Ante a Cuba virtual, a Cuba real. Declaração da Casa de las Américas
por Casa de las Américas/Trad.: Joaquim L. Neto em
Outra vez o destino nos oferece a alternativa de nos render ante adversidades e ameaças ou nos impor a elas com imaginação e audácia.
Recebemos nos últimos dias muitas mensagens de amigas e amigos da CASA e da Revolução Cubana que, antes as persistentes e sombrias notícias que proliferam em meios [de comunicação] e redes, perguntam com inquietação [sobre o] que está passando em nosso país. Estão se enfrentando realmente “o povo” e “o governo?” É Cuba um “Estado falido”, incapaz de solucionar uma crise?
O mesmo Estado que chamam de “falido” convocou corajosamente, há apenas uma semana, ao referendo sobre o muito avançado Código das Famílias. A maioria inequívoca do povo cubano o apoiou e algumas horas depois se converteu em Lei. Antes, este projeto inclusivo, gestado desde a participação popular, teve que atravessar uma feroz campanha de satanização desde supostos preceitos morais e religiosos. Tampouco faltaram manipulações abertamente políticas. Nada disto impediu o triunfo do SIM, refletido de modo pálido e reducionista na imprensa hegemônica.
Coincidindo com a entrada do Código em vigor, um furacão arrasador assolou a região ocidental de Cuba e seu rastro deixou dezenas de mortos nos Estados Unidos. É doloroso e difícil, para qualquer país que sofra tal contingência, voltar a se levantar, atenuar o sofrimento dos danificados, tentar se recuperar dos danos e avançar. Para Cuba –estrangulada economicamente e caluniada durante décadas- o desafio se multiplica. Só a incontestável decisão de destinar os escassos recursos do país para que ninguém fique desamparado e a convicção de que, unicamente com a participação e o respaldo do povo é possível seguir adiante, podem explicar que de novo consigamos nos sobrepor, sem deixar de pensar em ir muito mais além.
Enquanto pessoas e organizações de todo o mundo expressaram sua solidariedade e ofereceram apoio concreto a Cuba, enquanto governos irmãos brindaram assistência e amigos como os de The People’s Forum reclamaram desde as páginas do New York Times ao presidente Biden que dê mostras do mais elementar espírito humanitário e não obstaculize o propósito da Ilha de se levantar com seus próprios esforços, outras vozes se aproveitaram da tragédia para instalar a matriz de opinião de que nossos males e as dificuldades para enfrentá-los são consequência da incapacidade do governo de Cuba. Querem capitalizar o lógico mal-estar de cidadãos privados de serviços básicos com a esperança de que a natureza consiga, por fim, o que não puderam tantas tentativas desesperadas de destruir a Revolução. Agora politizam manifestações e reivindicações espontâneas, movem através das redes histéricos e agressivos discursos de ódio, incitam à violência pública, se opõem à mais mínima flexibilização do bloqueio e seguem ao pé da letra o roteiro do “golpe suave”.
Se cumprem dentro de poucos dias sessenta anos da Crise de Outubro, talvez o momento de maior risco vivido pelo processo revolucionário, aquelas jornadas em que –no dizer do Che em sua carta de despedida- Fidel brilhou como poucos estadistas na história. Outra vez o destino nos oferece a alternativa de nos render ante adversidades e ameaças ou nos impor a elas com imaginação e audácia. Nenhum “Estado falido” poderia sonhar com a segunda opção; nenhum povo digno o apoiaria.
Hoje a Cuba tantas vezes difamada vai se recuperando dos estragos causados pelo furacão. Em lugar da repressão que se atribui ao fabricado “país virtual”, no “real” as autoridades percorrem permanentemente as zonas afetadas e dialogam de maneira direta com os cidadãos. Como em todas as conjunturas difíceis, a solidariedade, princípio básico de nossa convivência, passa a primeiro plano. Saibam nossos amigos e nossas amigas que a esmagadora maioria do povo se reconhece em seus dirigentes, participa na recuperação do país e defende o princípio que está no limiar da nova Constituição aprovada em abril de 2019: “Cuba é um Estado socialista de direito e justiça social, democrático, independente e soberano”.
La Habana, 2 de outubro de 2022. Tradução > Joaquim Lisboa Neto
A Árvore da Vida, Casa de las Américas; ladeado por Lucy, secretaria de Relações Internacionais da CASA, e Drida, nossa cicerone na Ilha. Foto: Arquivo pessoal
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Publicado, originalmente, na TeleSUR
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