Jornal O Globo, editoria “Política”, manchete em toda extensão da página 6: “A pane foi do próprio PSDB”; subtítulo: “Falha do aplicativo de votação das prévias presidenciais beneficia Moro, que amplia espaço no campo da terceira via”.
Todos os recados claramente dados, no que o jornalão chamou “Análise”, assinada por Gustavo Schmitt, em 22/11/2021. Mais explícito seu desejo de emplacar seu candidato no meio tucano, impossível!
De um partido mínimo, cujo nome já o identifica com um programa estadunidense, a condição de vitória está, realisticamente, muito longe. Precisa de partido com muitos filiados e disperso por todos estados brasileiros, por milhares de municípios. O PSDB é um marido disputado, sem quaisquer segundas intenções.
Como aparece Sergio Fernando Moro (Maringá – PR, 1972) e que currículo apresenta. Filho de Odete Starke Moro e Dalton Áureo Moro, graduou-se em direito em universidade de qualidade mediana de ensino, em 1995, conforme reportagem da Tribuna do Paraná, em 3/9/2009.
O Edital 8 de 4 junho de 1996, DJU (Seção 2) de 10/6/96, relativo ao concurso prestado por Moro para juiz federal substituto, enumera os 34 aprovados. De acordo com o site Jus.com.br, todos os editais dos concursos do TRF4 exigem três anos de prática jurídica. Sergio Moro não se submeteu ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nem apresentou prática jurídica, em qualquer tribunal ou escritório de advocacia, depois de sua graduação.
Seu pai, embora não tivesse filiação político partidária, participou ativamente da campanha de Basílio Bacari, fundador do PSDB em Maringá, eleito vereador em 1996.
“O Wikileaks revelou o informe enviado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA) sobre o seminário Projeto Pontes, realizado em outubro de 2009, com a presença de membros selecionados da Polícia Federal, Judiciário e Ministério Público brasileiros com autoridades dos EUA, no Rio de Janeiro. O seminário se chamou ‘Projeto Pontes: construindo pontes para a aplicação da lei no Brasil’, em que se tratava de consolidar treinamento bilateral de aplicação das leis e habilidades práticas contra o terrorismo” (Diálogos do Sul, 22 de maio de 2017).
Também da Revista Diálogos do Sul recolhemos que, na seção “Resultados”, a equipe estadunidense lembra a harmonia que se estabelece quando o tutor dedicado se depara com o aprendiz atento. Lê-se que “os participantes requisitaram treinamento adicional, sobre a coleta de evidências, entrevistas e interrogatório, habilidades usadas nos tribunais”.
A democracia brasileira não alcançara 20 anos de idade. Assim, “os juízes federais, promotores e advogados brasileiros eram iniciantes no processo democrático, não foram treinados em como lidar com longos processos judiciais […] e se encontravam incapazes de utilizar eficazmente o novo código criminal que fora alterado”.
Dever-se-ia verificar qual opinião teriam os participantes sobre esta cortês acusação de estupidez por parte dos chefes ianques. Se dermos crédito ao informe, aos juristas e promotores brasileiros pouco importava a desconsideração vinda do norte, contanto que “consentissem em ensinar as novas ferramentas, que estão ansiosos em aprender”.
E, pelo informe, sabe-se que foram pedidos cursos mais aprofundados em Curitiba, São Paulo e Campo Grande. É de estranhar agora os procedimentos da chamada República de Curitiba?
Na biografia política que o sistema Globo construirá sobre o candidato Moro, o caso Banestado será sepultado pelo caso Lava Jato. É importante, por conseguinte, que os tenhamos bem claros.
“O Banco do Estado do Paraná (Banestado) ficou nacionalmente conhecido como o foco de atuação de uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro, por meio de contas de não residentes, as CC-5. A partir de 1996, as agências do banco em Foz do Iguaçu foram utilizadas para a evasão de mais de US$ 24 bilhões de dólares” (blog do Vlad, 17/1/2021, Vladimir Aras).
Quando se tratarem de milhões de reais, ou que até sejam alguns bilhões de reais do caso Lava Jato, de 2014, não se esquecer de que no caso Banestado, em 1996, foram contabilizados US$ 24 bilhões.
No decurso da investigação do caso Banestado, várias operações foram realizadas, no Brasil e no exterior, envolvendo a Promotoria de Nova York (District Attorney of the New York County), a Procuradoria dos Estados Unidos, em Newark, (United States Attorney’s Office) e o Departamento de Segurança Interna (Department of Homeland Security – DHS), em Nova Jersey.
O caso relatado com as implicações e envolvimentos, sem constituir agressões e imputações político partidárias, pode ser acessado no blog do Vald.
O juiz Moro foi o magistrado do caso Banestado, que envolveu centenas de pessoas no Brasil. A relação das pessoas envolvidas, em ordem alfabética, sem qualquer outra informação que não seja o nome, ocupa, em PDF, 889,8KB. Apenas alguns doleiros, que competiam com Alberto Youssef (Londrina – PR, 1967) – que seria fundamental para Sergio Moro no caso Lava Jato – e empregados dos bancos envolvidos foram punidos. Pessoas como o ministro Luís Roberto Barroso (Vassouras – RJ, 1958) não sofreram qualquer arguição.
O caso Lava Jato foi em tudo o oposto do Banestado, apenas o juiz foi o mesmo, Sergio Moro, que agiu muito diferentemente nos dois casos.
O Banestado não teve mídia, não esteve todo dia no Jornal Nacional da TV Globo, com um duto escoando dinheiro. Ao contrário, jamais deu manchete ou teve horário nobre. E nem foi apenas pelos políticos e ricos envolvidos, foi porque atingiria a elite que nos governa há cinco séculos.
Enumerar os malfeitos de Moro não é necessário: a campanha o fará. Apenas cito quatro casos da extensa relação do escritor e jornalista Sergio Caldieri:
a) anulou todas as sentenças do caso Banestado que envolvia apenas tucanos;
b) detinha todas as provas contra Andrea Neves, irmã de Aécio Neves, desde 2015, e não a prendeu ou sequer pediu investigação; ela foi presa por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STF);
c) ao descobrir que o maior desvio da Lava Jato, os R$ 16 bilhões da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, envolviam somente políticos do PSDB, do PP e do PSB, Moro atribuiu a culpa a defuntos e realizou julgamento, em 22/4/2015, em absoluto segredo. A imprensa também ocultou o caso; e
d) soltou Youssef duas vezes e diminuiu sua pena no caso Banestado de 121 anos para um ano.
O Brasil ainda terá um historiador, como Gustavo Barroso, que não teve receio em desnudar as finanças judaicas na nossa história. O Brasil foi organizado por feudos privados, as capitanias hereditárias, que Portugal de algum modo respeitou com os contatos diretos da Metrópole, ignorando seus próprios governadores-gerais, e que dificultaram a administração da União.
Os interesses regionais lutaram ou se impuseram ao governo nacional, tendo então caracterizado os períodos de indiscutível progresso promovidos pelos governos centrais como ditaduras e não reconhecendo os acordos, tão comuns em nossa evolução política brasileira, como estagnação ou retrocesso, mas resultantes do espírito federalista.
O então capitão Severino Sombra, em 1940, escreveu As duas linhas de nossa evolução política (Zelio Valverde livreiro-editor, RJ) onde contrapunha o regional – “reação orgânica” – ao “nacional revolucionário” que o futuro general, deputado federal, fundador da Sociedade Teilhard de Chardin (1956) e da Universidade Severino Sombra (1997), em Vassouras (RJ), já observava no Estado Novo com Getúlio Vargas.
A Lava Jato juntou o interesse das oligarquias com o das finanças, já fortemente influenciadas pelos capitais marginais. E com apoio técnico estadunidense e dos “think tanks” das finanças que dominam também os EUA.
Se não descortinarmos e entendermos o poder que prevalece nos momentos históricos, parecerão até razoável que sejam questões morais ou arroubos individuais que conduzam as decisões, as ações globais, nacionais, direcionadoras da história.
A Lava Jato uniu finanças ao desmonte do Estado Nacional, iniciado por Collor, prosseguido por Fernando Henrique Cardoso, e com ritmo muito reduzido, até um tanto obstado, pelo Governo Lula. Este desmonte era, principalmente, do interesse das finanças, do mundo globalizado. Uniu também, como ocorrera nos EUA, empresários que preferiram trocar o trabalho e as incertezas da produção pelo ganho financeiro. Lá, como aqui, há os que o fazem como gestores e aqueles que são apenas aplicadores e, portanto, contribuintes da concentração de renda.
No caso brasileiro há também os eternos grotões, os senhores das terras, um poder fundiário que não encontrava espaço político e pensava em proclamar, novamente, a república de Campos Sales. De algum modo o Centrão, agora no poder, foi um vitorioso da Lava Jato. E isso dará força ao Moro e, se vitorioso, mais uma vez fará retroceder a Nação.
A candidatura Moro representa um Brasil que os governos Médici e Geisel pensaram eliminar: a mais retrógrada elite do Brasil unida com os interesses estrangeiros, hoje dos capitais apátridas do sistema financeiro.
O que é curioso e triste para nós, nacionalistas, é que não só os EUA, mas parte da Europa e a maioria da Ásia, após os retrocessos diversos ocorridos nestes últimos 30 anos de domínio das finanças apátridas, estão buscando algum tipo de nacionalismo, ora econômico, ora cultural, ora de ambas vertentes, para rejuvenescer seus países.
Estas opções ainda não surgiram entre nós; ao menos como solução apresentada por um dos 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (STF). Moro e o lavajatismo são o retrocesso dentro do atraso. Nada mais global; plim, plim!
(*) Pedro Augusto Pinho é administrador aposentado.
Artigo publicado, originalmente, no Monitor Mercantil
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