O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, parlamentares, lideranças políticas e defensores da democracia reagiram a uma nota na qual o ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas atacaram o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), após ele lamentar o envolvimento de militares, da ativa e da reserva, nos escândalos de corrupção que a comissão parlamentar de inquérito tem trazido à tona.
Felipe Santa Cruz lembrou que a CPI tem a missão de fiscalizar todos que compõem a administração pública, o que, evidentemente, inclui membros das Forças Armadas. “É o respeito à Constituição que garante estabilidade, democracia e liberdade. O Legislativo, por meio da CPI, cumpre função de fiscalizar a administração pública – todos que a compõem. Descabida é toda tentativa de intimidar o Senado por estar cumprindo seu papel constitucional”, afirmou o presidente da OAB nacional.
É o respeito à Constituição que garante estabilidade, democracia e liberdade. O Legislativo, por meio da CPI, cumpre função de fiscalizar a administração pública – todos que a compõem. Descabida é toda tentativa de intimidar o Senado por estar cumprindo seu papel constitucional.
— Felipe Santa Cruz (@felipeoabrj) July 8, 2021
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), membro da CPI da Covid, classificou como “inoportuna e inadequada” a nota dos militares. “O papel das Forças Armadas é da defesa da sociedade e das instituições democráticas desse país. O Senado é uma dessas instituições”, lembrou o parlamentar, em pronunciamento, na noite de quarta-feira (8), no Plenário do Senado (assista abaixo).
Leia a nota oficial do PT sobre o episódio: Comandantes militares não podem intimidar investigação do Senado
O líder do PT na Câmara, Bohn Gass (PT-RS), por sua vez, lamentou que, em vez de apurar as denúncias, os comandantes decidiram atacar o denunciante. “As Forças Armadas cometeram o mesmo erro de Bolsonaro no caso da vacina superfaturada. Diante da denúncia de que há partes podres na corporação, passaram a atacar o denunciante e emudeceram sobre a denúncia”, observou.
O papel das forças armadas é da defesa da sociedade e das instituições democráticas desse país. O Senado é uma dessas instituições!
A manifestação das FFAA sobre o funcionamento do Congresso Nacional foi inoportuna e inadequada. pic.twitter.com/Fql2eGDOIO
— Rogério Carvalho 🇧🇷🏴 (@SenadorRogerio) July 7, 2021
Já o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que a reação do comando militar foi “desproporcional e abusiva”, e lembrou que ninguém está acima da lei.
Nota militar contra o presidente da CPI do Senado, @OmarAzizSenador, foi desproporcional e abusiva. A indignação cívica deve ser contra alguns militares que se meteram em transações mal explicadas e em desastres gerenciais. Ninguém está acima da LEI.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) July 8, 2021
Na sessão da CPI da Covid de quarta-feira, Omar Aziz lamentou o fato de muitos militares estarem envolvidos nos escândalos de corrupção envolvendo a compra de vacinas pelo governo federal. “As Forças Armadas, os bons das Forças Armadas, devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”, disse o senador.
Aparentemente incomodados com o fato de um senador ter expresso o que os fatos deixam evidente, o ministro Walter Braga Netto e os comandantes Almir Garnier Santos (Marinha), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) emitiram nota na qual dizem que Aziz “desrespeitou” as Forças Armadas e classificam a fala do senador como “vil” e “irresponsável”. Por fim, afirmam que “não aceitarão qualquer ataque leviano” às instituições militares.
Omar Aziz respondeu dizendo que havia uma tentativa de intimidá-lo e distorcer sua fala. “Estão tentando distorcer minha fala e me intimidar. Não aceitarei! Não ataquei os militares brasileiros. Disse que a parte boa do Exército deve estar envergonhada com a pequena banda podre que mancha a história das forças armadas”, ressaltou.
Estão tentando distorcer minha fala e me intimidar. Não aceitarei! Não ataquei os militares brasileiros. Disse que a parte boa do Exército deve estar envergonhada com a pequena banda podre que mancha a história das forças armadas.
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) July 8, 2021
Eu confio na lealdade das Forças Armadas à Constituição, e não a qualquer inquilino de plantão do Palácio do Planalto! Esse Parlamento tem que se firmar em defesa da Democracia e das nossas instituições democráticas. pic.twitter.com/tVCZIRjxmM
— Randolfe Rodrigues 💉👓 (@randolfeap) July 7, 2021
Ao invés de se preocupar com a #CPIdaCovid, as Forças Armadas deveriam estar preocupadas em participar do governo de um presidente que tem relações estreitas com milícias, que ataca a democracia e é responsável pela morte de milhares de pessoas por boicotar a compra de vacinas!
— Henrique Fontana (@HenriqueFontana) July 8, 2021
Forças Armadas deveriam estar empenhadas em investigar denúncias de corrupção dos seus integrantes, e não em atacar denunciantes.
— José Guimarães (@guimaraes13PT) July 8, 2021
Não cabe às forças armadas dizer o que deve fazer uma CPI, ou tentar intimidar sua presidência. Caberia, sim, mandar investigar os membros dessas forças suspeitos de corrupção nas vacinas, além de repreender membros da ativa que sobem em palanque, como Pazuello. #EquipeSâmia
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) July 8, 2021
A nota do Ministério da Defesa repudiando as declarações do presidente da CPI Omar Aziz – consideradas desrespeitosas – confirma o preço que se paga por termos hoje 6 mil militares no governo. O presidente transformou as Forças Armadas em vidraça. Estão expostas. Lamentavelmente
— André Trigueiro (@andretrig) July 7, 2021
O presidente da CPI, Omar Aziz, não errou ao afirmar que há banda podre de militares que envergonha a honesta. Ao invés de tentar intimidar o Senado, a cúpula das Forças Armadas deveria depurar suas fileiras, pois há militares que ajudaram a gerar morte e corrupção na pandemia.
— Leonardo Sakamoto (@blogdosakamoto) July 7, 2021
Do site PT na Câmara
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