Quem diria: o PT faz 42 anos de vida como o partido preferencial dos eleitores; seu candidato a presidente da República está em 1º lugar nas pesquisas e é o que tem mais baixa rejeição; governou o país de 2003 a agosto de 2016 e governaria até 1º de janeiro de 2019 se não fosse pelo golpe parlamentar-jurídico que destituiu a presidenta Dilma Rousseff violando a Constituição e, provavelmente, ainda estaria no poder, com Lula ou Haddad, se não fosse a farsa da Lava Jato.
A fundação do PT em 10 de fevereiro de 1980 é um fato político histórico porque representa a maturidade política e cidadã das classes trabalhadoras brasileiras, se tomarmos por base a greve geral de 1917 por melhores condições de trabalho e aumento salarial. Diga-se de passagem, vitoriosa. Mas a repressão, no caso da Lei Adolfo Gordo de 1907, que visava desmobilizar o anarcossindicalismo, tinha chegado para ficar.
Até a Constituinte de 1988, que encerrou o ciclo da ditadura militar de 1964, as classes trabalhadoras brasileiras viveram e lutaram por seus direitos políticos, direito de votar e se organizar em sindicatos, de greve e de manifestação, por seus direitos sociais, consolidados naquela Constituição, símbolo da maturidade e da luta de gerações de trabalhadores e trabalhadoras.
Contra a repressão
As ditaduras e a repressão foram presentes em todo esse ciclo político e histórico: deportações em 1917, prisões e mortes durante toda a chamada República Velha e depois da Revolução de 30 e durante o Estado Novo, no governo Dutra e durante os 21 anos de ditadura militar. Os partidos e organizações dos trabalhadores foram colocados na ilegalidade, começando pelo Partido Comunista fundado em 25 de março de 1922. Este só conheceria a legalidade num curto período, logo após a 2ª Guerra, e, plenamente, após a ditadura militar.
Nada deteve nossos trabalhadores em sua marcha por direitos. De 1946 a 1964, encontraram no PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) um instrumento para eleger governos que reconhecem seus direitos e, durante a ditadura, militaram na oposição e derrotaram a ditadura nas eleições de 1974, votando em candidatos do MDB. Findo o período militar, os trabalhadores brasileiros votaram no PT e demais partidos de esquerda até eleger, e reeleger, Lula e Dilma.
O PT é herdeiro de uma longa tradição de lutas e da confluência da luta por seus direitos políticos e sociais, da luta econômica com a democrática, do anarcossindicalismo ao socialismo. Os sindicatos urbanos e depois rurais e seus líderes estiveram à frente das principais lutas democráticas, progressistas e nacionalistas durante esses mais de 100 anos.
Foi assim na luta em defesa do petróleo e da industrialização do Brasil, da entrada do Brasil ao lado dos aliados na 2ª Guerra Mundial, contra os golpes de 1955 garantindo a posse de Juscelino Kubitschek, na resistência ao golpe de 1961 sustentando a rebelião popular comandada por Brizola desde Porto Alegre e a Rede da Legalidade vitoriosa. As trabalhadoras e trabalhadores brasileiros apoiaram as reformas de base defendidas por Jango e defenderam a democracia quando da quartelada de 31 de março de 1964.
Os trabalhadores foram se constituindo maioria no país à medida que a urbanização e industrialização avançavam, conquistando direitos principalmente o de organização e greve e lutando pela participação na renda e riqueza nacional que criavam. Nessa caminhada, ajudaram a conquistar a educação pública e gratuita, o SUS, o salário mínimo e a jornada de 8 horas, a Previdência e o 13º salário, a licença maternidade e o seguro-desemprego, o direito à habitação e o acesso ao lazer e cultura, aos espaços públicos.
O PT expressou e representou a maturidade das classes trabalhadoras e Lula liderou sua fundação na reunião de correntes políticas e, principalmente, de movimentos sociais que cresceram na década de 70 na luta contra a ditadura. Agregou ao novo sindicalismo as lutas sociais dos bairros, as comunidades eclesiais de base e pastorais, uniu a luta democrática à luta social dos trabalhadores. A partir daí, deu-se seu crescimento e consolidação como partido político apto a conquistar a presidência da República.
Desafio atual
Seu desafio, hoje, é estar à altura do momento histórico em que vivemos, mudar sem mudar de lado, sempre ao lado das classes trabalhadoras, da democracia, do Brasil, de sua soberania e independência. É reconhecer que o mundo e nosso país mudaram e que o PT tem que se renovar e captar o sentimento nacional e popular para derrotar não só Bolsonaro, mas o modelo econômico imposto por nossas elites que renunciaram ao projeto de desenvolvimento nacional, via o golpe de 2016, a Lava Jato, o governo Temer e o atual.
O desastre humanitário que vivemos, a tragédia social e o desgoverno se expressam numa política econômica que levou nosso país a estagnação e nosso povo ao desemprego e a fome. E o mais grave: despreza a janela de oportunidades que o Brasil tem num mundo em crise e mudança. Não há nenhuma razão para não crescermos com distribuição de renda e justiça social, dando um basta à concentração de renda e riqueza e à rendição de nossas elites.
A responsabilidade dos milhões de petistas e de suas direções e representantes no Congresso, governo e entidades é liderar um movimento que unifique as oposições a Bolsonaro e crie as condições sociais e institucionais para retomarmos o projeto de desenvolvimento nacional, a revolução democrática brasileira inacabada e dar às classes trabalhadoras seu direito de participar da riqueza que cria e de governar o Brasil.
(*) Por José Dirceu de Oliveira e Silva, advogado, foi deputado estadual e federal pelo PT e ministro da Casa Civil (governo Lula). Lançou, em 2018, o primeiro volume do livro “Zé Dirceu: Memórias”, no qual relembra o exílio durante a ditadura militar, a volta ao Brasil ainda na clandestinidade, na década de 1970, e sua ascensão no Partido dos Trabalhadores. Escreve às quintas-feiras no site Poder 360.
Texto publicado, originalmente, na coluna de Zé Dirceu no site Poder 360
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