O recente artigo publicado[1] pelo presidente e pelo vice-presidente da República sobre um projeto de neoindustrialização para o País atesta a relevância, para o atual governo, sobre a necessidade de reindustrializar o Brasil. Assim, se, por um lado, o acentuado recuo da indústria de transformação na matriz produtiva nacional nas últimas décadas tem levantado o debate sobre as consequências negativas do processo de desindustrialização no dinamismo da economia, por outro lado, a transição para uma economia verde e sustentável, uma prioridade global, coloca qualquer projeto de reindustrialização da economia brasileira comprometido de forma efetiva a sustentabilidade ambiental.
Desta forma, a reindustrialização sustentável da economia brasileira nos anos 2020 deve enfrentar os desafios da transição climática, conforme acordos internacionais sobre clima e biodiversidade, ao mesmo tempo em que deve recuperar o espaço de política econômica para implementar o projeto de modernização do parque industrial e aumentar a produtividade da economia. Ou seja, debater a reindustrialização implica investigar qual indústria queremos e os meios para atingi-la.
A desindustrialização brasileira levou à especialização na produção de commodities intensivas em recursos naturais. Resultados dessa especialização são nossa baixa produtividade agregada e nossa elevada dependência dos movimentos internacionais de preço das commodities. Por isso, países subdesenvolvidos como o Brasil são mais vulneráveis às crises climáticas, e essa vulnerabilidade aumenta os riscos físicos de perdas econômicas e dificulta a retomada do crescimento econômico.
A literatura sobre modelos de crescimento de tradição estruturalista evidencia a importância da indústria de transformação para o desenvolvimento econômico, pois é este setor que apresenta maiores ganhos de escala estáticos e dinâmicos e mais rapidamente incorpora e dissemina o progresso técnico. Essas características permitem que os ganhos de produtividade na indústria de transformação se espalhem por toda a economia, aumentando a produtividade agregada e impulsionando o crescimento econômico. Desta forma, o crescimento econômico impulsionado pela mudança na estrutura produtiva em direção à incorporação de processos produtivos mais complexos alimenta uma trajetória de crescimento virtuosa, na qual a expansão da produtividade agregada sustenta a expansão de ganhos de salário real, contribuindo para a redução das desigualdades de renda.
Assim, para que a economia brasileira recupere seu dinamismo com base em maior produtividade, competitividade e com crescimento do salário real no atual contexto global de crise climática, a reindustrialização deve ter um foco especial na transição verde.
Para reindustrializar, o País deve fazer uso de políticas industriais adequadas. Em grandes linhas, cabe ao governo promover estratégias que estimulem investimentos em infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, além de oferecer apoio às empresas locais e incentivos fiscais para a inovação. É necessário também fortalecer a colaboração entre instituições financeiras, especialmente os bancos públicos, e o setor produtivo, para fomentar o crescimento industrial e a competitividade econômica.
No entanto, do ponto de vista da política econômica, existem desafios a serem enfrentados, e para isso sugere-se flexibilizar o arcaico tripé macroeconômico e incorporar novos instrumentos de intervenção de política econômica. O modelo de política macroeconômica atual, focado principalmente na estabilidade de preços, longe está de ser adequado para promover investimentos públicos e privados em setores sustentáveis e tecnologicamente avançados, e que apresentam elevado grau de incerteza quanto a retornos futuros. O foco excessivo na estabilidade monetária limita os recursos públicos disponíveis para financiar programas de incentivo à inovação e transformação de processos produtivos poluidores em processos produtivos sustentáveis ambientalmente. Assim, a mudança no modelo macroeconômico comprometido com a reindustrialização sustentável implica uma profunda revisão das prioridades em termos de objetivos a serem alcançados na política macroeconômica de curto prazo e de como conciliar com objetivos de desenvolvimento econômico de longo prazo.
Considerando a crescente importância do setor intensivo em recursos naturais e a necessidade de combater a desigualdade estrutural, propomos que o processo de reindustrialização seja fundamentado nos seguintes pilares:
Como parte desses esforços, também se propõe a ampliação da produção de energia limpa, visando reduzir a dependência de fontes não renováveis e mitigar os impactos ambientais associados à geração de energia.
Em resumo, a reindustrialização sustentável é essencial para impulsionar o desenvolvimento econômico, reduzir a desigualdade social e enfrentar os desafios ambientais. A indústria de transformação desempenha papel crucial nesse processo, gerando encadeamentos produtivos significativos e promovendo a disseminação do progresso técnico. Para garantir uma transição verde bem-sucedida, é necessário adotar políticas industriais adequadas, investir em tecnologias verdes e estabelecer um modelo macroeconômico que promova a sustentabilidade. Além disso, o financiamento adequado, especialmente por meio dos bancos de desenvolvimento, é essencial para viabilizar a reindustrialização sustentável. Ao adotar uma abordagem integrada que combina a modernização da indústria, a sustentabilidade ambiental e o financiamento adequado, é possível recuperar o dinamismo econômico e construir uma economia mais justa, sustentável e competitiva. O projeto de neoindustrialização da economia brasileira significa ir muito além de recuperar o atual parque industrial. Deve significar um novo modelo de crescimento e desenvolvimento econômico.
[1] Neoindustrialização para o país que queremos, Estado de São Paulo em 25/05/2023 – disponível em: Neoindustrialização para o Brasil que queremos – Estadão (estadao.com.br)
Fonte: Carta Capital
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