Em Santana do Livramento, na fronteira do Estado, os funcionários da Santa Casa deflagraram greve a partir desta segunda, 25 de janeiro, em função do não pagamento de salários, entre outros pedidos da categoria. Outra mobilização é no município de Cruz Alta, no hospital São Vicente de Paulo. A partir desta terça, 26, os funcionários realizam mobilizações, com colocação de bancas e manifestações com possibilidade de paralisação. As mobilizações seguem o protocolo da OMS.
A Federação dos Trabalhadores em Saúde do RS – FEESSERS encaminhou documento para a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann para alertar do risco de prejuízos ao atendimento da população, diante da situação em que se encontram os profissionais de saúde. Kempfer destaca que os profissionais, aplaudidos pelo trabalho que desenvolvem na linha de frente, estão exaustos. Precisam ser estimulados, no mínimo, com o principal direito, que é o pagamento dos salários em dia. “Já estamos enfrentando a segunda onda da pandemia e as crises do Hospital Santa Casa de Caridade de Livramento e da Associação das Damas de Caridade – Hospital São Vicente de Paulo de Cruz Alta são constantes, afetando toda a categoria, que está em estado crítico de estresse”, salientou. Milton Kempfer avalia que se soma a tudo isso, “a pressão psicológica devido à pandemia, ainda sem previsão de término, com picos de atendimentos e internações de uma doença nova, cujos sintomas e tratamentos seguem em estudo”. E, para fechar o caos vivido por estes trabalhadores, na linha de frente, diariamente assistem os colegas sendo contaminados, numa rotina totalmente diferenciada, que exige uma série de cuidados, rotinas, procedimentos cansativos e muitas vezes desmotivados pelo resultado negativo de todo esse esforço, lamenta.
Em outros países, Milton relembra que além dos aplausos e políticas de valorização, enquanto no Brasil foram palmas carregadas de restrições de direitos, garantias, rebaixamento de salários, perda de poder aquisitivo e aumento de jornada de trabalho. Nos dois hospitais, a pretensa valorização veio com pagamentos parcelados e atrasados dos salários, já aviltados, acentua ele. A federação tem consciência que este não é um problema de total responsabilidade sobre a saúde dos trabalhadores da área e sociedade civil, assim como não é o pagador direto dos profissionais, mas segundo Milton Kempfer, “existe uma responsabilidade compartilhada entre prefeituras, governo do estado e governo federal, que terceirizam suas responsabilidades para instituições sem fins lucrativos de natureza privada”. Diante desta constatação, a FEESSERS está apelando para que o estado, por meio da secretária Arita Bergmann mobilize os demais entes federativos, para que atuem em conjunto e acabem com o sofrimento de trabalhadores e possam assim, normalizar o atendimento aos cidadãos, da mesma forma carentes de um serviço essencial à vida.
Greve dos funcionários da Santa Casa de Santana do Livramento
Foto de Inara Claro: Greve dos funcionários da Santa Casa de Santana do Livramento,
hospital filantrópico referência no tratamento de pacientes com Covid-19 com 350 funcionários.
A decisão foi tomada em assembleia geral convocada pelo Sindisaúde de Livramento, diante do atraso de 22 dias e pagamento de 60% dos salários, entre outros fatores. Todos os órgãos envolvidos foram informados sobre o início do movimento. Também estão nesta conta as rescisórias não pagas, referente a demissões do ano de 2020. Segundo o presidente do Sindisaúde Livramento, Silvio Vidart Madruga” não é mais possível admitir a falta de respeito com que os profissionais vêm sendo tratados há anos”. “Ficamos duas horas em reunião com a prefeita Ana Tarouco e assessoria, quando ela disse com todas as letras que não vai pagar um centavo a mais. Então, só nos resta mobilizar a todos em busca dos nossos direitos”, lamentou Madruga.
Além dos salários atrasados, há também ameaça de mais demissões, observa o presidente, que fica imaginando a vida dos trabalhadores que já estão sem salário, correm risco de serem demitidos e não serem indenizados, sem falar nos salários baixos, próximo ao mínimo nacional. Para ele, é preciso levantar a voz e mostrar para a sociedade que o problema é de gestão, porque os funcionários trabalham 100% e carregam o hospital nas costas, mesmo diante de uma pandemia, como é o caso agora, portanto, devem ter como contrapartida, no mínimo, o pagamento de 100% dos seus salários em dia.
Ele lembra que “a Santa Casa tem uma dívida superior a oito milhões de reais do nosso FGTS que não foi paga”, ressalta o presidente Madruga.
Situação do Hospital São Vicente de Paulo em Cruz Alta
Os funcionários estão há dois anos sem reajuste salarial, falta ainda o pagamento de parte do salário de dezembro, férias e a retomada da negociação do acordo coletivo que está parada desde 2019. Diante disso, os trabalhadores do Hospital São Vicente de Paulo decidiram se mobilizar e mostrar para a sociedade a realidade que estão enfrentando. O movimento organizado pelo Sindiesca e pela Federação dos Trabalhadores em Saúde do RS – FEESSERS mostra em faixas e cartazes a dura situação de quem está na linha de frente da Pandemia Covid19, mas não tem a contrapartida da dignidade.
A mobilização chamou a atenção da prefeita Dra Paula Librelotto que esteve no local para conversar com os manifestantes. Aos dirigentes, a prefeita se comprometeu em abrir a agenda nos próximos dias para ouvir os relatos.
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