Mais um personagem que poderá ter grande protagonismo no desmascaramento das tentativas de golpe do governo passado acaba de aparecer no celular apreendido do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Um posto acima de Cid, o coronel Jean Lawand Filho, então exercendo o poderoso cargo de subchefe do Estado-Maior do Exército, mandou a Cid no dia 1º de dezembro de 2022, com Lula já eleito no segundo turno, uma áudio-mensagem na qual dizia:
— Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara.
Note-se em primeiro lugar a intimidade do tratamento: “Cidão” é mais que o colega, é o amigão, o brother de confiança, ao qual abre o coração aflito: “convence ele… ele vai ser preso…”
É uma autoconfissão, já que se trata não de um oficial qualquer e sim do subchefe do Estado-Maior. E “Cidão”, apesar de saber que o patrão estava derrotado e enrolado, não teve a cautela de apagar a mensagem ou, prevendo o que alguma perícia poderia revelar, de responder que nem poderia ou deveria levar esse recado a Bolsonaro.
Com o fim do governo deste, Lawand foi afastado do Estado-Maior do Exército e designado para um cargo em Washington, na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos, ainda nos dias de janeiro em que era Comandante do Exército o General Júlio Cesar Arruda, afastado por Lula depois do 8 de janeiro.
Como o relatório sigiloso da Polícia Federal que registrou essa mensagem não foi objeto de qualquer desmentido, nem do coronel Lawand nem da defesa de Mauro Cid, Lula determinou a demissão imediata de Lawland, pedido que foi imediatamente atendido pelo Comandante do Exército, General Tomás Paiva.
O Comando do Exército já tinha declarado, em nota enviada a O Globo, que “opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força”, que “eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal, e ainda que “na esfera administrativa, as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no âmbito da Força”.
Pouco depois, os advogados de Bolsonaro publicaram um comunicado dizendo que ele “jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado”. Não disseram, porém, se ele teve ou não conhecimento da mensagem de áudio do coronel. Mas acrescentaram que Mauro Cid, “pela função exercida”, recebia as demandas (pedidos de agendamento, recados, entre outros) que deveriam chegar ao conhecimento do Presidente da República.
Ficamos então sem saber se Bolsonaro soube ou não dessa mensagem e ele fica na obrigação de esclarecer, por iniciativa própria ou interrogado na Polícia Federal, o que aconteceu. Desde logo, porém, fica evidente que Bolsonaro se blinda e de novo joga a culpa exclusivamente sobre Mauro Cid.
Diante do vazamento de parte do relatório, o Ministro Alexandre de Morais resolveu levantar o sigilo em que ele estava e sua publicação desencadeou uma nova derrama de informações. Por exemplo a de que um dos militares investigados por sacar dinheiro vivo e realizar pagamentos de contas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou das invasões de 8 de janeiro. Trata-se do segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, que chegou a subir na cúpula do Congresso. O sargento fazia parte da equipe de Mauro Cid na Ajudância de Ordens de Bolsonaro. Ele também foi um dos presos na operação da PF contra fraude em cartões de vacina de Bolsonaro e ajudantes.
Enquanto isso, os advogados de Cid pediam ao Supremo que ele não seja obrigado a depor na CPMI do Congresso que investiga os acontecimentos de 8 de janeiro e também que ele não seja submetido a falar a verdade, que possa ficar em silêncio e que, forçado ou não a depor, tenha direito a não sofrer constrangimentos físicos, morais e psicológicos.
A LAVA JATO FORA DE FOCO
O caso do coronel Lawand eclipsou, pelo menos por um momento, as agruras da Lava Jato, mas o Corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Ministro Luís Filipe Salomão já está em Curitiba para iniciar uma auditoria nas contas da 13ª Vara da Justiça Federal, a que foi de Sérgio Moro.
Segundo a coluna de Mônica Bérgamo, na Folha de S.Paulo, o juiz Eduardo Appio, que foi afastado de suas funções nessa Vara, declarou em depoimento confidencial ao Conselho Nacional de Justiça que, no momento de seu afastamento, estava rastreando a aplicação de R$ 3,1 bilhões, fruto de acordos da Operação Lava Jato.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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