A maior mobilização indígena do Brasil, o Acampamento Terra Livre (ATL), deu início nesta segunda-feira (24) à 19ª edição. Desde ontem, delegações de povos tradicionais de todo o país desembarcam em Brasília para participar o evento que terá como tema “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!”. A expectativa é reunir mais de 6 mil pessoas, falantes de 274 línguas, no acampamento, que será montado na Praça da Cidadania, na capital federal.
A mensagem deste ano reforça a importância da demarcação de terras indígenas no país, que ficou paralisada durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL). O ATL 2023 também pede o fim das violências e apresenta o tema da “Emergência Climática” para enfrentar o racismo ambiental e as violações de direitos que vêm sendo causadas pelas mudanças no clima.
“Neste ano, trazemos como principal pauta a retomada do processo de demarcação das terras indígenas. Sem esquecer de todo o cenário de violência que nós vivenciamos nos últimos anos. Então vamos trazer o debate acerca do desmonte que houve na política indigenista, das violências, mas também com um olhar para o futuro. Queremos não só falar do passado, mas também propor o futuro, e o futuro está justamente nas demarcações das terras indígenas”, destacou o coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), Dinamam Tuxá, em entrevista ao Brasil de Fato.
Marcha e outras atividades
A Apib é responsável pelo ATL, construído em conjunto com outras sete organizações regionais de base. A programação conta com mais de 30 atividades divididas em cinco eixos temáticos. São eles: Diga o povo que avance, Aldear a Política, Demarcação Já, Emergência Indígena e Avançaremos. Os eixos contam com plenárias sobre mulheres indígenas, parentes LGBT+, gestão territorial e ambiental de terras indígenas, acesso a políticas públicas e povos indígenas em isolamento voluntário.
De acordo com a organização, o movimento indígena também irá promover três marchas pelas ruas de Brasília. A primeira delas, já nesta segunda, a partir das 14h, em frente ao Congresso Nacional, onde os manifestantes reivindicarão a derrubada dos projetos de leis anti-indígenas. Entre eles, o PL 191/2020, de autoria do ex-presidente Bolsonaro, que permite a mineração em terras ancestrais dos povos indígenas. Assim como o chamado “PL da Grilagem”, que regulariza a ocupação ilegal de terras públicas no país.
Deixe um comentário