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Tributo ao livro

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Dia 17 de abril de 2023, 122º aniversário de Osório Alves de Castro, o poeta Gecílio Souza transforma em poesia a história do escritor santa-mariense. Confira no final desta poesia, o vídeo do 2º Concurso Literário Osório Alves de Castro da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Clássico da literatura baiana, “Porto Calendário” também está no YouTube, no canal de Josiel Rusmont. Confira os vídeos após a poesia.

 


Tributo ao livro

 

 

 

 

Fala tanto e tão calado

Um mestre da locução

Múltiplo e multiplicado

Que transcende à geração

É um coração quadrado

Cheio de signos e afeição

Sábio pensamento grafado

Com destaque e distinção

Os termos têm significado

Cada página uma lição

Limpinho ou empoeirado

É digno de predileção

Muito rico e educado

Se põe à disposição

Não se satisfaz escondido

Prefere ser aberto e lido

Quer estar em alguma mão

 

 

 

 

 

Dialoga com a razão

Do seu assíduo leitor

Substitui-lhe a opinião

Pelo sistemático rigor

É avesso à lassidão

Não precisa de favor

Se abre à dedicação

Ouvi-lo é um ato de amor

As letras em composição

Do oculto compositor

Está além do padrão

O conteúdo é seu valor

Sustenta a civilização

Do progresso é promotor

Um povo sem literatura

Presta culto à ditadura

E assassina o escritor

 

 

 

Ele explica a morte e a dor

O prazer e o sofrimento

Ouve a angústia e o pavor

Do seu entusiasta sedento

Conselheiro e consultor

De quem o consulta atento

O livro é um amigo doutor

Atende a todo momento

E o seu idealizador

Merece o melhor monumento

No livro há também calor

Prazer, afeto e alimento

As letras resolveram propor

Com o papel um casamento

E foi deste matrimônio

Que temos o maior patrimônio

Em forma de conhecimento

 

Quanta dica e ensinamento

Implícitos em cada linha

Sem prazo nem vencimento

O saber não se definha

O livro é o maior invento

Que o primeiro povo não tinha

Após lê-lo, o violento

Pôs a espada na bainha

Suas páginas são o pavimento

Onde a sofia se aninha

Cada letra é um ligamento

De sua dorsal espinha

Adentrá-lo é desprendimento

A escrita não fala sozinha

Fechado na biblioteca

O livro vira hipoteca

E a traça lhe esfarinha

 

 

 

O livro não adivinha

Se alguém vai lhe abrir

Uma sociedade burrinha

Se preocupa em consumir

Biblioteca e escrivaninha

Fazem o indolente fugir

O ignorante caminha

Distância para se divertir

Seu ambiente é a cozinha

Para comer e deglutir

O livro se opõe à telinha

Porque insta o refletir

Não tem biblioteca vizinha

Se tiver, lá não que ir

E num silêncio gritante

Jaz o livro na estante

Contra o tempo a resistir

 

 

 

 

 

 

Livro quero lhe pedir

Com desvelo e emoção

Não se deixe sucumbir

À louca virtualização

Seu espírito há de ouvir

Cordial solicitação

O que sinto irá sentir

Meu quadrado coração

Não é possível medir

O alcance e a dimensão

Do que posso extrair

Desta nossa relação

Quisera eu possuir

Pleno poder de abstração

Quanto tem me ensinado

Você, coração quadrado

Meu amigo, meu irmão!

 

(*) Por Gecílio Souza

 

 

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