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José Borba, mártir dos oprimidos da Bacia do Rio Corrente

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A 72 anos do traiçoeiro crime perpetrado por um cabo da PM

 

A  violência dos carrascos –intelectuais e materiais- está sempre pairando sobre aqueles que lutam em defesa dos povos oprimidos.

 

 

O 20 de outubro de 1951 entrou para a história de Santa Maria como um dos mais tristes e aterrorizantes dias vividos pela nossa gente do comum.

 

Naquela fatídica tarde, na beira do cais na XV de Novembro [atual Praça do Jacaré], tombava assassinado quem se tornou muito merecidamente conhecido como o médico e prefeito dos pobres.

 

 

Ele nasceu em Santa Maria a 17 de fevereiro de 1916, filho de Elias e Maria Moreira Borba. Desta união nasceram Péricles, Reinaldo, Fernando [este, meu grande amigo, solidário], Maria Helena, Elias e Dulce.

 

 

Quando estudou medicina em Salvador, José de Souza Borba manteve contatos frequentes com militantes e dirigentes do Partido Comunista Brasileiro; promoveu divulgação da revista Seiva, órgão oficial do PCB, na nossa cidade através de Jesuíno, na época fotógrafo oficial da cidade que registrou inclusive o pouso do primeiro avião em Santa Maria no ano de 1947.
Em carta, desde Salvador, aos pais, datada de 25 de maio de 1937, Dr. Borba assim se referiu ao coronel Clemente de Araújo Castro:

 

“Queridos pais

 

 

[…] Tem sido motivo de grande tristeza e mesmo revolta as arbitrariedades cometidas pelo Clemente. Eu vos digo, com sinceridade, o Clemente merece um bom castigo, pois, no século em que estamos não é mais possível esta vida de escravidão em que vive o povo daí. Ele acredita, que devido a boa situação monetária de que ele é possuidor, deve escravizar o povo; não sabendo ele, talvez, que todas as lutas de hoje giram sobre um único ponto: a liberdade.”

 

 

O ódio da elite, dos coronéis que aqui mandavam e desmandavam na primeira metade do século XX, em relação a Dr. Borba era derivado da sua opção preferencial pelos pobres, por ser um homem de esquerda ainda que pertencente a família importante.

 

 

O texto a seguir corrobora essa visão.

 

 

“Para enterrar definitivamente a Sociedade dos Trabalhadores de Santa Maria da Vitória e as nascentes lutas das camadas desfavorecidas da população, sobreveio o covarde e frio assassinato do protetor da STSMV, o prefeito José Borba. Isso se deu imediatamente [minutos depois] em que ele revidava corpo a corpo, a agressão física que o cabo Serapião, da polícia estadual, cometia contra um médio agricultor, sócio da STSMV, Vidigal de Benevides Prado.

 

 

Quando, minutos depois, se dirigia o Dr. Borba à casa do Juiz da Comarca para apresentar queixa contra o truculento policial, o cabo Serapião, de larga distância, com um fuzil alvejou o prefeito e logo veio, impiedosamente, à queima-roupa, aplicar-lhe o ‘tiro de misericórdia’, deixando atônita e aterrorizada a população da cidade.

 

 

O grande reforço policial enviado para, supostamente, garantir a ordem, cumpriu com outro objetivo: o de escorraçar os simpatizantes do ex-prefeito vitimado e à organização dos trabalhadores de Santa Maria.”

 

 

[trecho extraído do livro Antonio Lisboa de Morais – Esboço Biográfico, de Clodomir Morais, edições Casa da Cultura ALM]

 

 

Recentemente, fonte fidedigna me informou que quem instigou o cabo assassino a disparar foi alguém conhecido pelo relativo grau de parentesco com um poderoso coronel desta cidade.

 

 

26 anos depois, em 22 de setembro de 1977, o advogado Eugênio Lyra, defensor dos posseiros, teve a vida ceifada por um pistoleiro a serviço de grileiros.

 

 

História se repetindo como tragédia.

 

No entanto, conseguiram eliminar Dr. Borba apenas fisicamente.

 

 

No imaginário dos santa-marienses, principalmente dos humildes, dos desfavorecidos, ele continua e continuará sempre presente indelevelmente.

 

 

Biblioteca Campesina, 20 outubro 2023

 

 

(*) Joaquim Lisboa Neto, coordenador na Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória, Bahia; ativista político de esquerda, militante em prol da soberania nacional. 




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