Embora já seja conhecido o sucesso das políticas de ação afirmativa em colocar para dentro da universidade pública estudantes mais vulneráveis, ainda há poucos estudos sobre as dificuldades que esses estudantes encontram para se manter em seus cursos.
Para descrever essas trajetórias focando no problema da evasão, Luis Pedro combinou dados da Fuvest e do SiSU – como idade, gênero, perfil socioeconômico e nota de ingresso no vestibular – com dados sobre o desempenho semestral dos estudantes, trancamentos e abandono de curso.
A professora Marta Arretche já vinha estudando parte desses dados há algum tempo, a fim de compreender se a concessão de bolsas de estudo impacta o desempenho acadêmico dos cotistas vindos de escolas públicas e os autodeclarados pretos, pardos e indígenas. As bolsas desse programa piloto foram doadas pelo Itaú-Unibanco, que entrou em contato com a docente para fazer uma avaliação dessa intervenção.
“Eu fiz o acompanhamento do desempenho escolar desses alunos. O estudo mostrou que primeiro os alunos EP e PPI, de fato, eles entram mais atrás, mas depois eles recuperam o tempo perdido ao longo do curso. As bolsas são muito úteis para os alunos. O [piloto] teve alguma repercussão no setor privado e é isso que dá origem ao programa da reitoria hoje, que é o USP Diversa”, conta Marta.
O estudo de Luis Pedro tem algumas limitações, incluindo o fato de ter acompanhado uma única turma, com um contexto muito específico. Além de ter sido a primeira com ingressantes cotistas, a turma de 2018 também enfrentou a emergência sanitária causada pela pandemia de covid-19. Além disso, ao final de 2022 nem todos os ingressantes de 2018 haviam concluído seus cursos, portanto ainda é possível que alguns abandonem a graduação sem concluí-la.
Deixe um comentário