Da falta de espaço físico adequado à superlotação
“O principal resultado é encontrar, em um país como o nosso, 29 emergências psiquiátricas, foi o que a gente conseguiu como resposta, de fato, como dado científico”, diz Cintia. Outro resultado importante, para ela, foi a falta de um espaço físico adequado: 59% das unidades, por exemplo, declaram a falta de camas de hospital.
Sobre o número reduzido de unidades de emergência psiquiátricas no país, Castaldelli-Maia esclarece que, apesar de poder parecer positivo para alguns, pois evitaria internações excessivas, o que acontece é o contrário. “Esses serviços são muito desejáveis para evitar internações excessivas, eles foram idealizados justamente para isso”, aponta. A estrutura de permanência de até 72 horas fornece subsídios para avaliar se há a necessidade de internação, o que não acontecia antigamente. Isso afasta o serviço psiquiátrico atual dos manicômios, quando muitas pessoas eram internadas ao mesmo tempo e o tratamento não era adequado.
Outro dado mostra que 52% dos serviços apontaram a falta de funcionários, além de psiquiatras. “Qualquer serviço que envolve o cuidado ao portador de transtorno mental necessita de uma equipe multidisciplinar, visto que abrange não só a questão biológica. Então, não é só com o remédio administrado que eu consigo corrigir essa alteração de comportamento”, complementa a professora. E até mesmo a falta de medicamentos na rede de saúde foi identificada em 52% dos locais.
Um espaço inadequado para receber crianças e adolescentes, relatado por 83% das unidades, foi um dos resultados que se destacaram, na avaliação dos pesquisadores. “Quase a totalidade [dos serviços] atende crianças e adolescentes, mas a maioria também tem uma estrutura insuficiente para lidar com esse grupo. Precisaria de um espaço separado para que crianças e adolescentes ficassem, então, é um desafio para os serviços que a gente precisa levar em conta”, acrescenta o pesquisador.
A superlotação de salas de curta permanência foi um problema recorrente, atingindo 59% dos serviços que responderam o questionário. Essa lotação é uma consequência da falta de uma interligação efetiva entre essas unidades e o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), onde há tratamento intensivo de questões relacionadas ao sofrimento psíquico ou a transtornos mentais: em muitos casos não há mais leitos nesses hospitais, então, o paciente volta para a emergência. Assim, as 72 horas máximas que o paciente deveria passar nessas unidades tornam-se insuficientes, o que faz com que esse serviço fique cheio.
O desejo dos pesquisadores é que esses resultados gerem impacto nos serviços psiquiátricos brasileiros. “Nós saímos de ‘nada de informação’ sobre o assunto para ‘alguma informação’. Assim, enquanto psiquiatras associados a nossa entidade representativa da classe, bem como defensores dos portadores de transtornos mentais, devemos brigar de alguma maneira para que isso seja visto com outros olhos. Aliás, essa é a nossa briga cotidiana”, finaliza Cintia.
Reportagem do Jornal da USP. Texto: Bianca Camatta Arte: Adrielly Kilryann
Foto da capa: As emergências psiquiátricas são muito desejáveis para evitar internações excessivas. A estrutura de permanência de até 72 horas fornece subsídios para avaliar se há a necessidade de internação, o que não acontecia antigamente. Isso afasta o serviço psiquiátrico atual dos manicômios, quando muitas pessoas eram internadas ao mesmo tempo e o tratamento não era adequado. Foto: Reprodução/Freepik
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