Esclarecendo, inicialmente, que Putin não é enigma para a Rússia, mas apenas para a sociedade ocidental que não tem como se livrar da narrativa norte-americana de “mocinho-bandido”, criada na época da Guerra Fria e realimentada até hoje, mesmo depois de 31 anos do fim da União Soviética e junto com ela da chamada “ameaça comunista”.
Assim, como quase todos os dirigentes e quadros comunistas dessa época, Putin deixou de ser formalmente comunista a partir de 1991, data da extinção da URSS e passou, como os demais, a defender a chamada “economia de mercado”, mesmo que não se soubesse direito o que seria isso num país que acabava de sair de 74 anos de economia planificada socialista.
Como aconteceu com muitos, à exceção daqueles que viraram mafiosos sob o desastroso governo do bêbado Yeltsin, Putin referenciou o seu mundo nos valores morais conservadores, no fundo, sempre acalentados pelo povo russo, agora estimulados pela revigorada Igreja Ortodoxa. Na macropolítica, no entanto, Putin continuou atento aos desafios da atualidade, procurando reconstruir o Estado russo e seus valores nacionais.
Putin pôde colocar em prática essa reformulação de sua visão pessoal quando sucedeu ao (bêbado) Yeltsin, depois de 9 anos seguidos de destruição da economia e do antigo poder político e militar da URSS.
Ao assumir a presidência em 2000 Putin pegou uma Rússia no chão, dominada por grupos mafiosos, em grande parte cercada por bases da OTAN e humilhada pelos Estados Unidos. Era uma Rússia fraca e sem comando, exatamente como o Império americano gostaria que continuasse para sempre.
Mas Putin não permitiu. Ele começou derrotando a interminável guerra da Chechênia, alimentada pelos serviços de inteligência ocidentais. Em seguida reconstruiu a economia, grande parte do sistema de proteção social e investiu na recuperação da ex-poderosa indústria de defesa com o objetivo de modernização da força militar russa (o único argumento que o Império entende e respeita).
No rápido desfecho da guerra da Georgia, em 2008, que o Império queria incluir na OTAN, Putin mostrou que a Rússia tinha recuperado suas forças e contava não com um Yeltsin, mas com um líder forte, competente e rápido nas respostas.
Logo depois do golpe da extrema-direita russófoba na Ucrânia, em 2014, Putin garantiu a decisão do referendo apoiado por mais de 90% de uma população majoritariamente de origem russa, que aprovou a volta da Criméia à Rússia.
No ano seguinte, 2015, a pedido do governo sírio, a Rússia interveio militarmente na Síria para derrotar um novo golpe do Império americano no Oriente Médio e deter o avanço do Estado Islâmico.
A enorme demonstração de força e soberania da Rússia e a sua aliança com a China, que em poucos anos será a economia mais forte do mundo, comprovam o fim da hegemonia absoluta que o Império americano impõe pelo domínio econômico, pela chantagem política e se nada disso desse certo, pelos seus porta-aviões.
Nasce um mundo multipolar, que é de interesse total do futuro imediato do Brasil, mas não deste país neocolonial criado por Bolsonaro. Sua visita a Rússia se deu por motivos pessoais, mas indiretamente ajudou o Brasil a renovar seus laços estratégicos com quem defende o mundo multipolar que precisaremos para nos desenvolver.
Vemos, assim, que não há um enigma Putin. Ele é apenas um estadista com qualidades intelectuais e políticas muito raras no mundo atual.
Mas se Putin não é comunista, também não se tornou um anticomunista, até porque a oposição do Partido Comunista na Rússia tem pouca representação política. A popularidade de Putin continua acima dos 70% e nesse momento de ameaça da OTAN atinge níveis ainda mais altos.
Em decadência, o Império americano, que ainda tem força para influenciar a Alemanha e neutralizar a França, pois a Inglaterra virou seu poodle, continuará inventando acusações contra Putin, divulgadas cegamente pela grande mídia que lhe serve no Ocidente e que é fielmente copiada pela colonizada mídia brasileira.
Mas o fato inegável é que o começo do fim da hegemonia americana no mundo está avançando, e avançando ainda mais rapidamente agora que Putin, aliado à China, revelou toda a sua força em defender a soberania e a segurança da Rússia, isto após ele esgotar muitos anos de tentativas de abrir negociação com os “surdos” e arrogantes representantes do governo americano e seus “miquinhos amestrados” da OTAN.
(*) Por Val Carvalho – escritor e militante de esquerda.
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