Uma pirataria contemporânea movida por mesquinhez e absoluto desprezo pela vida humana é o que vem praticando, sem o menor pudor, o presidente dos EUA, Donald Trump, ídolo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Num momento em que o mundo já chora cerca de 90 mil mortes e os profissionais de Saúde de todo o planeta lutam no limite de suas forças, Trump apreende máscaras e respiradores que teriam outros países como destino final, coage laboratórios e trapaceia em processos internacionais de compra.
O papelão criminoso atinge inclusive o Brasil, que já está cruzando a barreira das mil mortes de seus cidadãos pelo vírus e que deixou de receber um carregamento de máscaras de proteção por ter sido apreendido pelos Estados Unidos.
“O mundo precisa de respiradores e outros insumos nesta guerra contra o coronavírus. Deixe o capitalismo selvagem de lado e seja solidário. Na Bahia e no Nordeste, vamos continuar trabalhando incansavelmente e buscando alternativas no mercado”, reagiu a Trump o governador Rui Costa, do PT baiano, um dos compradores dos lotes de máscaras apreendidos nos EUA.
No final da semana passada, em Bangcoc (Tailândia) um contêiner de transporte contendo milhares de máscaras destinadas à capital alemã foi redirecionado no último minuto. “As ações do presidente dos EUA não traem apenas a falta de solidariedade, são desumanas e irresponsáveis”, trovejou no Twitter o prefeito de Berlim, Michael Müller.
Trump também coagiu a empresa 3M, que tem sede em Minnesota, a deixar de exportar respiradores – equipamento médico fundamental para salvar a vida de pacientes graves – para o Canadá e países latino-americanos.
Trump não faz a menor questão de dissimular seus intentos cruéis e ameaçou publicamente: “Precisamos das máscaras. Não queremos outros conseguindo máscaras. É por isso que estamos acionando várias vezes o ato de produção de defesa. Você pode até chamar de retaliação porque é isso mesmo. É uma retaliação. Se as empresas não derem o que precisamos para o nosso povo, nós seremos muito duros”.