Na pátria das chuteiras são inevitáveis as metáforas do futebol nas análises dos fatos políticos, ainda mais se o centro das críticas é Lula, o corinthiano.
Falando da entrevista do virtual futuro presidente ao Jornal Nacional, Maria Cristina Fernandes, uma das melhores jornalistas do Brasil, colunista do Valor Econômico, tascou: “Lula entrou no jogo em busca de um empate, mas saiu com um saldo de gols”.
Há duas boas maneiras de medir a plausibilidade da avaliação de Maria Cristina. Uma, impressionista, baseada nas opiniões a sangue quente de coleguinhas que no passado foram críticos ferozes de Lula e dos governos do PT, como Merval Pereira, Vera Magalhães, Reinaldo Azevedo, Felipe Neto e Miriam Leitão. Todos eles e elas admitiram que Lula saiu-se muito bem na bancada do Jornal Nacional.
A outra forma de julgar a performance de Lula é mais científica, como fez o instituto de pesquisas Quaest, medindo o número de pessoas impactadas por postagens nas redes sociais durante a entrevista. O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, resumiu no Twitter o desempenho de Lula:
1) Na média, 15 milhões de pessoas foram impactadas com postagens sobre a entrevista durante a sua exibição;
2) A entrevista obteve a melhor média de postagens, em comparação com as de Bolsonaro (9 milhões) e a de Ciro Gomes (2 milhões);
3) Os três momentos de melhor desempenho de Lula: a) quando defendeu as medidas anticorrupção no seu governo; b) quando defendeu a aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin; e c) quando defendeu que política não é lugar de ódio;
4) Os três momentos em que Lula se saiu pior: a) quando não respondeu sobre a lista tríplice para a escolha do Procurador Geral da República; b) Quando atacou Bolsonaro, chamando-o de bobo da Corte; c) quando disse que a solução para o orçamento secreto é conversar com os deputados;
5) Na média, considerando toda a extensão da entrevista, Lula obteve 48% de menções positivas, contra 52% de menções negativas. Foi pior que Ciro (54%) e melhor que Bolsonaro (35%);
6) “Bobo da Corte”, “orçamento secreto” e “combate à corrupção” foram as palavras mais citadas pelas pessoas que comentaram a entrevista.
Muitos sites de informação aprofundaram as análises, classificando as afirmações de Lula em “fake”, “fato” ou “não é bem assim”, para deleite da turma do “jornalismo adversativo”, na expressão de Thomas Traumann, jornalista e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas.
Traumann, que já foi porta-voz da presidenta Dilma, escreveu: “Hoje é o dia das análises de jornalismo adversativo: “Lula foi bem no JN, MAS…” e aí o sujeito cita que ele não criticou a atuação do Murilo Benício em Pantanal, os erros do VAR no Brasileirão e a separação da Simone e Simaria. Francamente! A semana do JN era uma oportunidade única para os candidatos se mostrarem a 40 milhões de eleitores. Lula e Ciro aproveitaram. Bolsonaro, não. O resto é tentativa besta de doisladismo e escamoteamento da realidade”.
“Doisladismo”, no caso, é aquele princípio dos jornalistas relativistas, que não admitem a objetividade da verdade. Ora, no final das contas, futebol é bola na rede, e o Lula saiu da entrevista ao Jornal Nacional com um saldo de gols, como bem argumentou a Maria Cristina Fernandes.
Na minha própria opinião, um dos melhores momentos do bate-papo de Lula com o William Bonner e a Renata Vasconcelos foi quando ele afirmou que a polarização em política é positiva. O que não pode é o ódio, disse o virtual futuro presidente da República. Aqui Lula fiel à ideia clássica do liberalismo de que a democracia representativa é um campo de permanentes conflitos entre os times. Em oposição a esse princípio, há outro, o da paz dos cemitérios; obviamente, depois da eliminação dos adversários, tornados inimigos.
Lula mandou muito bem também quando, por exemplo, disse que Bolsonaro não manda porra nenhuma, refém que é do Centrão com o orçamento secreto; quando afirmou que o Ministério Público foi corrompido pela turma da Lava Jato (sem citar o nome do marreco de Maringá!); quando defendeu o MST (o maior produtor de arroz orgânico do País); quando disse que os governantes devem, mais que governar, cuidar do povo; e quando disse que “o povo brasileiro tem que voltar a comer um churrasquinho e uma picanha e a tomar uma cervejinha”.
Em resumo, Lula disse que, como já fez uma vez, durante os oito anos de seu governo, pode voltar a fazer, isto é, pode tirar o País do buraco econômico, social e moral em que Bolsonaro e os fascistas o meteram. Com um detalhe: por meio de processos democráticos, transparentes.
Aos 76 anos de idade, serelepe, Lula confirma ser mesmo um dos três maiores estadistas da história do Brasil, como diz o cientista político Christian Lynch. Os outros dois são Dom Pedro II e Getúlio Vargas.
Na noite da última quinta-feira, 26 de agosto, Lula estava tão inspirado na defesa dos mais fracos que, na resposta à falsa questão do “eu contra eles” formulada pelo Bonner, posicionou-se ao lado do Vasco da Gama: “A torcida do Vasco é nós e a do Flamengo é eles”.
(*) Por Antônio Carlos Queiroz (ACQ), jornalista.
Ilustração: Petit Abel
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