Apesar da valorização do real em relação ao dólar, os preços de algumas commodities seguem em alta no mercado interno, pressionados pelos valores negociados no exterior.
Vejamos o caso da soja: em outubro de 2021, quando o dólar estava em alta, na faixa de R$ 5,50/5,60, o grão estava cotado a US$ 12,24/bushel; semana passada, a cotação para entrega em maio de 2022 subiu para US$ 16,70/bu. Convertido para reais pelo dólar comercial, ainda assim houve um aumento de cerca de 15%.
No mercado interno, a saca de soja esteve cotada, em média, a R$ 158,68 em outubro do ano passado (Conab). Na quarta-feira (13), o valor girou em torno de R$ 173 em dourados (MT), o que representa uma elevação de 9%.
Para o consumidor, o óleo de soja seguiu o ritmo. Segundo pesquisa do Dieese para a cetas básica, o preço médio (Rio de Janeiro) saltou de R$ 8,42 em outubro para R$ 9,65 em março – uma elevação de 14,5%.
Os preços altos garantem lucros ainda mais elevados para os grandes produtores. A exportação do agronegócio somou US$ 120,6 bilhões em 2021, alta de 19,7% sobre 2020. Os impostos pagos sobre essa bolada, a julgar pelos anos anteriores, foram ridículos: em 2017, foram R$ 38 mil; em 2019, R$ 16,3 mil. Isso mesmo, não foi erro de digitação; não foram “bilhões”, nem ao menos “milhões”, foram “mil”, mesmo.
Somados aos ganhos no mercado interno, transferência de renda na veia para os grandes plantadores e comercializadores. A multinacional Cargill – uma das 3 maiores processadores de soja no Brasil – ainda não divulgou os resultados de 2021, mas em 2020, em plena pandemia, o lucro consolidado foi de R$ 2,050 bilhões, quase 6 vezes maior que em 2019. A expectativa é que, com preços ainda mais elevados ano passado e dólar forte, 2021 superará muito o resultado do ano anterior.
Como já disse um líder caminhoneiro, ruralista gosta de governo fraco e dólar forte.
(*) Marcos de Oliveira, diretor de Redação do Monitor Mercantil
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