Fotógrafo e fotojornalista, que integrou a equipe do JBP desde o primeiro momento, morre aos 74 anos, em Brasília, vítima de um câncer
Na tarde desta terça-feira (6), às 15h30, o corpo do fotógrafo e fotojornalista Alain Barki foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. Ele faleceu no domingo (4), vítima de um câncer. Surpresa com a morte Barki, a equipe da Associação Jornal Brasil Popular se despediu, emocionada, do fundador e parceiro do jornal.
Na coroa oferecida, a Associação Jornal Brasil Popular deixou seu agradecimento e o reconhecimento do excelente profissional e companheiro. Alain ingressou no Jornal Brasil Popular nos primeiros dias de criação do periódico. Numa das primeiras reuniões para elaboração do jornal, ele chegou à residência de José Alberto Melo Silva, presidente da AJBP, 30 minutos antes do início da reunião.
“Nesses 30 minutos tive a oportunidade de conhecê-lo melhor. Conversamos sobre meus discos. Estava tocando, na minha vitriola, a música Fantasia, de Chico Buarque e ele se sensibilizou com a melodia e a letra, que fala da vida, da alegria, da graça e tem muito que ver com nossas dores que vivemos neste momento”, lembra José Alberto.
Ele diz que, desde então, tornaram-se amigos. “Ele estava com os olhos brilhantes, esperançoso com a construção de um jornal do qual ele faria parte e fez como fotógrafo, como construtor que iniciou as primeiras provas e até a conclusão do primeiro exemplar”. O presidente da AJBP afirma que era um admirável companheiro.
“Ele me revelou que tinha sido genro de Francelino Pereira, ex-governador biônico de Minas Gerais. Um companheiro que nos deixa saudades, maravilhoso, solidário e um grande fotógrafo. Nos deixa com muita saudade”, declara.
O jornalista Beto Almeida foi a pessoa que comunicou aos associados a perda do amigo e afirma que ele era encantado com a ideia do jornal. “Desde o primeiro momento Alain se encantou com a ideia de montar um jornal para defender a democracia e enfrentar o golpe midiático que, então, estava em curso. Extremamente culto e politizado, tinha clareza sobre a gravidade da manipulação que se fazia contra a Petrobras e políticas públicas que passaram a ser atacadas com veneno pelo golpismo. Sempre presente às reuniões que resultaram na fundação do Jornal Brasil Popular, e muito ativo nas observações estéticas, foi ele quem nos trouxe o arte-finalista Cirilo, para bolar a logo do jornal”, lembra.
Almeida diz também que a partir da primeira edição, ele acompanhava de forma solidária, era assíduo e colaborador nas reuniões de pauta, com fina ironia nos comentários políticos e nas sugestões editoriais. “Profissional da imagem, guardo de Alain a imagem inapagável do seu companheirismo, de sua indignação com a selvageria desta sociedade capitalista e de sua sensibilidade para o trato da informação que liberta, educa e transforma. Temos o compromisso de honrar sua memória e sonhar e realizar os seus sonhos, com o que Alain Barki estará sempre cada página do Jornal Brasil Popular”, declara.
O jornalista Eduardo Ramos, foi editor da JBP desde os primeiros dias, lembra também com saudades: “Alain participava ativamente das primeiras reuniões da formação do Jornal Brasil Popular e, como fotógrafo de mão cheia e profundo conhecedor da importância da comunicação visual, vivia insistindo que deveríamos sempre buscar melhorar a qualidade das imagens. Grande figura!”
Para Niro Barrios, diretor de Administração e Finanças do JBP, que recebeu a notícia com muita tristeza, Barki era um exemplo firmeza em convicções. “Com sua simplicidade e muita firmeza em suas convicções, o companheiro Alain Barki contribuiu muito para a construção do Jornal Brasil Popular. Descanse em paz”, declarou
O fotógrafo e fotojornalista Juvenal Pereira disse que foi um baque receber a notícia da morte do companheiro de profissão, na época do governo Fernando Collor. “Nos conhecemos em 1976, quando vivi em Brasília. Sempre via nele uma veia de quem sabia das coisas. Mantínhamos um relacionamento por meio da fotografia e, por ela, ele foi o vetor do desbaratamento do governo Collor, por meio das fotos que ele fazia da Casa da Dinda”, lembra.
Outro colega de profissão, parceiro e amigo de Alain Barki foi o produtor cultural, fotógrafo e jornalista Eraldo Peres da Silva, que, em homenagem ao amigo, postou uma foto dele enorme nas suas redes sociais e declarou: “É com muita tristeza que registramos a passagem do querido amigo Alain Barki. Em meu nome e de todos os membros do Coletivo Lente Cultural prestamos nossos sentimentos aos familiares e nossas homenagens ao Alain. Um dos fundadores da Lente Cultural, Barki sempre pulsou alegria, garra e fotografia. Agradecemos o tempo que nos foi possível estar ao seu lado e conviver com suas ideias e sabedoria. Fique com Deus Alain, você sempre estará em nossas lembranças e em nossos corações”.
O legado de Alain Barki
O fotojornalista faleceu no domingo (4), aos 74 anos, após 8 dias internado numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) hospitalar, da capital do País após descobrir um câncer. A morte do fotógrafo foi uma surpresa para todos, incluindo aí a família dele. O sobrinho Marcelo Barki disse que a descoberta foi repentina. Ele passou mal, no dia 27/3, foi levado ao hospital e, lá, constataram a notícia do carcinoma.
Nas redes sociais, ele recebeu dezenas de homenagens de colegas, amigos e familiares. Alain Barki é um dos ícones da história da fotografia da capital federal. Sua marca está registrada em cada quadra e fato político. Ele foi um dos fundadores do Lente Cultural Coletivo Fotográfico, em 2009: um coletivo sem fins lucrativos que reúne trabalhos fotográficos com olhar cultural em diversas frentes de atuação.
O legado de Alain Barki está por toda parte, mas será ainda registrado em livro. “Ele estava superativo. Todo domingo nos encontrávamos para tratar do planejamento de alguns projetos, dentre eles uma coletânea de fotos a ser publicada em livro, além de um site e uma exposição”, informou o sobrinho Marcelo Barki.
“Agora, sozinho, vou dar continuidade ao sonho dele. Tenho comigo essa missão de finalizar os projetos. Vai ter livro, vai ter site, vai ter exposição. Não consigo falar em data, mas as ideias vão se concretizar”, ressalta Marcelo.