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OMS admite que número de mortos da Covid-19 no mundo pode ser mais que o dobro do que divulgado

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Era um medo de muitos profissionais de saúde, agora é quase uma certeza. O número de mortes causadas pela pandemia é amplamente subestimado, admitiu a OMS nesta sexta-feira (21) em seu relatório anual de saúde global. Oficialmente, 3,4 milhões de pessoas morreram do SARS-CoV-2. Mas, na verdade, eles podem ser de 6 a 8 milhões.

 

Menos da metade das mortes no mundo são devidamente registradas pelos Estados. Não é complicado imaginar, neste contexto, que seja difícil saber o número total exato de vítimas ligadas à Covid-19. A doença matou oficialmente 1,8 milhão de pessoas em 2020, a maioria delas nas Américas e na Europa.

 

 

Mas, como a própria agência da ONU admite, pelo menos 1,2 milhão de mortes adicionais podem ser atribuídas à doença, como relata o correspondente da RFI em Genebra, Jérémie Lanche. Diretamente ou indiretamente.

 

 

É o que explica o Dr. William Msemburi, analista da OMS: “Pessoas morreram de Covid, mas nunca foram testadas”, sublinha. Portanto, eles não estão incluídos nas estatísticas. O outro motivo são todas as pessoas que morreram indiretamente da Covid. Pacientes que não puderam consultar sobre seus problemas de saúde ou médicos que tiveram que priorizar o atendimento aos pacientes da Covid em detrimento de outros pacientes”, lembra.

 

 

Outras mortes ligadas à Covid mas ainda mais difíceis de detectar, são todas aquelas que foram causadas pela crise econômica. A OMS também projeta que o número de suicídios tenha aumentado em vários países. Novamente, sem saber até que ponto eles podem estar ligados à pandemia. Em apenas um ano, isso poderia prejudicar uma década de progresso na saúde pública.

 

 

Uma equação complexa

 

Para avaliar o “verdadeiro” balanço da epidemia, os cientistas estão primeiro interessados ​​no excesso de mortalidade, ou seja, nas mortes adicionais registradas em comparação com o número de mortes esperadas com base nos anos anteriores.

 

 

E isso não é fácil de calcular, especialmente devido à falta de dados críticos nos países pobres. Mesmo antes da epidemia, por exemplo, o Malawi registrava apenas 10 a 15% das mortes ocorridas em seu território, observa Stéphane Helleringer, demógrafo da Universidade de Nova York em Abu Dhabi.

 

 

Se todos os especialistas parecem concordar com uma subestimação do balanço, a questão é saber quanto? A questão é delicada e muito debatida e não será respondida rapidamente, dizem os especialistas.

 

 

Talvez mesmo nunca. A reduzida implementação de testes de Covid, mortes mal contadas, às vezes ocultas, e as mortes indiretas ligadas à saturação dos sistemas de saúde. A complexidade da equação não impede que os cientistas busquem respostas, fundamentais para avaliar o mais próximo possível o custo humano de uma pandemia histórica, para poder tirar lições de seu manejo.

 

 

A Covid-19 também aumentou as desigualdades no mundo, com o vírus atingindo populações vulneráveis ​​com mais gravidade, e as primeiras estatísticas mostram que o vírus reduziu a expectativa de vida em alguns países em dois a três anos.

Reprodução da rfI

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