Washington está conduzindo uma “cruzada” contra todos os países que defendem sua independência e interesses, e a agressão contra Moscou é apenas parte dela, afirmou o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, nesta quinta-feira (26).
O ministro das Relações Exteriores da Rússia está participando da reunião plenária da conferência internacional de alto nível Segurança Eurasiática: realidade e perspectivas em um mundo em transformação, em Minsk, capital de Belarus.
“É óbvio que a agressão do Ocidente contra a Rússia é só parte da cruzada dos EUA e os aliados deles contra qualquer um dos participantes da comunidade internacional que demonstra independência e defende os interesses internacionais”, disse ele.
Além disso, o chefe do MRE russo observou que o desequilíbrio geopolítico de poder continua a mudar contra o Ocidente, uma tendência que começa a ser reconhecida pelas elites ocidentais.
Em particular, tais tendências, segundo o ministro russo, foram apontadas pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e pelo presidente francês Emmanuel Macron.
“Essas principais tendências têm impacto nos processos internacionais que se desenrolam em nosso continente comum, a Eurásia”, acrescentou Lavrov.
Ele sublinhou que hoje as relações internacionais estão experimentando “mudanças tectônicas verdadeiramente epocais”.
“Estamos testemunhando o nascimento de uma ordem mundial [sistema] multipolar mais justa, baseada na diversidade cultural e civilizacional do mundo moderno, no direito natural dos povos de determinar seus próprios caminhos e modelos de desenvolvimento, através da realização do princípio mais importante das Nações Unidas – a consagração de sua Carta – a igualdade soberana dos Estados.”
Segundo Lavrov, já está se tornando “uma marca do tempo” o desejo de mais e mais países do Sul Global e Oriente de fortalecer sua soberania em todos os campos, para implementar um curso pragmático e nacionalmente orientado nos assuntos mundiais, sendo “evidente no recente processo de expansão do BRICS”.
O chefe do MRE russo acrescentou que há o desejo de Washington e seus aliados de criar que já é declarado abertamente pelo Ocidente como “zona de responsabilidade da OTAN”.
Ele destacou também que nos últimos tempos os EUA têm estado particularmente ansiosos para estender sua influência destrutiva para a Ásia Central e no sul do Cáucaso, continuando a abalar a situação no Oriente Médio.
Assim, segundo ele, a Rússia é forçada a realizar “medidas de compensação” em resposta à implantação de armas nucleares dos EUA na Europa.
O ministro salientou que, como resultado da política ocidental, o sistema de construção de confiança e medidas de controle de armas na Europa foi destruído, o que inclui a retirada dos EUA de uma série de tratados de segurança.
A Rússia está pronta para cooperar com Ocidente sobre segurança eurasiática, mas agora as perspectivas de comunicação com a maioria dos países não são visíveis, e eles têm que fazer um “trabalho titânico” para construir o sistema de segurança, enfatizou o chanceler russo.
Falando sobre recente escalada do conflito palestino-israelense, Sergei Lavrov apontou que a tentativa do lado americano de monopolizar o processo de assentamento no Oriente Médio levou a uma situação catastrófica.
“Condenando os atos terroristas e quaisquer outras ações que violem o direito humanitário internacional e causem danos à população civil, a Rússia apela à cessação imediata das hostilidades e ao início das negociações sobre a criação de um Estado palestino independente, prometido solenemente aos palestinos há quase 75 anos”, concluiu.
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