Enquanto o presidente Bolsonaro trava uma luta permanente contra governadores, prefeitos, Congresso Nacional, Organização Mundial de Saúde, Papa Francisco e Centro de Estudos Estratégicos do Exército, que indicam o isolamento social como principal estratégia para impedir a rápida proliferação do coronavírus (Covid-19), a cada dia fica mais nítido o seu enfraquecimento e isolamento político.
O fato mais recente foi quando o presidente tornou pública a intenção de demitir o ministro Mandetta, da Saúde, por este se recusar a implantar a estratégia presidencial de máxima flexibilização do isolamento social, liberando as pessoas para voltarem às ruas, ao comércio, às escolas, aos equipamentos de diversão e lazer e ao trabalho.
Um simples telefonema do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ao chefe da Casa Civil, general Braga Netto, dizendo que o Congresso não aceitaria a demissão de Mandetta, combinado com a declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que não arquivaria os pedidos de impeachment de Bolsonaro, que estão em sua mesa, bastou para acabar com as pretensões do enfraquecido presidente, aprofundando o seu isolamento político.
É bom lembrar que a intenção política de Bolsonaro é, daqui a alguns meses, culpar os governadores e o Congresso pela queda natural dos indicadores econômicos, alegando que somente ele – e as igrejas evangélicas que o apoiam – foram ardorosos defensores da manutenção das atividades econômicas, para evitar a quebra da economia.
Bom lembrar também que mais de 150 países implantaram rígidas medidas de isolamento social, por entenderem que não há como falar em salvar a economia, sem priorizar o salvamento da saúde pública em geral e das vidas dos contaminados em particular.
Qual será o resultado final do isolamento do presidente, é o que muita gente pergunta: vai renunciar, sofrerá impeachment ou ficará sangrando até o final do seu governo?
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a imagem foi publicada originalmente pela revista britânica The Economist