Em abril de 2016, nas águas escaldantes do golpe iminente contra a presidenta Dilma, escrevi um artigo curto para o saudoso portal da Carta Maior, intitulado “O Fascismo do Século XXI e o Papel da Classe Média”. A ideia central era mostrar como a ruptura do poder, com o impeachment de Dilma, trazia consigo uma mudança de projeto de nação, de um Brasil inclusivo que permitia a ascensão de parcelas crescentes da classe trabalhadora a padrões mínimos de vida da classe média tradicional para um Brasil excludente, em que os detentores do privilégio reagem e formam coalizões de poder para barrar e retroceder a ascensão dos pobres. Utilizei a expressão “Fascismo do Século XXI” para definir esse movimento porque estava claro que o projeto de retrocesso dos pobres não era apenas uma questionável e mal formulada “Ponte para o Futuro”, e sim um projeto ultraliberal empacotado numa linguagem totalizante e moralizadora, do “combate à corrupção”, e se valendo de lideranças desconhecidas e até aquele momento desprezadas pelas elites intelectuais e culturais como forma de ascensão política, os “heróis-ninguém”, incrustados nas instituições do Estado.
Passaram-se seis anos, e os heróis-ninguém viraram ministros e seu maior representante, depois de 28 anos de seguidos mandatos parlamentares no baixo-clero da Câmara, liderou o país ao abismo de mais de 700 mil mortos por erros de gestão e ação do Estado numa pandemia. Há, além disso, mais de 33 milhões de brasileiros com percepção de fome em suas casas, o retorno da inflação a dois dígitos, os sistemas públicos de saúde e educação em crise de financiamento e o salário mínimo arrochado pela imposição de um teto fiscal de gastos draconiano e disfuncional, o crescimento estrutural da população desempregada e da informalidade dos empregados, o aumento da desigualdade pessoal da renda e a queda da participação dos salários no PIB, retraindo o mercado interno, a destruição dos órgãos republicanos e penetração de fundamentalismos religiosos na política pública mais básica, como proteção a vítimas de estupro, a destruição da Amazônia e de boa parte dos mecanismos regulatórios de proteção ambiental, a perda do monopólio legítimo da violência pelo Estado por meio do armamento desordenado e criminoso da população civil, o isolamento internacional do Brasil e sua incapacidade de gerir uma política externa soberana, o uso do aparelho de Estado para questionar as eleições democráticas e coibir os eleitores de votarem, o uso de símbolos nazifascistas na comunicação do Estado, como o lema “Pátria, Família e Liberdade”, reproduções de discursos nazistas em rede nacional, saudações nazistas por civis em manifestações – seis anos…, e parece que o projeto do Fascismo do Século XXI foi um inegável sucesso no Brasil.
Adolf Hitler sorria no inferno; mas se esqueceram que Lula estava vivo.
A altíssimo custo pessoal de 580 dias de prisão, a persistência de Lula em submeter-se ao sistema que golpeava a democracia criou uma anomalia insolúvel, cujo resultado surpreendente foi a produção de uma vacina contra o mal que atacava o Brasil de morte por infecção generalizada. À medida que o fascismo se aprofundava no Estado, as instituições voltaram-se ao poder pessoal do presidente Lula como saída para a degeneração do próprio poder institucional. Uma pena que Max Weber não está vivo para observar e classificar esse tipo de poder e seu movimento. Em uma vitória contra o Estado, contra a mobilização do orçamento público e das forças de segurança para fins descaradamente eleitoreiros, o amplo campo democrático erguido por Lula encontra-se agora diante do horizonte de devastação provocado pelo projeto fascista.
Para além da discussão de costumes e da desorganização institucional do governo Bolsonaro, as principais características desse período fantasmagórico da civilização brasileira estão nas transformações no mundo do trabalho, promovidas pelo ultraliberalismo imposto desde o golpe de 2016. E isso fica evidente quando comparamos o período atual com o passado próximo dos governos petistas. Lula e Dilma promoveram o maior aumento real do salário mínimo desde o governo João Goulart. Mais de 80% de valorização, sendo 56,2% somente nos governos Lula. O salário mínimo afeta diretamente um contingente de 50 milhões de trabalhadores e aposentados, no entanto, este poderoso mecanismo de redistribuição de renda foi literalmente arrochado por Bolsonaro, ainda que longe da intensidade do ajuste que foi imposto no passado pelo plano de estabilização que se seguiu ao Golpe de 1964.
Tanto Lula quanto Bolsonaro enfrentaram condições semelhantes de desemprego provocadas por crises anteriores a seus mandatos. Entretanto, ao observar a população absoluta desempregada, Bolsonaro assumiu com um contingente muito maior que Lula, vindo da crise do governo Temer. Durante a pandemia, a população de desempregados no país chegou a 14 milhões em 2020, enquanto essa população transitava entre 6 e 7 milhões no período de Lula. Além disso, Lula reduziu mais a taxa de desemprego que Bolsonaro, -22% contra -15,6%. A qualidade do emprego nos governos Lula melhorou, puxada pelos investimentos em infraestrutura, construção civil e serviços para o mercado interno, em crescimento. O padrão de redução de desemprego de Bolsonaro é de empregos de pior qualidade.
Tabela 2 – Desemprego
Lula reduziu sensivelmente a taxa de informalidade no mercado de trabalho brasileiro de 46% para 40%, enquanto Bolsonaro aumentou a informalidade – que já havia crescido fortemente após a “reforma” Trabalhista do governo Temer – de 48% para 49%. Mais trabalhadores informais significa mais pessoas desprotegidas e sem dignidade no trabalho. A redução da informalidade no governo Lula é explicada principalmente pelos novos empregos criados nos setores da indústria, infraestrutura e construção civil. Os pesados investimentos da época impulsionaram empregos de melhor qualidade.
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