As remessas de divisas para Cuba estão cortadas; Tio Sam faz igual General Pazuello: cortou oxigênio do povo do Amazonas na pandemia da Covid; em vez de enfiar o tubo no paciente para tentar salvá-lo, se salvar, Tio Sam corta o tubo; não há circulação financeira na Ilha de Fidel; as remessas monetárias estão proibidas pela ditadura econômico-financeira americana; asfixia total.
Se a China e a Rússia não derem rapidamente uma injeção de dinheiro na economia cubana, ela pode afundar; a relação de Cuba com o sul dos Estados Unidos dominado pelos cubanos apoiados por Tio Sam, desde os anos 1960, deteriorou-se, especialmente, pelo comercio de moedas suspensas na pandemia; a pandemia condenou a mobilidade financeira cubana e a guerra monetária baixada por Washington interrompeu as transações financeiras de Cuba com o exterior; Cuba está seca de dólar, no bloqueio econômico que já dura mais de 60 anos.
No ambiente monetário dominado pelo dólar, Cuba estará, permanentemente, escrava; por isso, o que lhe sobra é buscar cooperação econômica, financeira e militar com China e Rússia; de repente, está de volta a guerra fria, agora, travestida de guerra monetária; se não há transação financeira cubana com dólar que a esmaga, resta-lhe cair na esfera monetária asiáticas; essa, aliás, é tendência dominante.
As armas chinesas são reservas de 4 trilhões de dólares acumulados no comércio bilateral China-Estados Unidos nos últimos trinta anos; a cotação do dólar passou a ser dada pela paridade do poder de compra chinês maior do que o americano; as estimativas são de que a partir de 2026, o PIB chinês ultrapasse o PIB americano; Cuba e muitos outros países serão atraídos pela política monetária chinesa, como preveem especialistas internacionais.
A tendência chinesa de lançar novo sistema monetário em que seria o sol(moeda) dominante na constelação global de moedas como âncora monetária pode ou não precipitar, se China defender Cuba contra o dólar, que não deixa a Ilha respirar?
Cuba terá que continuar sobrevivendo com sua experiência cooperativa internacional, como sua grande arma; quanto mais o capitalismo produz exclusão social, como está acontecendo em escalada incontrolável, na pandemia do novo coronavírus, mais ele é propenso a destruir Cuba; a sobrevivência do comunismo cubano é a morte do capitalismo americano.
A diplomacia dos países comunistas de cooperação internacional virou sucesso na pandemia; agiu contrária à ganância capitalista; ganhou, e continuará ganhando, prestígio internacional por significar nova alternativa de vida ao capitalismo em crise de realização de lucros; segundo Aristóteles, discípulo de Sócrates e de Platão, a linguagem da cooperação internacional começa pelo verbo DAR, sem pedir recompensa; Aristóteles é o retrato de Cuba; doou seu conhecimento pelos cinco continentes em defesa da paz no cenário da colonização imperialista.
Cuba foi o único país do mundo que acabou com o apparthaid na África do Sul; primeira coisa que Mandela fez depois de 27 na cadeia foi ir a Cuba agradecer Fidel como responsável principal pelo fim da vergonha sul-africana; essa cooperação está presente na pandemia; as vacinas e médicos cubanos de excelência se espalham pelos cinco continentes; o grande produto de exportação cubano, que apavora Tio Sam, é o conhecimento e a generosidade construídos pela revolução comunista de Fidel; para onde Aristóteles, que construiria a social democracia e o socialismo, levará Cuba, diante do aprofundamento do bloqueio imperialista de Biden à Ilha?
O exemplo da pequena Cuba para os Estados Unidos é um câncer para o capitalismo; o imperativo categórico é destruir a experiência cultural, econômica e política, comandada pelo partido comunista; não fosse o alicerce do partido e da consciência soberana herdada da revolução a Ilha já teria desaparecido.
O perigo é a continuidade de Cuba na esfera do dólar, onde sua sobrevivência política corre risco na pandemia; o sufoco financeiro agora imposto por moeda digital obediente às regulamentações dos bancos centrais comandados por Washington é a emergência da guerra monetária de Tio Sam contra Cuba;os cubanos se deixarão morrer por asfixia ou gritarão Pátria ou Morte?
A salvação é a geopolítica; sair da esfera do dólar que a esmaga e buscar cooperação com China e Rússia é a opção pragmática – para o bem e para o mal – de Havana.
(*) César Fonseca é jornalista, editor do site Independência Sul Americana e um dos colaboradores do programa Tecendo o Amanhã, da TVCom Rio