Por que o povo não foi votar? Teria sido reflexo do medo de contágio pelo coronavírus?
Parece estar mais para uma desculpa diante da descrença com a política.
Em 2018 o absenteísmo já fora elevado.
Pelas escolhas parlamentares pode se verificar que a cabeça do povo é cada qual com a sua, cada qual com sua sentença, sua verdade.
O povo distribuiu votos por todas as siglas nos grandes centros e no interior teve que se contentar com os poucos partidos tradicionais de sempre.
Olhando o caso específico de Porto Alegre, a Câmara é o claro desenho das apostas em renovação multifacetada e reafirmação de uma recorrente cultura conservadora.
Para a escolha do prefeito contou o medo, o conservadorismo e o preconceito.
Contaram as mentiras contra o “comunismo” de Manuela, e o machismo gaudério estava patente em todos os lados e uma vaga aposta numa experiência do eleito.
A esquerda que reinou na cidade com o PT, mostra crescimento do radicalismo do PSOL e um patinar sem fim do PT.
A nominata de vereadores(as) do PT era de uma fragilidade assustadora, bem como uma dificuldade de nomes de mais peso social se predisporem a concorrer como é o caso de Eduardo Suplicy em São Paulo.
Houve uma grande aposta no identitarismo, sem espaço para voto de opinião nem mais à direita nem à esquerda.
Nem houve espaço para o voto de quem carregou a bandeira do PT vida afora.
No caso do PT, é imperioso um processo de debates sobre sua frágil organização de base, pouca relação social e sua dificuldade em debater a cidade.
A mesmice tomou conta do PT. A “força” das tendências e mandatos parlamentares está sufocando a vida ousada de seu glorioso passado de lutas.
Um novo momento interno deve surgir por fora do seu atual modo operativo e contra seu definhamento elaborativo em termos de ideias para uma sociedade que vira as costas para a política.