Moro, o ex-juiz parcial que, a mando do governo norte-americano, submeteu todo o sistema judiciário brasileiro para perseguir Lula e eleger Bolsonaro, esse mesmo Moro de passado autoritário, domina as manchetes da grande mídia da direita, que sonha vê-lo eleito presidente, como uma variante B de Bolsonaro.
Parece que a um ano das eleições a oposição de direita conseguiu se acertar em torno de uma opção eleitoral. Ainda é um frágil projeto eleitoral que vai precisar de muito agrotóxico para poder chegar aos dois dígitos nas pesquisas. Afinal, é da natureza que o gavião-carcará, do Nordeste, pegue marreco.
Mas a guerra suja da mídia contra Lula já foi desencadeada, como vimos agora na abjeta manipulação editorial da entrevista dele na Espanha, para tentar mostrá-lo como extremista, coisa que o próprio jornal conservador El País, que fez a entrevista, assim não procedeu e ainda o definiu como a alternativa democrática contra o extremista de direita Bolsonaro.
Claro que a cobertura massacrante da mídia deturpando o que Lula disse visou também apagar o inegável êxito de seu giro na Europa, quando foi recebido com honras de estadista.
Daqui para frente será sempre assim, cada frase de Lula será retalhada para ser jogada contra ele. Agora, que Lula teve a sua inocência reconhecida pelo STF, a ideia é novamente acusá-lo de extremista, como a Globo fez em 1989 para poder eleger o facínora Collor.
A manipulação grosseira da entrevista também visou a construção da frase falsete de Moro, na qual esse que foi um juiz comprovadamente autoritário se diz “preocupado com o flerte de Lula com o autoritarismo”.
Em oito anos como presidente Lula provou prezar a democracia a tal ponto que rejeitou a ideia do terceiro mandato, quando sua aprovação atingia 87%. Não seria preciso dizer mais nada se não fosse pelo jogo sujo da grande mídia.
A grande mídia quer fazer desse juiz ladrão e autoritário, um novo “Collor”. A questão é que, diferentemente de Collor, que parece que saiu do nada, Moro já foi julgado como juiz parcial pelo STF e a vasa jato mostrou toda a sua ação criminosa na perseguição de Lula.
Moro acabou de afirmar no Twitter sua proposta de reeditar, se for eleito, o tribunal de exceção da Lava Jato, citando como exemplo Ucrânia dominada por forças de extrema-direita, que criou algo parecido sob a supervisão da “comunidade internacional”, leia-se, governo norte-americano.
De qualquer forma o PT não pode ficar apenas revoltado com a campanha de manipulação eleitoral retomada com força pela grande mídia. Essa campanha continuará até o último dia do segundo turno.
Precisamos nos preparar para enfrentar o pior e por isso temos de montar nosso gabinete de acompanhamento eleitoral e de crises, para não permitir que tanto Bolsonaro quanto a oposição da direita nos coloquem na defensiva.
Temos que investir pesado na montagem de estruturas de informação e de desmascaramento de fake news na redes virtuais e na comunicação rápida com as bases partidárias e movimentos sociais.
Esclarecer, conscientizar, organizar e mobilizar são os verbos que cada diretório e núcleo do PT têm de conjugar de agora em diante.
(*) Por Val Carvalho – escritor e militante de esquerda
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