“Quando a mulher negra se move o mundo se move com ela”, disse Angela Davis. É o que vemos acontecer na Colômbia com a eleição de Gustavo Petro presidente, uma vitória histórica só possível porque contou com o forte apoio da base popular onde se destaca o movimento das mulheres negras, liderado pela vice-presidenta a advogada e ativista social negra, Francia Marquez.

Além desse forte conteúdo social da chapa Petro-Francia, a vitória do Pacto Histórico representa mais um passo na guinada da América Latina para a esquerda, um golpe profundo na política intervencionista de Washington contra a Venezuela bolivariana. O mundo progressista espera agora pela provável vitória de Lula no principal país da América Latina.

Gustavo Petro definiu a difícil eleição contra o candidato da extrema direita, representante da oligarquia mais sanguinária do nosso continente, como a “política da vida contra a política da morte”.

É o mesmo trágico dilema que o eleitorado brasileiro tem diante de si, que chamamos por aqui de “civilização contra a barbárie”. Sem a menor dúvida o governo neofascista de Bolsonaro representa a morte do povo por Covid, fome e bala.

Os três principais eixos citados por Gustavo Petro, “paz, justiça social e justiça ambiental” são os mesmos da luta democrática e popular do Brasil. Neles estão contidas as lutas contra a desigualdade social e a destruição do meio-ambiente e as lutas contra racismo, o machismo, a homofobia, as fake news, o extermínio de jovens negros e dos povos indígenas.

E a realização desses três eixos centrais só será possível com integração soberana dos países da América Latina, objetivo que poderá ser alcançado com a provável vitória da esquerda no Brasil.

É a partir desse bloco progressista latino-americano que o Brasil de Lula estreitará suas relações com os países africanos para combater a fome e defender a paz num mundo multipolar.

(*) Por Val Carvalho, escritor e militante de esquerda.