Neste início de 2022 o Brasil inteiro deveria estar comemorando os 200 anos da proclamação de sua independência, mas, os principais registros da mídia, mostram-se inteiramente ocupados com as iniciativas diárias do governo Bolsonaro, obsessivamente contra a vida. Sempre contrariado, sempre mal-humorado, ele precisa a cada dia ou a cada madrugada mal dormida inventar alguma reclamação, alguma queixa, alguma recusa que acobertem sua indiferença e inação diante de qualquer de suas responsabilidades e cultivem o voto futuro de sua clientela cada vez menor.
Bolsonaro detesta as vacinas e, já que não tem como impedir a das outras crianças, anunciou que não permitirá a vacinação de sua filha Laura, de 11 anos. Com pressa de agradar o chefe ou obedecendo a ordens deste, o Ministro da Educação Milton Ribeiro fez publicar no Diário Oficial um parecer que na prática proíbe a exigência de vacinação nas instituições federais de ensino.
Parte da mídia equivocou-se, noticiando que a proibição atingiria apenas as universidades federais, e os reitores de muitas destas mobilizaram-se para ir ao Supremo contra o parecer e em defesa da autonomia universitária.
Esse equívoco escondeu do público uma informação talvez pertinente: além das universidades, outras instituições federais de ensino poderiam ser alcançadas indiretamente pela proibição, entre elas os colégios militares, de um dos quais, o de Brasília, é aluna a filha de Bolsonaro.
Os colégios militares são subordinados ao Departamento de Educação e Cultura do Exército, mas seria estranho estes exigirem a vacinação proibida em outras instituições federais de ensino, como as universidades. Como reagirão nesse caso os pais de outros alunos, obrigados a conviver com uma colega não vacinada? No mínimo, o parecer endossado pelo Ministro da Educação cria a confusão necessária para o bolsonarismo manter o fogo aceso contra as vacinas.
A decisão de Bolsonaro sobre sua filha contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente, que considera obrigatória a vacinação, quando decidida pela autoridade sanitária. O Ministério da Saúde já negou que a Anvisa tivesse autoridade para cobrar a vacinação das crianças de 5 a 11 anos, mas depois informou que a vacina estaria disponível para essa faixa de idade já em janeiro.
Diante disso, como ficam as coisas? A recusa de Bolsonaro pode ser levada ao Conselho Tutelar de Brasilia como sugerem alguns juristas? O que vai fazer o comando do Exército em relação às crianças e aos adolescentes matriculados nos colégios militares?
A confusão pode ser o que mais interessa a Bolsonaro e aos muitos interesses econômicos que se abrigam sob as dobras do bolsonarismo. Quem assistiu ao filme do momento, o Não Olhe para Cima, percebeu como é fácil fazer desacreditar a ciência e suas advertências e aproveitar esse descrédito para favorecer os piores desses interesses.
Bolsonaro tenta desesperadamente chegar ao segundo turno da eleição presidencial deste 2022, o que se mostra cada vez mais difícil. Suas prolongadas férias em Santa Catarina, no momento em que o Bahia sofria com as enchentes, causaram indignação à maioria dos brasileiros, mas ele atraiu aglomerações nos lugares em que se exibiu.
Segundo o grande ator José de Abreu, Bolsonaro já estaria decidido a desistir da reeleição e a candidatar-se a senador por Santa Catarina, tendo como suplente o empresário Luciano Hang. Isso, se for verdade, explicaria duas coisas: primeiro, as mudanças na direção do Instituto do Patrimônio Histórico quando este embargou as obras de uma nova loja de Luciano; e agora o desejo manifestado por Bolsonaro de não ser obrigado, por causa da Bahia, a interromper sua estada e virtual campanha em Santa Catarina.
A chegada do Ano Novo, já tão desprovida de expectativas por causa da Covid, torna-se no Brasil ainda mais melancólica por causa desse quadro político dominado por manchetes e notícias tão desanimadoras.
Não se tem notícia até agora de qualquer iniciativa do governo para comemorar os duzentos anos de proclamação da Independência. Mas ao menos Élio Gaspari, em sua coluna, nos deu estes dias uma informação risonha: já em 1817, antes da Independência, o governo de D. João VI promovia uma primeira campanha de vacinação, contra a varíola. Mais de duzentos anos depois, o Presidente da República e seus Ministros da Educação e da Saúde sabotam a vacinação contra a Covid.
(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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