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Em audiência pública, presidente da ABI conclama a sociedade a denunciar o “arremedo de golpe”

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O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), jornalista Octávio Costa, conclamou a sociedade civil organizada, as forças democráticas e entidades, a se organizar e ir às ruas para denunciar o que ele classifica de “arremedo de golpe”, que vem sendo feitopelo presidente da República, Jair Bolsonaro, seu grupo político e por militares.

 

 

“_Eu acho que todas as entidades, todas as forças democráticas, mais a sociedade civil, têm que se mobilizar já e denunciar imediatamente, todo esse arremedo de golpe que está em preparo, denunciar os militares que estão pensando em não respeitar o processo eleitoral e o resultado das eleições. Então, nós temos que já nos mobilizar e, se possível, ir para as ruas – se não agora, daqui a 15 dias, daqui a um mês; o país não vai aceitar esse arremedo de golpe, esse tipo de ameaça”, afirmou Octávio Costa.

 

 

A afirmação do presidente reeleito da ABI, foi feitana última quarta-feira, 15, durante a Audiência Pública Interativa, realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, paradebater os ataques à liberdade de imprensa e os riscos da atividade jornalística e da livre expressão no Brasil; ataques estes, provocados, em sua maioria, pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

 

 

A audiência pública foi convocada pelo senador Humberto Costa (PT/PE), médico e também jornalista, que justificou a importância desua realização, “exatamente pela ocorrência de casos gravíssimos de violência contra os profissionais de imprensa”, e destacando, como exemplo emblemático, o caso dos repórteres Lucas Neiva e Vanessa Lippelt, do Congresso em Foco,portal que há 18 anos, atua cobrindo a políticabrasileira, com destaque, o Parlamento.

 

 

Sylvio Costa
Sylvio Costa, do Congresso em Foco. Foto Agência Senado

O primeiro a falar na audiência,foi o jornalista Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco, que denunciou as ameaças que Lucas Neiva e Vanessa Lippelt receberam, nos últimos dias. Sylvvioexpos em sua forma literal, a ameaça enviada à redação, dirigida à editora Vanessa Lippelt: “Vou te matar, sua vagabunda! Eu já tenho os seus dados e os dados de toda a sua família. Viajarei até sua casa com a arma que estou enviando a foto em anexo. Tenho duzentas balas. Assim, fazer a festa no seu cafofo e provavelmente morrer em um belo confronto com a polícia depois de estuprar você e todas as crianças presentes”.

 

 

Segundo Sylvio, o portal recebeu outras ameaças ainda mais grosseiras e de baixo nível. Ele disse que Vanessa está de licença médica, devido ao estresse emocional causado pelas ameaças dos terroristas digitais, que insistem em não aceitar o fato de a jornalista ter revelado em reportagens recentes, atividades de uma escola paramilitar em Brasília, voltada para crianças, a partir de cinco anos de idade.

 

 

Eis o relato de Sylvio Costa, sobre a denúncia feita pelo portal:

 

 

“_ Esses meninos e meninas são enfiados em uniformes militares e submetidos a treinamentos em que aprendem canções com letras como: “A pele do inimigo eu pus no mastro da bandeira. Por isso sou chamado faca na caveira”. Crianças, repito, a partir de cinco anos de idade. A própria escola postou na internet vídeos em que os alunos terminam algumas – entre muitas aspas – “aulas” com o refrão “Brasil acima de tudo”, aquele mesmo refrão que a gente sabe que copia o brado nazista “Alemanha acima de tudo” e que foi adotado por um Presidente da República bastante conhecido e que considero dispensável nominar aqui. Enfim, Vanessa faz jornalismo, e fazer jornalismo, como estamos vendo, ficou algo muito perigoso no Brasil”, afirmou Costa.

 

 

Como denunciou Sylvio Costa, o repórter Lucas Neiva também recebeu ameaças de morte e teve seus dados vazados, por ter mostrado, em reportagem publicada no dia 4 de junho, como um fórum anônimo da internet (denominado 1500chan, em inglês,channel, sob domínio de defensores de Bolsonaro),foi usado para discutir a produção artificial de “notícias” (aspas do próprio Sylvio Costa), para favorecer a reeleição do PresidenteBolsonaro.

 

 

Racista, misógino e homofóbico, o espaço não permite à participação de mulheres, exalta a violência e os valores nazifascistas e faz apologia à cultura de ódio. Entre as mensagens de ameaças a Lucas, Sylvio citou uma delas, que circulou em um link para votação, que dizia:  “Acabamos com a vida dele ou ignoramos isso? O meio-termo só vai prejudicar o chan”.

 

 

Sylvio Costa afirmou que diante de tantos ataques ao exercício do jornalismo, o que não é um fato isolado, o portal resolveu levar a sério as ameaças, procurou a polícia, buscou assistência jurídica, criou um comitê de crise e está reforçando os mecanismos de segurança digital, pessoal e patrimonial.

 

 

O colunista e escritor Jamil Chade, outra vítima do ódio à imprensa, alertou os participantes da audiência pública para o fato de que os jornalistas estão sob ataque porque a imprensa faz parte da infraestrutura da democracia. “Portanto, quem está sob ataque não é apenas um jornal ou uma profissional: o que está sob ataque é a democracia”, destacou.

 

 

Na sua opinião, o debate sobre a segurança dos jornalistas e a liberdade de expressão precisa sair dos corredores das redações, e ser levado para a sociedade, as escolas, as associações, as empresas, as igrejas e o Senado.

 

 

“_  Enfim, nós precisamos tirar o debate sobre a liberdade de imprensa e colocar, de fato, como um debate de sociedade brasileira. (…) Quando o meu direito de ter acesso à informação é minado, é a população que fica cega; é o eleitor que é alvo de manipulação; é o contribuinte que fica sem saber para onde foi o seu tempo e o seu trabalho traduzido, claro, em impostos; é o cidadão que tem, no fundo, a sua soberania sequestrada – “soberania”, essa palavra tão complicada atualmente e maltratada, pelo menos, por alguns que estão no poder hoje. Ir buscar, Senador, uma história não é um trabalho de um aventureiro, mas é um direito de uma sociedade democrática, e nós não abriremos mão disso”, afirmou.

 

 

Segundo Jamil Chade, os conceitos de liberdade, liberdade de expressão e democracia foram sequestrados por grupos que utilizam esses mesmos termos para cometer violações. Neste contexto, ele oferece três pontos ao debate: ataques contra a imprensa e não ataques virtuais; não existem moleques inconsequentes, mas, método, objetivo e recursos para minar a fiscalização sobre o poder e, por fim, há uma tendência global à criminalização do jornalismo, inclusive, com jornalistas mortos e detidos, conforme dados da Unesco.

 

 

Antes de encerrar sua participação na audiência pública, Jamil lançou para os participantes da audiência, o desafio de pensar sobre como a imprensa deve se preparar,caso um golpe venha a se consolidar no Brasil.

 

 

“_ Nós iremos ou não transmitir a desinformação ou ato que visa justamente tirar a legitimidade de um processo legítimo eleitoral? Qual será a nossa reação nesse dia? Daremos os nossos microfones para a fraude contra a democracia ou não?”, indagou.

 

 

Considerando muito adequadas as manifestações e questionamentos do colunista, acerca do que está em jogo no país, hoje, o senador Humberto Costa, asseverou ser imprescindível, garantir o pleno exercício do jornalismo para o funcionamento da sociedade, o que significa consolidar, preservar e fortalecer a democracia, comprometendo-se com o interesse público.

 

 

“_ Portanto, a nossa posição de, na Comissão de Direitos Humanos, puxar esse debate por mais de uma vez é algo que é, pura e simplesmente, o cumprimento de uma obrigação constitucional que tem o Parlamento brasileiro e o nosso compromisso como cidadãos”, concluiu.

 

 

Falaram ainda na audiência pública, Beth Costa, coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC);Patrícia Campos Mello, da Folha e pesquisadora associada da Universidade Columbia; Enrico Rodrigues de Freitas, Procurador da República da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC); Natalia Mazotte, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI); Maria José Braga, presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ); Bia Barbosa, coordenadora de Incidência da Repórteres sem Fronteiras (RSF) para América Latina; Elisabeth Costa, Conselheira e Coordenadora da Comissão Permanente de Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH/MMFDH); Paulo Freire, da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e um representante do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

 

 

(*) Por Edneide Arruda – jornalista e diretora de Comunicação da Associação do Jornal Brasil Popular.

 

 

Foto da capa/legenda: Octávio Costa, presidente da ABI. Foto: Agência Senado



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