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Depois da CPI de Trump, uma CPI sobre Bolsonaro?

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Com a previsível exceção da Fox News, passionalmente pró-Trump, todas as redes de TV americanas, especialmente a CNN e a MSNBC, cobriram ao vivo na semana passada a sessão em que foi apresentado um primeiro sumário dos resultados das investigações da comissão de inquérito da Câmara dos Representantes sobre os acontecimentos de 6 de janeiro de 2020 em Washington, a invasão do Capitólio, o edifício-sede do Congresso dos Estados Unidos.

 

A invasão, um verdadeiro ato de guerra com mortos e feridos, além de danos materiais, foi uma tentativa de impedir que o Congresso, reunido naquele momento no Capitólio, confirmasse a eleição de Joe Biden tanto no voto popular quanto no colégio eleitoral que decide em última instância quem será o novo Presidente dos Estados Unidos. 

 

Já aconteceu de o colégio eleitoral, que representa os Estados, eleger o perdedor no voto popular, mas Trump tinha perdido no voto popular e também no colégio eleitoral e apesar disso seus partidários alegavam fraude na eleição popular e queriam impedir que o Congresso cumprisse a simples formalidade de tomar conhecimento da decisão do colégio eleitoral.

 

A invasão do Capitólio aconteceu depois de um discurso incendiário de Trump e as investigações da comissão da Câmara, que funciona como no Brasil funciona uma CPI, vinham acrescentando provas e mais provas da responsabilidade e do comportamento de Trump. Nessa primeira sessão transmitida ao vivo pela TV, a comissão ouviu novos depoimentos e apresentou imagens de depoimentos anteriores e de acontecimentos do dia da invasão.

 

Entre fatos ainda desconhecidos, a CPI tinha o depoimento do auxiliar de Trump que comunicou a ele como estavam os invasores se comportando. Nesse momento o então Vice-Presidente Mike Pence presidia a sessão do Congresso e dava andamento à contagem de votos, recusando-se a reconhecer as alegações de fraude que poderiam anular a eleição.

 

Decepcionados e revoltados, os invasores gritavam:

 

— Enforquem Mike Pence! Enforquem Mike Pence!

 

Informado disso na Casa Branca, Trump respondera com uma frase que, traduzida, significaria:

 

— Talvez seja uma boa ideia. Pence merece…

 

Revelações como essa chocaram as dezenas de milhões de pessoas que assistiam à transmissão. Velhos jornalistas compararam o impacto dessa transmissão com as que tinham acompanhado meio século antes, as transmissões ao vivo das quais quase resultara o impeachment de Richard Nixon e resultou sua renúncia no caso Watergate.

 

Mais cinco transmissões no mesmo formato e sempre em horário de grande audiência devem provocar novas ondas de choque e indignação e é inevitável que essa CPI da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos tenha consequências.

 

Como Trump já está fora do governo, o mínimo que se pode esperar é que não tenha a possibilidade de ser candidato na eleição de 2024. Além disso, os resultados da CPI acabarão fatalmente na Justiça, em ações criminais e de reparação.

 

No Brasil os comportamentos de Trump e até sua linguagem são sempre mimetizados por Bolsonaro, que notoriamente se prepara para alguma tentativa de virar a mesa, antes ou depois das eleições, mas de preferência antes. Sendo cada vez menos provável que venha a dar certo qualquer tentativa dessa ordem, torna-se provável que venhamos a ter no futuro Congresso uma CPI sobre Bolsonaro e suas iniciativas golpistas – CPI que naturalmente será recebida com muito ceticismo, como sempre acontece.

 

Isso aconteceu com a CPI da Covid, mas ela foi útil de imediato, por ter destravado a ação governamental que Bolsonaro tentava frear, e ainda pode ser útil a longo prazo, embora neste momento não exista qualquer expectativa bem definida a respeito.

 

Quanto a uma futura CPI sobre Bolsonaro, ela pode, no mínimo, conter seus partidários mais passionais e o próprio Bolsonaro no momento em que tentarem virar a mesa.

 

(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.

 

 

 




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