Uma delegação brasileira participou, na tarde deste sábado (22), da 3ª Conferência Internacional Solidaridad com Venezuela y ALC. O evento foi realizado virtualmente com representantes de vários países. Entre os integrantes da delegação do Brasil, participaram o jornalista Beto Almeida, da Telesur, da TV Comunitária de Brasília e do Jornal Brasil Popular; Antônio Lisboa, da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Gilberto Carvalho, do PT; Niro Barrios, do Jornal Brasil Popular; João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Promovida pela Equipo de Formación, Información y Publicaciones (Efip) e conduzida por José Luís Bolívar La Cruz, a conferência teve o objetivo de discutir propostas e iniciativas para elaboração de um plano de ação em favor do país vizinho que, apesar de viver sob ataques constantes de potências mundiais, principalmente pelos EUA, com embargos econômicos e outros ataques à sua soberania, foi o país que socorreu o Brasil e o povo amazônida, em janeiro deste ano, quando governo Jair Bolsonaro (sem partido) deixou faltar até oxigênio nos hospitais públicos para os milhares de casos graves de Covid-19 que ocorreram na região.
3a. Conferencia internacional Solidaridad con Venezuela y ALC Siguenos en vivo https://t.co/56IVdHT1Jn
— EFIP (@efipvenezuela) May 22, 2021
“O tema da Venezuela e de solidariedade com a Venezuela é um tema que afeta um país que está sofrendo uma guerra econômica, monetária, midiática e uma guerra com ações concretas de sabotagem física: eletricidade, ações nas fronteiras e outras manobras cujo objetivo é sufocar a revolução bolivariana por tudo que há alcançado e por tudo que pode alcançar”, disse Beto Almeida, analista político e jornalista.
Gilberto Carvalho, do PT, fez uma breve análise da situação do Brasil e disse que o País vive um momento contraditório. “O Brasil vive um momento muito contraditório de uma dor terrível de mortes que se acumulam todos os dias [por causa da Covid-19], de desemprego, de fome. A fome, terrivelmente, voltou ao Brasil e também temos, sobretudo, um governo que planta o ódio: o ódio interno, mas também o ódio a todos aqueles que foram os nossos aliados, no caso específico, da Venezuela. Contraditoriamente a essa dor, temos uma grande esperança”, disse.
Ele informou que, nos últimos tempos, a conjuntura brasileira tende a se alterar e que se afigura como muito possível – “não provável, mas, muito possível” – o Brasil dar um fim a este governo de morte por meio do crescimento muito popular apoiado muito fortemente pela candidatura do ex-presidente Lula. E destacou: “Não somos ingênuos. Sabemos das dificuldades todas que teremos pela frente, mas entendemos que, há médio prazo, uma forma essencial para recompormos essa solidariedade latino-americana é justamente ganharmos o governo no Brasil e derrotarmos todo esse fascismo que se afigura no Brasil, na Colômbia e em tantos outros países”, analisou.
Carvalho disse, ainda, que o empenho para a retomada de um governo popular no Brasil e derrotar o fascismo tem dimensão interna e externa. “Lembro-me com muita saudade do tempo do governo do presidente Lula e das relações estreitas e absolutamente fraternais que seja com o governo Hugo Chávez seja com Nicolás Maduro, enfim, com o povo da Venezuela”.
João Pedro Stédile, do MST, destacou a relação estreita de solidariedade do movimento com a Venezuela, sobretudo da Frente Brasil Popular e da Alba Movimento (Alternativa Bolivariana para as Américas), bem como pelas brigadas, que existem desde o ano 2000, e se renovam com militantes que atuam em atividades concretas juntamente com o povo venezuelano, principalmente nos temas de produção de sementes, na formação agroecológica e política.
“Eu estou convencido, como muitos, de que a Venezuela é o principal laboratório do império gringo, aplicando esse as chamadas guerras híbridas”, denuncia a liderança dos sem-terra. Ele mostra, na tela, o livro “Guerras híbridas – Das revoluções coloridas aos golpes”, de Andrew Korybko, um jornalista, analista de geopolítica russo, conselheiro do Strategic Studies and Predictions, que constrói um novo conceito para explicar as novas táticas dos Estados Unidos para derrubar governos. O livro pode ser adquirido pela editora Expressão Popular.
“Ou seja, os gringos aprenderam no Oriente Médio de que já não podem enviar fuzileiros navais a qualquer país até porque foram derrotados no Afeganistão, na Síria, no Iraque – perderam centenas de milhões de dólares – e não fizeram nada a não ser matar a população”, disse a liderança dos sem-terra.
Também integrante da delegação brasileira, o professor e sindicalista Antônio de Lisboa Amâncio Vale, da diretoria da CUT Brasil e conselheiro de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT), também fez um diagnóstico da luta do povo venezuelano e também da situação que o Brasil e América do Sul.
Ele destacou a solidariedade da CUT aos trabalhadores e ao movimento sindical venezuelano, notadamente as relações de trocas, informações e apoio com a Central Bolivariana dos Trabalhadores da Venezuela (CBTV) e a Central de Trabalhadores/as ASI da Venezuela.
A ASI é uma central sindical independente, reconhecida, recentemente, pelo governo venezuelano e que integra a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas.
“Também atuamos na defesa do Estado venezuelano em todos os fóruns internacionais que participamos. Eu cito, por exemplo, uma série de batalhas que vimos travando nos fóruns da Organização Internacional do Trabalho. Eu represento os trabalhadores brasileiros no Conselho de Administração da OIT e vimos, desde antes, mas especialmente de 2014 até agora, em duas batalhas contra os empregadores e contra boa parte dos governos, e mais recentemente contra o grupo denominado “grupo de Lima”, que tem pretendido a cada momento punir a Venezuela. Na verdade, não pune somente o governo da Venezuela, pune o Estado venezuelano com medidas duras e absurdas”.
Assista, aqui, no Jornal Brasil Popular, a íntegra da 3ª Conferência Internacional Solidaridad com Venezuela y ALC disponível no YouTube.