Numa visão simplista, uma análise fria dos resultados, a mídia emenda “de prima”: O PT perdeu as eleições. Ou, Bolsonaro é o grande derrotado. Mas, quem ganhou as eleições?
Numa análise simplista e fria dos resultados, o PT e o “bolsonarismo” são os grandes “perdedores” desta eleição. Ponto final? Depende. Se, de um lado, o enfraquecimento da legenda petista – e das esquerdas – é um fato, também é verdade que a derrocada do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores é evidente: todos perderam. Mas, é possível afirmar que não houve um vencedor nas eleições de 2020. Uma eleição bastante pulverizada, com novos partidos ascendentes, como o Republicanos e o Podemos, e a migração de votos para o centro, fica difícil saber quem venceu e quem perdeu as eleições. Mas o PT e as esquerdas perderam as eleições. Isto é um fato.
O Brasil teve uma eleição atípica, com quase 30% de abstenções, em meio a uma pandemia, onde o PT e as esquerdas, mais uma vez tiveram que enfrentar uma campanha difícil e dentro desse quadro contabilizaram derrotas e vitórias, que segundo Gleisi Hoffman, presidenta do Partido dos trabalhadores, teve um resultado razoável. A pergunta é: Quem ganhou as eleições. Os resultados apontam um crescimento do DEM, mas os números mostram que MDB e PSDB perderam espaço e mesmo na esquerda, PDT e PSB desceram em relação as últimas eleições de 2016, enquanto o PT manteve-se estável com 100 mil votos a mais que em 2016.
O Partido obteve 6.991 milhões de votos (um aumento de 100 mil votos em relação a 2016), elegeu 189 prefeitos e 2.609 vereadores no primeiro turno, Além disso, foi o que mais disputou no segundo turno com 15 candidatos, dos quais elegeu quatro prefeitos e um vice (Belém), em centros importantes como Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais, e recuperou Diadema e Mauá, em São Paulo. Se compararmos os partidos tradicionais, veremos o PT manteve a sua votação (6.8 em 2016 para 6.9 em 2020), o MDB caiu de 15 para 10 milhões e o PSDB de 17 para 10 milhões em 2020. O DEM teve um crescimento de 5 para 8 milhões.
Nas capitais, as esquerdas tiveram vitórias importantes em Belém-PA: Edmilson Rodrigues (PSol/vice PT), Recife: João Campos (PSB), Aracajú: Edvaldo (PDT), Fortaleza: José Sarto(PDT), e ainda teremos as eleições de Macapá, no Amapá, com João Capiberibe(PSB). Para o Senador Weverton Rocha (PDT/MA), líder do da legenda no Senado Federal, as esquerdas tiveram papel fundamental nestas eleições. “ O segundo turno mostrou a força do PDT – com a eleição de três capitais e duas vices -, mas agora é hora de unidade para rsolver os problemas do Brasil. O governador Flavio Dino, PCdoB também compartilha da mesma opinião. Para Dino, “Não existe Frente Ampla sem o PT e o Presidente Lula”
O PT perdeu sim espaço de poder. Isto é um fato. Está no resultado eleitoral, na diminuição do número de prefeituras – 256 para 189 – principalmente entre as mais importantes e as capitais. Esta é a primeira vez em toda a história da democracia que o partido não ocupa nenhuma capital, desde 1985. Mesmo assim, contabilizou vitórias importantes e crescimentos em vários centros como São Paulo, onde elegeu a maior bancada com 8 vereadores e teve novamente Eduardo Suplicy como o mais votado entre os 55 eleitos.