Novidades econômicas e políticas nas negociações entre o governo Alberto Fernandez e a Casa Branca/Joe Biden/FMI, encerradas, nessa sexta feira, depois de quase um ano de disputas complicadas e perigosas que ameaçaram supremacia peronista na Argentina nas últimas eleições legislativas; rolou, nesse período, verdadeiro cabo de guerra entre o Fundo Monetário e a Casa Rosada; no final, a Argentina acaba por dar cabo no tripé macroeconômico neoliberal – metas inflacionárias, câmbio flutuante e superavits primários -, responsável por sustentar medíocres taxas de crescimento econômico; a Casa Branca, diante de avanços crescentes nas relações entre Argentina e China, que ampliam comércio bilateral, sinalizando nova geopolítica portenha inconveniente para Tio Sam, resolveu flexibilizar; dessa forma, alcançou-se acordo com duração de dois anos e meio, sujeito a dez revisões, que permite suspensão imediata de pagamentos de vencimentos – já no pau – de 700 milhões de dólares, com ingresso escalonado de novos 40 bilhões de dólares na circulação portenha; trata-se de negociação inversa à que realizou Macri, em 2018, que deixou a Argentina pendurada na broxa sem escada, levando o país ao precipício total.
Novo contexto
O presidente peronista Alberto Fernandez, que perdeu uma cadeira no Senado, com insatisfação popular, diante da sua política macroeconômica restritiva, agravada pela pandemia, resolveu, como fator de sobrevivência, endurecer o discurso contra acerto draconiano que inviabilizaria crescimento, além de implicar em prejuízos para aposentados e trabalhadores, obrigados a reajustes medíocres abaixo da inflação; a burguesia industrial-comercial ficou decepcionada porque foram afastadas hipóteses de aprovação, prá já, de reforma trabalhista e previdenciária; se isso rolasse, o segundo mandato presidencial que Fernandez pretende disputar iria para o sal; as partes, governo Fernandez e FMI, comprometeram com deficit próximo de zero, mediante ajustes negociados, ficando fora de cogitações superavits primários que implicariam em cortes de gastos e ajustes salariais no contexto da crise que deixa Buenos Aires semelhante ao que acontece em São Paulo e Rio de Janeiro, ou seja, com as populações socialmente excluídas, enchendo ruas, avenidas e praças de mendigos, afetados pelo neoliberalismo praticado pelo governo Macri, lá, e aqui, pelo governo Bolsonaro; na prática, Alberto Fernandez chutou para o alto o tripé macroeconômico neoliberal defendido pelo FMI, que, no Brasil, Paulo Guedes impõe às custas do empobrecimento social, cujas consequências são tombos sucessivos de Bolsonaro nas pesquisas, anunciando vitória antecipada de Lula em 2022.
Governabilidade peronista garantida
Com o acordo, que a Casa Rosada, está, discretamente, comemorando, pois dá condições mais flexíveis para tocar o governo e garantir governabilidade sem maiores tumultos, capazes de favorecer a oposição, na proxima eleição presidencial, novo cenário emerge na Argentina; não se trata de achar que Fernandez estourou a boca do balão, dispondo, a partir de agora, de maiores facilidades; afinal, o perigo de derrotas futuras ainda está em cena e a burguesia argentina força a mão contra os trabalhadores, para continuar arrochando salários e extraindo mais valia dos trabalhadores; o alívio para o governo está expresso, aparentemente no preço do dólar; a moeda americana está contida, nessa sexta-feira, em 216 pesos, o que mantém câmbio ajustado tanto para impulsionar exportações, sem que pressione a inflação, de acordo com as análises teóricas dos especialistas, sujeitas a chuvas e trovoadas; o fato é que, no cenário interno, tensionado pela crise internacional, cujos desfechos parecem ser imprevisíveis, o vai e vem da cotação do dólar continua, mas a mobilização dos trabalhadores em defesa dos salários e das aposentadorias, expostas aos permanentes perigos de defasagens frentes às políticas de preços, marcam correlações de forças que exigirão negociações políticas permanentes e intensas; a luta entre capital e trabalho vai, certamente, demonstrar que o controle efeitivo da inflação depende menos de cortes de gastos e salários, conforme discurso recessivo neoliberal, e mais de maior poder de compra da população como fator de equilíbrio político e econômico, para afastar fantasma do subconsumismo, responsável por jogar o capitalismo em permanente sobressalto dado pelas quedas nas taxas de lucro dos capitalistas; a garantia de relativo equilíbrio, de modo a assegurar governabilidade, estará ancorada, não por acaso, no acerto favorável às revisões do acordo previsto para dois anos e meio; ocorrerá, nesse período, permanente cabo de guerra entre trabalhadores e empresários sob democracia;impossível dizer quem vai ganhar a parada ou se apostar no empate será o mais conveniente. A realidade é que Fernandez equilibrou o jogo a seu favor.
(*) Por César Fonseca, jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio e edita o site Independência Sul Americana
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