No poema Cidadão de Bens, do livro Reencantar, reflito sobre os neoconservadores e como eles temem e perseguem as artes. “Cuidado a você que sonha longe / Eles têm mesmo medo é dos poetas / Realidade expomos como estetas / Astutos meditamos como monges”, afirma o poema. Em sua conclusão, homenageio o grande Mário Quintana, meu conterrâneo, alertando: “Pois eles passarão nós passarinhos / Nós somos as ideias que despertam”, como também nos ensinou Luís Inácio, minutos antes de sua injusta prisão.
Mas qual seria o papel dos poetas em suas reflexões e alfarrábios, saraus e performances, em lives nas tais redes digitais? Téophile Gautier, nos idos de 1832, definiria a “Arte pela arte” como fundamento de uma arte acrítica, com objetivo final em si mesma, romantizando excessivamente seus fazeres.
Já nosso povo do “poetariado organizado e resistente”, do Distrito Federal, nestes tempos de Era de Aquários, em especial, nossos irmãos da Tribo das Artes, de Taguatinga, vaticinavam: “Não basta fazer arte, ela tem de incomodar!”. Filiado a essa segunda escola, observo ainda o papel importante do caminhar dos e das poetas. Decidam-se por suas posturas, isso é de liberdade e visões muito pessoais, mas sabemos que, em geral, pessoas com sensibilidade e coração para registrar e publicar a palavra sentida são também, em maioria, pessoas de imensa sensibilidade humana, empatia natural e senso de justiça e amor ao próximo.
Assim sendo, nós que construímos a tal lida poética, essa dos e das que “carregam água na peneira”, como diria Manuel de Barros, sabemos como é crucial, em tempos bicudos de tamanhos atentados à vida, aos direitos básicos e ameaças à democracia, seguirmos firmes dando alento às pessoas. Com nossa perspicácia em trazer leveza ao jeito de ver a vida, de enfrentar as dores que nos afligem, e minimizar o sofrimento tão em voga em tempos de pandemônios e vírus letais a solta. Outros jeitos de ver e ler a vida, com a certeza das incertezas, sem, no entanto, perdermos a esperança na humanidade.
A palavra falada, com a generosidade de quem lê seus escritos e encanta corações, ou mesmo busca o que definiu o título do meu último livro, o Reencantar, define em grande medida essa dedicação de conectar até corações endurecidos pelas mentiras ultraconservadoras.
Este período de tantas reclusões, de isolamentos e tamanhas agonias nos exige nova postura amorosa, e não fossem as póeticas, em todas as linguagens de arte que se apresentam, e muitos e muitas mais poderíamos ter nos perdido ante o caos. É tempo de versar amores, lembranças, curar feridas, enfim, expor nossos sentimentos, e nada melhor que rimar para buscar essa esperança. Esperançar, como diria Freire, talvez seja a maior missão dos e das poetas neste tempo. Publiquemos pois, não há mais nada a perder.
(*) Por Vinicioz Bórba, @poetaviniciozborba
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