Viralizou nas redes sociais e nos veículos de comunicação e em todo canto, e provavelmente será o assunto da semana, o presidente Jair Bolsonaro tentando tomar o celular de um youtuber que estava no cercadinho do Palácio da Alvorada, na quinta, 08. O youtuber chamou Bolsonaro de “covarde”, “safado” e de “tchutchuca do Centrão”. Após um empurra – empurra, o youtuber intensifica os xingamentos contra Bolsonaro, que, naquele momento, já havia entrado no carro oficial. O presidente desce do veículo e segura o homem pela gola da blusa e pelo braço, na tentativa de tirar o celular da mão dele.
Então vamos lá, a primeira coisa que eu penso, é sobre os seguranças do presidente que parece que não sabem o que estão fazendo, por que em qualquer outro lugar do mundo, qualquer ameaça ou risco ao presidente, o pessoal coloca o presidente no carro e vai embora. Para piorar, além de não ir embora, os seguranças foram para cima do youtuber, para pegar o celular dele e como se não bastasse, o presidente faz a mesma coisa, parece piada mas não é.
Incoerências da dita “liberdade de expressão bolsonarista” à parte, este é um comportamento no mínimo inimaginável para alguém que ocupa a presidência de um país, mas infelizmente no caso do Bolsonaro, não deveríamos, mas já estamos acostumados com situações inimagináveis.
E embora todos nós tenhamos sentido um certo prazer com os xingamentos feitos ao presidente, e inclusive eu acrescentaria alguns outros, a atitude do youtuber também não é aprovável. Primeiro pelo fato dele estar agredindo uma autoridade, no caso o presidente, e não podemos pensar, “Ah, mas é o Bolsonaro, ele merece”, por que ele vai passar mas o cargo de presidente ficará, assim como a nossa democracia. Segundo, essa situação toda é munição para ele, ele se torna a vítima, que está sendo agredida. Ok, nós sabemos que não é o caso, mas é a narrativa que ele vai destilar, já está fazendo na verdade, dizendo que o youtuber é ligado à esquerda, quando na verdade ele é um ex- eleitor do presidente e notoriamente conhecido por criticar à esquerda. Terceiro, porque infla uma percepção de caos e de polarização política, que pode chegar a extremos de violência política que nós não queremos (aliás que já aconteceram nos últimos tempos). Exemplo, se alguém leva um tiro, se machuca, enfim, quais seriam as implicações disso?
Eu não sei vocês, mas vejo o presidente em um momento desesperado, não avança nas pesquisas e sabe que está caminhando para uma derrota, o que ele pode fazer então? Ele tem tentado várias ações, e até então elas não têm funcionado como ele gostaria, então o que sobra, melar as eleições. E como ele poderia fazer isso? A partir de fatos que gerem uma espécie de caos, em que ele possa sustentar a narrativa de que não há possibilidade de realizar as eleições este ano, adiando. E aí não daria continuidade somente ao mandato dele, mas de todo mundo eleito. Como o centrão responderia a isso? Como os progressistas responderiam a isso? Como ficaria o Brasil nisso?
Como eu disse no começo, é só uma reflexão!
(*) Por Luciana Ribeiro, jornalista
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