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Da escola de Sapobemba à eleição na Argentina  

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Um dia depois da eleição presidencial na Argentina e com a guerra ao Hamas não poupando nem crianças, um adolescente de 16 anos matou a tiros, numa escola de Sapopemba, um dos bairros mais pobres de São Paulo, uma colega de 17 anos e feriu outras duas, de 15 anos.

 

A arma usada foi um revólver calibre 38, de propriedade do pai, revólver que o rapaz conseguira subtrair, já carregado ou com a munição também a seu alcance.

 

Há algum tempo o adolescente e a mãe tinham ido à polícia fazer um boletim de ocorrência sobre o bullying que ele sofria na escola por ser homossexual, mas o que se soube depois do ataque é que a colega morta não participara desse bullying. 

 

Ele apanhava do pessoal – por ser gay, disse um aluno da escola – e chegou até se assumir hétero de novo para não apanhar, não sofrer mais. 

 

A investigação do caso logo revelou que no celular do filho a mãe descobrira um texto muito cruel de racismo (contra uma idosa negra e pobre) e um selfie dele com a suástica desenhada no rosto. Interpelado pela mãe, ele respondera não saber o que significava a suástica. 

 

A conexão do ataque com o bullying e a do bullying com a homossexualidade do atacante não seriam sem precedentes, nem a do rapaz com a manifestação racista e o símbolo nazista desenhado em seu rosto, embora ele alegasse ignorar o verdadeiro significado dele. Mas alguma coisa importante deveria significar, pois o fotografara em seu próprio rosto.

 

Aparentemente o ataque não foi dirigido contra colegas que mais atormentaram o adolescente, foi indiscriminado – e a colega morta estava inocente de qualquer ação contra ele. Não foi, portanto, uma vingança; foi um protesto contra o mundo em geral, incapaz de aceitar a diferença e respeitá-la.

 

A mesma coisa, em proporção muito maior, aconteceu dois dias depois numa cidade do Maine, nos Estados Unidos, onde um instrutor de tiro e ex-militar do Exército matou um total de 18 pessoas e feriu mais 13, algumas num salão de boliche, outras num bar a quilômetros de distância.

 

Os dois casos aconteceram num momento especialmente cruel na guerra ao Hamas, quando este dizia que chegava a 3 mil o número de crianças mortas na Faixa de Gaza e viralizavam nas redes sociais no mundo inteiro fotos de filas de corpos de mortos amortalhados em lençóis brancos, alguns de adultos, outros, bem menores, evidentemente de crianças.

 

Da Argentina, enquanto isso, vinham expectativas para o segundo turno da eleição presidencial, marcado para 19 de novembro, e novas imagens, de interesse para o público brasileiro, sobre momentos finais da campanha do primeiro turno.

 

Neste, o extravagante candidato de extrema-direita, Javier Millei, tivera 30% dos votos, derrotado pelo candidato governista Sergio Massa, com 36%, ficando em terceiro lugar a candidata de centro-direita Patricia Bullrich, com 23%. Bullrich, que lutara contra a ditadura militar tão defendida por Millei, resolveu apoiá-lo, tornando possível uma virada no segundo turno e a instauração na Argentina de um governo comprometido com toda a pauta retrógrada da extrema direita mundial, acrescida de uma promessa macabra: a permissão para órgãos do corpo de pessoas vivas serem comprados e transplantados, de modo a possibilitar que um argentino pobre compre comida com a venda, por exemplo, de um de seus rins.

 

Dos momentos finais da campanha, o Brasil tomou conhecimento do vídeo de uma entrevista do filho 03, Eduardo Bolsonaro, a um canal de TV de Buenos Aires. Quando defendia outra pauta comum a seu pai e Milei, a liberação das armas de fogo – as armas dos atiradores de Sapopemba e do Maine, Eduardo foi simplesmente interrompido pelo entrevistador e tirado do ar.

 

— Então – dizia ele – avançar na [liberação] de armas de fogo para os cidadãos significa dar condições para sua legítima defesa, para que eles sejam…

 

O entrevistador interrompeu:

 

— Quão generosa é a Argentina e são os argentinos para receber esse tipo de pessoa!  

 

Nos dias seguintes à eleição, uma pesquisa realizada pelo Atlas Intel, único instituto de pesquisas a prever corretamente a vitória de Sergio Massa no primeiro turno, indicou que o apoio dos Bolsonaro não foi bem sucedido na Argentina. O diretor-executivo da Atlas Intel, Andrei Roman, afirmou que o apoio público de Jair Bolsonaro foi rejeitado “por conta de [seu] governo. considerado caótico, principalmente no contexto da Covid-19”.

 

— A Argentina – acrescentou Roman  –  é consideravelmente mais progressista que o Brasil em termos de valores sociais: quase 70% do eleitorado argentino apoia o casamento gay. 

 

(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.




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