Temos muito a comemorar: o fim do cercadinho em Brasília, o fim do tratamento violento dado aos jornalistas, o fim da abordagem indecorosa às mulheres jornalistas e o fim dos discursos carregados de mentiras. Também podemos comemorar o fim da vergonha que os jornalistas brasileiros sentiram nas coberturas internacionais, cujo ápice talvez tenha sido a participação de nosso então casal presidencial na cerimônia fúnebre que antecedeu o sepultamento da rainha Elizabeth.

Mas também temos muito a lamentar, como as violações ao trabalho dos profissionais de comunicação em diversos pontos do país, da Amazônia ao Centro-Oeste, do Nordeste ao Sul do país, passando pelos estados do Sudeste. E principalmente por esse legado cuja extensão real dos danos ainda não conseguimos avaliar, que é a cultura das fakenews.

Essa praga se alastrou de tal forma que, além de exercer sua função com dignidade, noticiar os fatos e lutar para preservar seu emprego, o profissional de imprensa precisa combater o mar de fakenews que tem invadido sua praia. E ainda tem a batalha para restabelecer a exigência de diploma para o exercício profissional do jornalismo.

Desde sua fundação, há 115 anos, a ABI defende o estado democrático de direito, porque sem liberdade de imprensa não existe democracia.

Rio de Janeiro, 7 de junho de 2023

COMISSÃO DE DEFESA DA LIBERDADE DE IMPRENSA E DOS DIREITOS HUMANOS DA ABI