Bolsonaro queria fazer desaparecer da vida pública o único presidente da história do Brasil que tirou milhões da pobreza – e, para isso, até se aliou a um juiz treinado pela extrema-direita norte-americana –, mas o tiro saiu pela culatra.
Lula é a voz em defesa da democracia brasileira que a imprensa estrangeira quer ouvir quando Bolsonaro, cujo estilo autoritário já salta aos olhos, dispara um vídeo de convocação exortando a sociedade brasileira contra o principal pilar do Estado Democrático de Direito – a separação entre os poderes, aquela independência que o Congresso e o Judiciário precisam ter do Executivo para proteger a população de investidas ditatoriais.
“Lula conclama pela defesa da democracia e contra os atos de Bolsonaro”, divulgou a Prensa Latina, agência de notícias em língua inglesa cujo conteúdo é replicado em jornais de todo o mundo. “Presidente endossa protestos antidemocráticos e gera indignação”, destacou o jornal britânico The Guardian, que entrevistou Lula e destacou sua resposta: “É preciso uma reação urgente contra tal ação autoritária”.
“Bolsonaro é um falso patriota que está entregando nossa soberania aos Estados Unidos enquanto condena a população à pobreza”, afirmou Lula ao Latin Times (Estados Unidos).
A convocação de Bolsonaro, Chefe do Executivo, para protestos contra o Congresso e o Judiciário, é crime de responsabilidade previsto na Constituição: o artigo 85, parágrafo segundo, estabelece que “são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação”.