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Artigo | Pessoas idosas são de direita?

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Há afirmações difundidas nas mídias de que pessoas idosas são conservadoras, apoiadoras de governos de direita como o de Jair Bolsonaro e de Donald Trump, com justificativas de que seriam acomodadas, temerosas de mudanças, apegadas a pautas de costumes tradicionais, fragilizadas em suas relações, com busca de uma referência autoritária para a vida, facilmente iludidas por grupos de influência, enfim com um perfil de “maria vai com as outras”. Associam a idade avançada com o apoio à extrema-direita, como se essa radicalização fosse nostalgia do passado, medo do comunismo, de ameaça aos valores tradicionais. São visões distorcidas e preconceituosas do envelhecimento. Pessoas idosas vivem na dinâmica social mais ampla com seus conflitos, não formam um gueto de opiniões. Trazem experiências diversificadas de vida e de luta por sobrevivência em condições desiguais que se traduzem numa heterogeneidade e numa especificidade do envelhecer. Pesquisas do Data Folha de 27 de outubro mostraram que a intenção de voto em Lula entre os maiores de 60 anos era de 51%, o que refletia a média nacional.  Há jovens e velhos bolsonaristas e de extrema-direita e há jovens e velhos lulistas e de esquerda. Classificar as pessoas idosas como um bloco homogêneo de extrema-direita é um preconceito idadista, homogeneizador de um segmento que constrói suas opiniões políticas.

 

 

Entre os 1.382 golpistas antidemocráticos de 08 de janeiro presos em Brasília, segundo Metrópoles de 17/01/2023, a pessoa mais idosa presa tinha 73 anos e o mais jovem 19 anos. São 894 homens (65 %) e 488 mulheres (35%). A distribuição por faixa etária mostra que apenas 0,5% tinha mais de 70 anos e 2% estavam na faixa entre 60 a 69 anos, grupo nascido antes do golpe militar de 1964.  Vale ressaltar que 32% dos presos tinham entre 50 a 59 anos, nascidos entre 1964 e 1973.  A maior porcentagem relativa dos presos, de 33%, de 40 a 49 anos nasceu no período da ditadura militar, entre 1974 e 1973. Pontua-se que 20%, de 30 a 39 anos, nasceram no período da luta pela diretas e pós-ditadura (1984-1993). Entre 20 e 29 anos, nascidos no período democrático pós 1994, havia 9% e na faixa de 18 e 19 anos havia 0,8%. A faixa etária predominante (65%) dos golpistas presos estava entre 40 e 59 anos, nascidos e educados no período da ditadura militar que difundia sua ideologia anticomunista, patrioteira, transformando os opositores em inimigos do Brasil. O PT – Partido dos Trabalhadores só foi fundado em 1980, tendo apenas 43 anos em 2023.

 

 

É fundamental considerar que as coortes ou grupos etários de um período estão imbuídos da cultura de seu tempo. A extrema-direita bolsonarista revigorou os valores autoritários, homofóbicos, conservadores, anticomunistas da ditadura de 1964 usando de mentiras, de religião mistificada, de grupos de redes sociais propagadores do ódio, demonizando Lula como inimigo, e ao mesmo tempo, escondendo seus interesses capitalistas, de subserviência, de venda do patrimônio público e de destruição do país, com fake news reforçadas em grupo de forma maciça.

 

 

A educação democrática de grande parte da população e as instituições implantadas pela Constituição de 1988 asseguraram a democracia, mas é necessário o aprofundamento da educação e da crença na democracia como forma de convivência, de solução de conflitos e de exercício do poder. Todas as idades precisam estar imbuídas desses valores democráticos na prática cotidiana na família, no trabalho, na política, no comércio. Resolver conflitos com revólver é prática autoritária que se opõe ao diálogo e à lei. A democracia não é apenas o exercício do direito de voto, dos direitos civis, sociais e ambientais, mas também o exercício do respeito na convivência com as divergências de opinião, de religião, de opções de gênero, de times de futebol, de posições políticas, conforme estabelece a Constituição de 1988.  A cidadania e democracia são valores que precisam perpassar todas as gerações, propiciando inclusive, a convivência intergeracional.

 

 

(*) Vicente Faleiros – doutor em sociologia, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), do Fórum Distrital dos Direitos da Pessoa Idosa.




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