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Erotides Costa Silva, o mais santa-mariense dos grapiúnas

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Ele chegou aqui só pra dar uma olhada e voltar correndo pra sua Algodão, lá pelas bandas de Itabuna.

 

Como não podia ficar sem beber água, bebeu da de Santa Maria, a que ninguém esquece, do Corrente.

 

Adeus Algodão!

 

Só voltou lá pra pegar os pertences e avisar pras amigas e pros amigos que tinha descoberto uma cidade onde iria viver contente e levar uma vida digna.

 

E ainda trouxe o amigo Silerino a tiracolo, que também não conseguiu escapar da nossa aldeia.

 

Eró criou raízes na terra de Francisco Guarany, Clodomir Morais, Jurandi Assis e Osório Alves de Castro.

 

Começou mascateando, correndo trecho, Cocos, Coribe, Correntina, Santana, Açudina, Santo Antonio, Canápolis e tudo quanto era roça onde tinha gente querendo um vestido, um sapato, um pijama…

 

Até num povoado coribense chamado Deus Me Livre [o nome já denuncia] ele baixou antes de ir pra Pindaíba [idem].
Depois passou a tomar conta do bar municipal Canecão, onde o conheci.

 

Seu buteco percorreu vários lugares nas Ruas de Cima e de Baixo, até que finalmente ficou livre do aluguel e se fixou na Praça que deveria levar seu nome ainda em vida, no bairro do Malvão, a dois passos da Biblioteca Eugênio Lyra.

 

Se alguém me pedisse pra listar os dez melhores amigos que tenho na minha terra Erotides estaria na linha de frente, sem sombra de dúvida.

 

Erotides é daqueles seres que só sabem fazer o bem, nunca vi ele de mau humor mesmo quando prejudicado por alguns clientes que dele só queriam tirar proveito, como fui testemunha por várias vezes.

 

Esse grande homem Santa Maria tem orgulho de ter adotado, é dos nossos, admirado por todas as pessoas que com ele conviveram e convivem.

 

Nos primeiros dez anos deste século tive o prazer de ser frequentador assíduo do Bar do Eró e lá ficar batendo altos papos, ouvindo música da boa, ele gosta de Jackson do Pandeiro e outros bambas do choro, xaxado, xote…

 

Sofreu por uns tempos devido ao enviuvamento com cuja esposa, dona Betinha, teve uma dezena de filh@s.

 

Mas um dia apareceu Helena de Jaborandi, foi amor à primeira vista, nada a prazo, só amor aprazível amor, que gerou Éliton, que também já é pai.

 

Ontem recebi, em mensagem da professora museóloga Angélica Rodrigues, a lamentável notícia da partida de um dos meus maiores amigos de todos os tempos: Erotides Costa Silva.

 

 

Biblioteca Campesina, 31 outubro 2020 – 11 fevereiro 2023

 

(*) Por Joaquim Lisboa Neto, coordenador na Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória, Bahia; ativista político de esquerda, militante em prol da soberania nacional.

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