Centro de Dança do DF recebe a oficina “Matriarcado e Oralidade nas Danças Afro-brasileiras”
por Redação – Jornal Brasil Popular/DF em
Contemplado pelo FAC-DF, projeto busca apresentar a importância das mulheres negras na produção e transmissão das danças afro-brasileiras
Nos dias 1º, 7 e 8 de abril, a dançarina e jornalista Jô Gomes vai aplicar a oficina “Matriarcado e Oralidade nas Danças Afro-brasileiras”. Serão três encontros de duas horas cada, realizados no Centro de Dança do DF, sempre às 14h. Segundo ela, as oficinas darão ao público a oportunidade de conhecer conceitos e movimentos corporais que destacam o protagonismo das mulheres negras nas Danças Afro.
A oficina é gratuita e para participar basta preencher o formulário disponível no link: https://forms.gle/b1XnhodPu9t7oqDn7. O projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).
Durante a oficina, serão apresentadas movimentações de danças tradicionais e urbanas, do continente e da diáspora africana, com destaque para aquelas que fazem referência ao matriarcado. A própria definição de matriarcado, oralidade e Danças Afro será debatida e estudada com mais profundidade, a fim de desfazer estereótipos.
“Matriarcado não é feminismo, muito menos ‘guerra aos homens’. É um sistema social que valoriza a mulher sem subjugar o homem, que busca o equilíbrio e o respeito às energias masculinas e femininas. Na nossa sociedade, isso não parece possível, mas é, e as Danças Afro são muito influenciadas por essa forma de pensar”, diz a pesquisadora, que estuda os temas há cerca de 10 anos.
Importante lembrar a influência do matriarcado nas muitas movimentações de danças de matrizes africanas tradicionais. Por exemplo, na relação simbólica entre o ventre e a terra, com os joelhos dobrados e o tronco inclinado para o chão – movimento presente em muitas danças.
A brasiliense destaca que oralidade também não é o oposto da escrita: é a interpretação dos saberes pelo corpo; a aprendizagem pela experiência, observação e prática de escuta; e uma ferramenta de preservação da memória. “Dança, corpo, contos, músicas, roupas, tudo conta história, de diversas formas. E se tem uma coisa que nós, negros, temos é história”, detalha.
Foi por meio da oralidade que muitas tradições africanas foram preservadas por gerações e sobreviveram até os dias atuais, recebendo acréscimos ou perdendo elementos numa dinâmica que construiu a cultura de muitas nações. “Muito do que reconhecemos hoje como ‘brasileiro’ na verdade tem matriz africana, sobretudo quando falamos de cultura popular”, ressalta.
A pesquisa que dá nome à oficina faz parte do projeto de mestrado de Jô Gomes, aprovado no primeiro semestre de 2021 no Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e está na fase de finalização para a defesa.
Popularização do conhecimento
O projeto prevê ainda o lançamento do site www.matriarcadoedancasafro.com.br a fim de popularizar conteúdos sobre estes três temas, que são pouco estudados juntos. A proposta é usar uma linguagem simples, para que todo mundo possa compreender os conceitos e como eles se aplicam em suas vidas. Serão disponibilizados artigos, vídeos, além da própria dissertação na íntegra assim que estiver disponível.
Formada em Jornalismo e com três pós-graduações, Jô Gomes entende a importância de compartilhar conhecimento, sobretudo acerca de povos historicamente marginalizados. “A forma como a academia lida com a produção intelectual de pessoas pretas e indígenas nos impede de acessar conteúdos que são fundamentais para a compreensão da nossa cultura, e, consequentemente, de nós mesmos”, explica.
A realização dessa pesquisa e das oficinas é uma oportunidade, tanto para a pesquisadora quanto para o público, de conhecer mais sobre as raízes africanas da dança brasileira, além de demonstrar como as mulheres tiveram um papel fundamental na criação e disseminação de novos estilos de dança baseados em tradições africanas.
Pesquisa afrorreferenciada
Danças Afro-brasileiras são todas aquelas que surgiram no Brasil mas que possuem em sua origem a influência de danças tradicionais africanas. Apresentam a relação entre corpo, natureza e sociedade, além da relação com a espiritualidade, sendo ainda uma forma de resistência política e histórica, pois sobreviveram a diversas opressões. As Danças dos Blocos Afro da Bahia, a Simbologia dos Orixás e a Dança Afro-contemporânea são alguns dos exemplos de danças que serão abordadas na oficina.
O repertório artístico da pesquisadora não separa teoria e prática, corpo e mente. Por isso, o público participante terá acesso a conteúdosafrorreferenciados, ou seja, produzidos sobre e por pessoas pretas. “Trata-se de algo urgente e necessário, pois nossas danças e nossos corpos precisam ser estudados a partir de nossos próprios referenciais”, reflete.
Sobre Jô Gomes
Jô Gomes é bailarina, coreógrafa, pesquisadora e professora de danças africanas, do continente e da diáspora, tradicionais e urbanas. É mestranda em Dança na Universidade Federal da Bahia (UFBA) onde pesquisa sobre Matriarcado e Oralidade nas Danças Afro-brasileiras. Também é pós-graduada em Dança e Consciência Corporal pela Estácio. É Mother da Pioneer Houseof Hands Up DF, primeira house da cultura ballroom do Brasil, e Imperatriz da Houseof Zion, housemainstream dos Estados Unidos. Integra ainda o bonde Imperadores da Dança (IDD), primeiro bonde de passinho do Rio de Janeiro, a Cia Gumboot Dance Brasil e o bloco afropercussivoZumbiido. Também é jornalista e pós-graduada em Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça pela Universidade de Brasília (UnB), e em Revisão de Texto pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub).
SERVIÇO:
Oficina Matriarcado e Oralidade nas Danças Afro-brasileiras
Quando: 1/4 (sábado), 7/4 (sexta) e 8/4 (sábado), sempre às 14h
Onde: Centro de Dança do DF, Setor de Autarquias Norte, Quadra 1 – Brasília-DF
Quem pode participar: Pessoas maiores de 10 anos
Recomenda-se usar roupas confortáveis e levar garrafinha de água
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