A Festa Junina — assim como o Carnaval, que todos sabemos que é de Exu — é um evento popular que caiu no gosto nacional, mas carece de ressignificação.
Lembro que na escola estudávamos que a palavra “forró” tem origem francesa, um ritmo de dança de origem europeia adaptada pelos colonos brasileiros à nossa realidade interiorana.
Entretanto, essa versão “oficial” da história esconde um dos rituais mais importantes da religião de matriz africana, que é a fogueira de Xangô, o Orixá do fogo e da justiça, sincretizado na figura dos santos católicos São João e São Pedro.
Nos terreiros de candomblé, nesse período, é feita uma grande fogueira para cultuar o próprio fogo.
Aliás, o mês de junho é todo voltado para o culto à nossa ancestralidade. Se inicia com a cerimônia da oferta da feijoada, onde toda a comunidade se reúne em ritual para homenagear Ogum, Orixá da guerra — mas, antes disso, também Orixá da agricultura e da tecnologia — celebrado por muitos terreiros no dia de Santo Antônio.
Sem Ogum não existe alimento para toda a comunidade, pois sem ele não existe ferramenta para fazer o manejo da terra. Assim, ao trazer o culto a Ogum, o povo africano trouxe também para essa terra tecnologias e práticas de manejo para que a agricultura se desenvolvesse plenamente.
E o que isto tem a ver com empreendedorismo? Tudo. Pois, é no mês do Orixá do fartura e do fogo que dançamos e comemos em homenagem aos nossos ancestrais. Parece uma Festa sem sentido prático, realizada apenas para o lazer, mas na realidade a Festa Junina é mais uma grande estratégia dos primeiros africanos que se utilizaram do sincretismo para louvar nossos ancestrais. Uma festa onde se planta, se vende, se bebe e se compartilha tudo aquilo que é nossa cultura, alegre, colorida e viva.
Por conseguinte, se apresentam dois desafios à sociedade, especialmente aos governantes: o primeiro, reconhecer o legado de matriz africana para garantir sentido histórico e político à cultura brasileira e, assim, evitar o esvaziamento do sentido pelo qual foram criadas.
É importante o reconhecimento do legado dos povos africanos ao calendário dos festejos nacionais, bem como o seu papel de preservação e manutenção. Isso só vai acontecer de maneira efetiva quando forem elaboradas políticas públicas voltadas para os diversos territórios culturais. A fogueira que a comunidade de matriz africana faz nos terreiros, é a fogueira da festa junina, é a fogueira da ancestralidade africana.
E o segundo desafio, para além de ressignificar, é garantir que esse mesmo povo tenha autonomia para gerir o legado ancestral da festa junina. Desta forma, o Brasil terá uma cultura verdadeiramente plural, assentada nos valores populares.
(*) Por Joseanes Lima é mestra em Sustentabilidade Junto a Povos e Comunidades Tradicionais pela Universidade de Brasília (UnB).
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