A Justiça Federal do Amazonas suspendeu a distribuição de 74,1 doses da vacina contra o novo coronavírus produzidas pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório farmacêutico AstraZeneca.
A juíza federal Jaiza Fraxe publicou decisão, nessa terça-feira (26), na qual afirma que a Prefeitura de Manaus precisa garantir total transparência na programação e nos critérios de vacinação. A suspensão vale apenas para Manaus. A juíza indica, na decisão, que as doses destinadas ao interior do estado “podem e devem ser aplicadas urgentemente”.
A situação do Estado do Amazonas continua grave, segundo notificação dos veículos de comunicação, nas últimas 24 horas registrou sua maior marca de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Dados do consórcio de veículos de imprensa indicam que, nas últimas 24 horas, 192 pessoas faleceram de Covid-19, o que aumentou também a média móvel de óbitos do estado. Na última semana, morreram por coronavírus em média 139 pessoas por dia no Amazonas. Em maio, no ápice do primeiro pico de Covid-19 no AM, essa média não passou dos 70 mortos por dia.
Irregularidades
Não é a primeira vez que a campanha de vacinação é suspensa é suspensa no AM. Na quinta-feira (21), após denúncias de irregularidades na distribuição e aplicação das doses, a campanha foi suspensa e retomada na sexta (22).
O Amazonas iniciou a campanha de vacinação na semana passada com 282 mil doses da CoronaVac, o imunizante produzido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. No sábado (23), a capital do estado recebeu 132.250 doses da vacina de Oxford.
A decisão da Justiça Federal atente à Ação Civil Pública dos Ministérios Públicos do Estado (MPE), Federal (MPF), do Trabalho (MPT) e Especial junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), além das Defensorias Públicas da União (DPU) e do Estado (DPE) contra o Município de Manaus.
Entre as falhas detectadas, a Prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) já está corrigindo a lista de vacinados. Em nota, justificou que havia erros de digitação dos dados de sistema de informação advindas das planilhas físicas de vacinados nos primeiros dias da campanha, dentre as quais constataram a duplicidade de CPF.
Outra polêmica foi a quantidade de profissionais registrados na clínica da família Senador Severiano Nunes, embora ninguém tenha sido vacinado na unidade. A categoria “outros” também não estabelecia definição clara das atividades relativas aos profissionais da saúde.
Até esta quarta-feira (27), 16 cidades amazonenses receberam 17.450 doses da AstraZeneca. Após a constatação de irregularidades, a Justiça Federal determinou também que a lista de vacinados de Manaus deve ser divulgada diariamente para auditoria.
No início da vacinação, duas médicas, filhas do empresário Nilton Lins, dono da Universidade e das Escolas Nilton Lins, tomaram a vacina contra a Covid-19 logo após serem nomeadas para trabalhar na área administrativa de uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
As irmãs Gabrielle e Isabelle Lins publicaram sobre a imunização nas redes sociais e foram alvo de ataques e investigação. Ambas se formaram no ano passado. Gabrielle foi nomeada gerente de projeto, com salário de R$ 8 mil, na segunda-feira (18), dia em que as vacinas foram enviadas à cidade.
Análises de especialistas mostram que o colapso do sistema de Saúde no Amazonas, com falta de leitos e oxigênio, está relacionado à má gestão pública local e nacional tanto da pandemia como dos recursos financeiros públicos.
Um exemplo disso foi o relaxamento total da principal regra de contenção da pandemia: o isolamento e o distanciamento social em dezembro. Houve abertura geral de todo tipo de comércio, realização de festas e todo tipo de aglomeração. Sem intervenção dos gestores públicos, a população acreditou na falsa segurança e não tomou os cuidados essenciais: isolamento, distanciamento, uso de máscara e de álcool em gel.
Com informações da Internet