Em mais um de seus cada vez mais repetitivos rompantes contra a Petrobrás, Bolsonaro demitiu o Ministro das Minas Energia Bento Albuquerque, que é Almirante, quase no mesmo momento em que outro militar de alta patente, o General Santos Cruz, também demitido por ele do posto que ocupou no Palácio do Planalto, se oferecia como candidato a Presidente pelo partido Podemos.
Santos Cruz sabe que só de Bolsonaro vai tirar votos se for candidato e é precisamente por isso que se oferece, mesmo sabendo também que assim ajuda a vitória de Lula. Essa atitude de Santos Cruz é uma resposta ou revide, ainda que tardios, à tentativa de humilhá-lo que foi sua demissão.
Tentativa de humilhar foi também a inopinada demissão do Almirante Bento Albuquerque, que saiu em silêncio mas pode levar reservadamente para seus colegas do Almirantado e, em geral, da oficialidade das Forças Armadas, a indignação e a revolta que deve estar sentindo, acusado obliquamente de ter sido o responsável pelo mais recente aumento da gasolina e do diesel.
– Não fui eu! Não fui eu! – parece gritar Bolsonaro de cada vez que esses preços sobem, como um adolescente covarde que tenta isentar-se de culpa por alguma coisa de sua autoria, como a pedrada de má pontaria que quebrou a vidraça do vizinho.
Ele, porém, sabe perfeitamente que a política de preços praticada pela Petrobrás pode ser mudada por decisão dele, só que não quer desagradar os acionistas minoritários que se beneficiam dela com o dividendos bilionários pagos pela empresa.
Se é, de um lado, a tentativa de gritar que não foi ele, Bolsonaro, o responsável pela pedrada na vidraça, de outro lado a demissão de Almirante Bento Albuquerque constitui um insulto deliberado e destinado a mostrar que o capitãozinho aposentado para não ser expulso do Exército tem a prerrogativa, como Presidente da República e comandante-em-chefe de suas Forças Armadas, de destratar a seu gosto quantos generais, almirantes e brigadeiros estejam em seu caminho.
Mas isso tem volta, uma volta sem necessariamente o caráter de vingança, uma volta tipo reparação. Assim como o General Santos Cruz sentiu necessidade, tanto tempo depois, de oferecer-se candidato à Presidência para tirar votos de Bolsonaro e assim corrigir alguma coisa das consequências de seu apoio a ele em 2018, o Almirante Bento Albuquerque já deixa transparecer pelo silêncio um aviso aos colegas da oficialidade militar, para não se deixarem usar como massa de manobra nas obsessões continuístas e golpistas de Bolsonaro.
Além dos problemas que deve estar criando na área militar, Bolsonaro pode também estar criando outro, de cuja extensão não tem ideia, na área econômica. Ao escolher o novo Ministro, Adolfo Sachsida, ligado a Paulo Guedes e ao mais sôfrego e insaciável extremismo neoliberal, ele soltou uma iniciativa que com certeza está em seus desejos e sua fantasia, mas não estava em condições de ser lançada tão em fim de governo.
Sachsida imediatamente anunciou que pediria a Guedes os estudos necessários para a inclusão da Petrobrás, por decreto de Bolsonaro, no Plano Nacional de Desestatização, primeiro passo legal para sua privatização. Também imediatamente, Lula avisou, cada vez mais forte nas pesquisas, mesmo as encomendadas por entidades do mercado financeiro: quem pensar em comprar, saiba que essa privatização será revista, se acontecer. E nas horas seguintes a FUP, Federação Única dos Petroleiros, fez saber que estes entrariam em greve se a privatização avançasse.
A Bolsonaro só faltava, numa inflação cujo andamento se mostra irredutível, uma greve que aumente ainda mais essa inflação e leve os caminhoneiros a tentação de uma nova greve, sabendo como sabem que uma Petrobrás privatizada só pode aumentar preços, nunca reduzi-los ou ao menos estabilizá-los.
Com a substituição do Almirante pelo tecnocrata, Bolsonaro fez uma coisa que Getúlio Vargas recomendava aos auxiliares e associados nunca fazerem:
– Governo – dizia Getúlio – não cria problemas, governo os resolve.
(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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