Na economia, o rabo está rodando o cachorro.

 

O rabo é a dívida, o cachorro, o Brasil.

 

O rabo governa o cachorro.

 

Quem está certo é o economista Paulo Nogueira Batista Junior, em entrevista na TV 247 ao repórter Leo Attuch, ao afirmar que é o buraco financeiro no qual está enfiado o País que não o deixa crescer sustentavelmente.

 

Paulo Nogueira Batista, o Yanis Varoufakis brasileiro, prega abertura ampla do debate na economia em torno do real déficit público nacional, como pressuposto básico para o governo Lula formular plano realista de governo.

 

Os neoliberais olham apenas para o chamado déficit primário, para esconder a realidade do déficit total.

 

O primário cuida da vida do povo.

 

São as receitas e despesas não financeiras que precisam ser mantidas para a economia continuar sobrevivendo com aumento da produtividade nacional e da educação da população.

 

O déficit primário – receitas menos despesas, excluindo pagamento de juros e amortizações da dívida pública –, votado na chamada LDO, em discussão no Congresso, é o oxigênio da economia.

 

É nele que os neoliberais querem realizar cortes conforme ajuste fiscal que julgam conveniente para seus interesses.

 

Mas, sobre a despesa maior que o país tem – orçamento financeiro – a conta de juros e amortizações, cerca de R$ 700 bilhões/ano, os neoliberais rentistas especuladores se calam, fingem de mortos.

 

Enquanto o déficit do povo – déficit primário – significa menos de 1% do PIB, o déficit nominal – financeiro – alcança 4% do PIB.

 

O ajuste neoliberal que o congresso aprovou sob pressão da banca significa empurrar pé 65 em sapato 32.

 

É o déficit nominal que junta primário e financeiro a totalidade da economia.

 

É ele, déficit total, segundo Paulo Nogueira, que tem de ser levado em conta, para permitir ao governo traçar plano estratégico desenvolvimentista que atenda a demanda total da sociedade em termos financeiros e econômicos.

 

 

DÉFICIT PRIMÁRIO FANTASIA DA REALIDADE

 

 

Há uma fantasia vendida pela mídia corporativa bancocrática neoliberal que finge desconhecer que a economia real não dá conta de pagar a conta financeira por intermédio de taxa de juro Selic de 12,25%.

 

É a maior do mundo, escandaliza geral.

 

Os bancos preferem recolher suas sobras financeiras diárias ao caixa do tesouro para serem remuneradas pela Selic do que emprestar esse dinheiro na praça onde não renderá o mesmo tanto.

 

Assim falta dinheiro na circulação graças a uma escassez artificial que sustenta juro elevado.

 

É a bomba atômica que o governo joga todo mês no magérrimo orçamento das famílias brasileiras, com rendimento familiar médio de 2%, 2,5% salários-mínimos.

 

O quadro geral nos lares brasileiros é de bancarrota desde a Covid 19.

 

Não fosse o presidente Lula entrar socorrendo com o DESENROLA, estaria a população passando fome, como em Gaza sob ação do genocida Netanyahu.

 

Se a prioridade do orçamento continuar sendo a de reduzir déficit primário para garantir crescente déficit financeiro, obtendo no final um déficit nominal total brutalmente descompensado, adeus crescimento sustentado com o qual sonha o presidente Lula.

 

As consequências impostas pelo déficit nominal sobre o déficit primário que paga a conta do déficit financeiro, na proporção de 1% para 4%, estão sendo desastrosas.

 

Impõem, politicamente, impopularidade presidencial crescente.

 

Paulo Nogueira chama atenção para a necessidade de o presidente da República lançar olhar mais largo aos problemas econômicos em conformidade com a realidade e não com os interesses da banca, que bombeia o déficit nominal por meio da política de austeridade monetária conduzida pelo Banco Central Independente.

 

Os verdadeiros condutores da política macroeconômica, portanto, estão na Faria Lima, formulando seus ganhos financeiros conforme o valor da sua própria sobre acumulação, compatível, apenas, com juros elevados, permanentemente.

 

É a armadilha da dívida do déficit nominal.

 

É realidade que os comentaristas econômicos jogam convenientemente para debaixo do tapete.

 

 

ECONOMISTA MALDITO

 

 

Por essa e outras que Paulo Nogueira está se tornando, para os neoliberais, em economista maldito.

 

Vai na contramão da corrente neoliberal.

 

Se não for levado em conta o déficit total, que compreende o primário e o financeiro, Lula não conseguirá levantar-se sustentavelmente, sob ataque permanente da Faria Lima.