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Fundação Palmares revoga regra do governo Bolsonaro e volta a homenagear negros em vida

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Portaria de 2020 levou à exclusão de homenagens a Gilberto Gil, Elza Soares e Martinho da Vila, por exemplo. Novo presidente da Palmares e fundador do Olodum, João Jorge, assina nova regra

 

 

Portaria assinada pelo presidente da Fundação Palmares, João Jorge, e publicada nesta quarta-feira (5) revoga a regra editada pelo governo Jair Bolsonaro que proibia a entidade de homenagear personalidades negras em vida.

 

 

A regra anterior tinha sido editada pelo então presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo, em 2020, e definia apenas homenagens póstumas – ou seja, após a morte do homenageado.

 

 

Esse critério levou o governo Jair Bolsonaro, na época, a excluir do site textos elogiosos aos cantores Gilberto Gil, Elza Soares e Martinho da Vila, por exemplo.

 

 

A portaria publicada no Diário Oficial da União desta quarta cria um grupo de trabalho dentro da Fundação Palmares para atualizar as regras de seleção das personalidades negras – nacionais e estrangeiras – a serem homenageadas no site da entidade.

 

 

Fundador do Olodum, João Jorge assumiu a Fundação Palmares neste ano, indicado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes.

 

 

Provocação

 

 

Ao editar a regra anterior, Sérgio Camargo havia dito que a intenção era “moralizar” a lista de personalidades negras notáveis editada pela Fundação Palmares.

 

A declaração e a mudança nas regras foram divulgadas em novembro, mês da consciência negra, e vistas pelo movimento negro como uma provocação de Camargo e do governo Jair Bolsonaro.

 

 

Meses antes, em reunião gravada, Camargo já tinha chamado o movimento negro de “escória maldita”, dito que Zumbi era um “filho da puta que escravizava pretos” e criticado o Dia da Consciência Negra – ele defendia um decreto para que a data deixe de ser feriado.

 

A comentarista Flávia Oliveira, da Globo News, escreveu, no Instagram, acerca da revogação da regra do governo Bolsonaro na Fundação Palmares: “Eram argumentos de ódio. O que está por trás era a ideia de supremacia de um projeto político que tentou aniquilar, desqualificar quem eles consideravam inimigos”.

 

Comentarista Flávia Oliveira

Em texto publicado no Instagram, a comentarista Flávia Oliveira, da Globo News, escreveu acerca da revogação da regra do governo Bolsonaro na Fundação Palmares. Na opinião dela, “eram argumentos de ódio. O que está por trás era a ideia de supremacia de um projeto político que tentou aniquilar, desqualificar quem eles consideravam inimigos”. Confira o texto do Instagram na íntegra:

 

 

(RE)FUNDAÇÃO PALMARES – A Fundação Palmares já pode voltar a homenagear personalidades negras em vida. Uma portaria publicada no Diário Oficial revogou a regra do governo Bolsonaro que só permitia homenagens póstumas.

 

Desde 2020, foram retirados do site da fundação textos elogiosos sobre Martinho da Vila, Gilberto Gil, Zezé Motta e Elza Soares, que morreu em janeiro de 2022.

 

O atual presidente da entidade, João Jorge Rodrigues, garantiu que os nomes excluídos serão os primeiros a serem homenageados. @flaviaol analisa a antiga regra e a mudança:

 

“Eram argumentos de ódio. O que está por trás era a ideia de supremacia de um projeto político que tentou aniquilar, anular e desqualificar quem eles consideravam inimigos, adversários.

 

“O que está acontecendo é a refundação Palmares. Martinho da Vila e Gilberto Gil, ambos imortais, Zezé Motta e Elza Soares voltarão ao panteão de pessoas negras, de onde jamais deveriam ter saído. São artistas de grande contribuição à cultura brasileira, à história brasileira, à dignidade, às artes.

 

“A Fundação Palmares tem uma importância enorme na preservação, no estímulo e no apoio à cultura e à arte afro-brasileiras, mas também um importante papel no reconhecimento dos territórios quilombolas.

 

“E esse foi um capítulo também abandonado pelo governo anterior. Não houve titulação de território quilombola assim como não houve demarcação de territórios indígenas.” #J10 com @alinemidlej

 

 

 

 

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