por pouco e poderia ter acertado e explodido esse reator. Ou o disparo seguinte poderia fazer isso. Ou ainda o fogo poderia alastrar-se e chegar ao reator.  Esses 50 metros vão ser muito disputados a partir de agora pelos dois lados, um acusando o outro, na tentativa de fixar a responsabilidade por um evento que por pouco não causou uma catástrofe muitas vezes maior que a de Chernobyl.

 

Nessa guerra de versões, que se estende a todos os episódios da guerra, não há como saber onde fica a verdade e quem tem razão, se é que alguém a tem. O que por enquanto se pode ter como razoavelmente estabelecido é que o atual confronto, da mesma forma que em todo o contexto da guerra, tem menos a ver com a Ucrânia que com os grandes parceiros da Guerra Fria original, encerrada na virada da década de 1980 para a de 1990, depois da queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética e seu império.

 

Qualquer que seja o desfecho da guerra, os Estados Unidos terão de acertar um modus vivendi tácito ou implícito com a Rússia, hoje apenas a 11ª economia do mundo mas a segunda ou primeira potência militar. E agora com a China, também potência nuclear e o segundo e logo o primeiro PIB do mundo.

 

(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.




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