“Só podia ser você”, foi a frase de Angela Merkel, na antessala do G20, dita em reação à pisada do ogro Bolsonaro, que zanzava por lá afastando todos de si, diz muito sobre o isolamento internacional do Brasil bolsonarista.
O mundo desistiu de tentar mudar Bolsonaro que, junto com a pandemia e a crise climática, passa a ser alguém que se deve descartar como nocivo à sobrevivência do planeta.
Mas ancorado pelas classes dominantes mais atrasadas e obtusas do mundo, que se interessam apenas em saquear seu país e explorar seu povo, indiferente às mortes da população pela Covid e à sua condição de crescente pobreza extrema, Bolsonaro obtém sua cota de oxigênio para ocupar a cadeira de onde finge ser presidente.
Não há futuro do país com Bolsonaro, e boa parte das elites que o sustenta sabem disso. Por isso tentam desesperadamente encontrar alguém parecido com ele para disputar as eleições, só que “menos fascista”, ou menos “maluco”, como prefere falar o banqueiro que o apoia.
Mas como reage a sociedade? Os setores mais progressistas ocupam as ruas e exigem o seu impeachment. Outros, mais conservadores, se afastam dele e buscam uma saída. Em meio ao vazio de nomes conservadores com credibilidade, Lula, que parte da esquerda, se renova e cresce como o líder nacional com capacidade comprovada para construir a maioria social e política necessária para enterrar o fascismo e resgatar o Brasil para a civilização democrática, construindo nesse processo um Estado de bem-estar social e soberania nacional.
É um caminho cheio de obstáculos e gigantescos desafios, onde as forças da extrema-direita e da direita fazem igualmente uso de fake news nas redes sociais e noticiários mentirosos e distorcidos na grande mídia. Mas apesar do intenso bombardeio ideológico dos inimigos do povo, não podemos permitir que esse veneno reacionário nos desvie um centímetro sequer do norte da libertação do Brasil da profunda desigualdade social e barbárie fascista.
Nesse difícil caminho de lutas temos de nos apoiar, em primeiro lugar, na força do povo mais consciente, mas também, na nossa capacidade para isolar o fascismo e a elites escravocratas daqueles setores burgueses e de classe média que procuram se manter ainda ligados aos valores civilizatórios internacionais.
Não é uma luta apenas dos petistas. Mas uma luta que nós, petistas, temos de saber unificar o centro-esquerda e empolgar a maioria dos segmentos da sociedade para tornar possível a derrota do poder reacionário e a conquista da democracia social no país.
(*) Por Val Carvalho – escritor e militante de esquerda